domingo, 30 de outubro de 2011

Lula e o câncer


O diagnóstico do câncer de Lula resultou numa produção enorme de textos e opiniões sobre o assunto...

Alguns insistem que Lula deveria se tratar num hospital público, outros se regozijam do infortúnio do ex-presidente e muitos estão aproveitando para alçá-lo a condição de santo.

Acredito que Reinaldo Azevedo no segundo parágrafo do texto a seguir sintetizou bem a questão.

Bobagens como nunca antes na história do jornalismo

Lula se transformou num mito vivo, não é? Toda mitologia se sustenta, por óbvio, na irracionalidade. No caso do petista, muitas forças concorreram pra isso: setores da imprensa, esquerdistas da academia, marxistas da Igreja, sindicalismo e, junto com eles todos, os oportunistas. Notem: até os intelectuais, que costumam dissecar e descrever os mitos, entraram na festa. Resultado: muitos para adorar; poucos para pensar.

Quando um evento traumático, como é o câncer, colhe uma personalidade assim, a possibilidade de se falar e escrever porcaria é gigantesca. Leio jornais todos os dias desde que comecei a trabalhar para ganhar a vida, aos 15 anos. E eu posso lhes assegurar: Raramente se produziram tantas asnices como nestes dois dias. E não adianta tentar jogar a conta nas costas largas da Internet, não. Alguns supostos medalhões do jornalismo impresso expõem de maneira insofismável o declínio intelectual da profissão.

Voltarei ao assunto naquele textão da madrugada. Mas é, com efeito, chocante. Alguns idiotas, tentando demonstrar que não se deixam tocar pela emoção, só reforçam a dimensão mitológica de Lula; outros, tentando lhe puxar o saco, não se dão conta da crueldade.

É um tempo de perda de parâmetros. O articulista, com receio das muitas patrulhas, mais se ocupa em administrar a própria opinião do que em dizer o que pensa.

Por Reinaldo Azevedo

Lula é uma figura pública e sua batalha será objeto de muitas reportagens, boataria, opiniões... Acredito que a melhor cobertura jornalística do assunto seria aquela restrita ao repasse das informações produzidas pelos médicos que vão tratar do ex-presidente.

Para não escrever besteira: respeito a dor alheia e silêncio.

Boa sorte Lula!

Decreto suspende convênios com ONGs


A presidenta Dilma Rousseff determinou a suspensão de contratos com organizações não governamentais e entidades privadas sem fins lucrativos até que seja avaliada a regularidade da execução do que foi contratado até agora.

Na semana passada, o ministro do Esporte, Orlando Silva, deixou o cargo após uma série de denúncias de irregularidades com ONGs contratadas pelo pasta. Segundo o Blog do Planalto, o decreto presidencial deve ser publicado na edição de amanhã (31) do Diário Oficial da União.

Fonte: Agência Brasil

Comentário de Reinaldo Azevedo de Veja:

Dilma suspende por 30 dias repasses a ONGs. É o mínimo a fazer. E é muito pouco

A presidente Dilma Rousseff assinou um decreto que suspende por 30 dias os pagamentos a ONGs por serviços prestados por meio de convênios com órgãos federais. No período, será feita uma avaliação da execução dos convênios firmados até o dia 16 de setembro.

Entre as irregularidades relacionadas pelo decreto, que terão de ser procuradas, informa o G1, estão “a omissão no dever de prestar contas; descumprimento injustificado do objeto de convênios, contratos de repasse ou termos de parceria; desvio de finalidade na aplicação dos recursos transferidos; dano ao erário público; prática de outros atos ilícitos na execução de convênios, contratos de repasse ou termos de parceria”.

Caso se constate alguma irregularidade, a entidade será informada, e a suspensão pode durar mais 60 dias aguardando a correção do problema. E se não acontecer? Informa o G1: “O ministro deverá instaurar tomada de contas especial (procedimento para apurar responsabilidades e cobrar o ressarcimento do prejuízo aos cofres públicos); registrar a irregularidade no Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse e informar à Controladoria-Geral da União (CGU) os dados das ONGs e dos convênios irregulares.” A ONG ficará impedida de celebrar novos convênios.

Comento:

A “farra” com o dinheiro público protagonizada por ONG’s e entidades filantrópicas de araque (pilantrópicas) tinha que ser barrada, mas...

É preciso que o governo endureça a fiscalização e recupere os recursos desviados. Uma ação firme do governo contra os malfeitores serve de incentivo para várias entidades sérias que prestam inestimáveis serviços, principalmente, aos excluídos...

Aqui no RN, tivemos recentemente uma decisão da Justiça Federal contra os dirigentes da entidade Aproniano Sá por envolvimento no desvio de verbas federais, entretanto...

Pelo que consegui apurar, todos recorrem em liberdade e nenhum centavo foi recuperado...

Investimentos (Públicos e Privados) Programados no RN Atingem R$ 4,5 Bilhões


Chegou às bancas de revista essa semana o "Anuário Exame 2011-2012 de Infraestrutura". A publicação lista mais de 1000 obras de infraestruturas no país, algumas que já estão em andamento e outras apenas planejadas.

A publicação detectou 43 obras no RN totalizando um volume de investimentos de R$ 4,5 bilhões. No Nordeste o RN assume a 4ª colocação no montante de recursos investidos, ficando abaixo de PE, MA, CE e BA.

Um detalhamento das obras programadas para o RN revela que o principal setor do estado a receber investimentos será a geração e transmissão de energia elétrica, sendo R$ 1,9 bilhão na geração eólica e R$ 170 milhões na transmissão. Acredito até que esse montante esteja subdimensionado, pois o Anuário parece não ter listado todos os projetos existentes.

O segundo segmento que mais recebe recursos, da ordem de R$ 700 milhões, é a construção do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante.

Logo a seguir vem os investimentos em açudes, barragens e irrigação, com investimentos programados de R$ 486 milhões. Os dois principais investimentos nesse segmento é a construção da barragem de Oiticica, localizada no município de Jucurutu e que objetiva conter as cheias do rio Piranhas/Açu. O segundo investimento é o projeto de implantação do Perímetro Irrigado da Chapada do Apodi, com águas da Barragem Santa Cruz.

No segmento de águas e esgotos estão programados investimentos de R$ 436 milhões, sendo que os principais investimentos estão programados para as cidades de Natal e Mossoró.

Além da sobras citadas acima estão programados investimentos na construção do estádio Arena das Dunas, em adutoras, na rede de trens urbanos de Natal e no porto de Areia Branca.
 
Aldemir Freire, com informações da Revista Exame

A maior parte dos investimentos é direcionada ao setor de geração de energia, mais especificamente, ao setor de energia eólica.

É bom lembrar que os investimentos nos parques eólicos trazem benefícios na fase de construção, depois de implantados, a manutenção requer poucas pessoas e o ICMS sobre energia é recolhido no estado consumidor e não no produtor.
Parque eólico montado no município de Rio do Fogo é um dos dois atualmente em operação no estadoParque eólico montado no município de Rio do Fogo - Foto: Tribuna do Norte
Para o RN sobrará a poluição visual...

O panorama da exportação brasileira de mel


Os números relativos à exportação de mel do Brasil nos dão um referencial sobre a inserção brasileira no mercado internacional como produtor. O primeiro quadrimestre de 2011 representou um aumento de 1.165.854 kg de mel em relação ao volume exportado no mesmo período de 2010 – o que representa um aumento de 17,12%.
Os estados que mais mobilizaram mel para a exportação acumulada nesses primeiros quatro meses do ano de 2011 foram: São Paulo (2.237.425 kg), Rio Grande do Sul (2.133.117 kg), Piauí (968.497 kg), Ceará (926.243 kg) e Paraná (604.115 kg). O preço médio do quilograma de mel em 2011 ficou em US$ 3,26 contra US$ 2,86 no mesmo período de 2010.

O total de receitas, em 2011, foi de US$ 25.974.964 e o estado que mais contribuiu foi São Paulo, com US$ 7.303.430. O principal destino do mel brasileiro continua sendo os Estados Unidos, que, no mês de abril de 2011, comprou 1.953.408 kg. Esse volume representa 76% das exportações totais do período. 572.173 kg de mel foram destinados à Europa; a Alemanha (368.527 kg) e o Reino Unido (142.446 kg) foram os maiores compradores. Os Estados Unidos, nos últimos três anos, é o principal destino das nossas exportações de mel.

Para ler mais informações sobre o panorama da exportação brasileira de mel, leia o relatório na íntegra.

Fonte: Sistema de Inteligência Setorial - www.sebrae-sc.com.br/sis

O município que mais produz mel no RN é Apodi e é crescente a preocupação dos pequenos produtores com o projeto de implantação do Perímetro Irrigado de santa cruz.
O DNOCS, órgão responsável pelo projeto, não apresentou os detalhes do projeto e os apicultores temem que ocorram impactos negativos com o possível estabelecimento de grandes empresas do agronegócio.

MANOEL FLORÊNCIO E A GUILHOTINA


Meu amigo Manoel Florêncio continua caminhando tranquilamente pelas ruas do centro pau-ferrense, com o mesmo ar de serenidade, parece-me que não tem dispensado muita atenção ao “fato” de que poderá perder o mandato de vereador, conforme entendimento de alguns analistas da cena política.
 


Desde que conheci Manoel em 2005, como vereador eleito pela oposição, fiquei com uma boa impressão do cidadão...

No início da convivência a relação era protocolar. O vereador, quase sempre em companhia de outra figuraça (Antônio Avelino), procurava-me para resolver problemas de saúde de seus eleitores e, naturalmente, com o passar do tempo, motivado pela simpatia de Manoel, avançamos para o estabelecimento de uma amizade.

O julgamento das atitudes tomadas por Manoel (o político) vai ocorrer na eleição vindoura, mas não creio que seja justo, embora respeite a opinião alheia, qualificá-lo como traidor ou imputar-lhe adjetivos ainda mais desabonadores.

O Manoel do DEM é o mesmo do PMDB. É uma pessoa do BEM. Nunca é demais lembrar que a política é muito “dinâmica” e os adversários ferrenhos de hoje serão os melhores aliados de amanhã.

É a vida...

Agricultura familiar é responsável por mais de 50% da produção de alimentos no Brasil


Com altas taxas de produtividade, a agricultura familiar responde por mais da metade do volume de alimentos colocados na mesa do brasileiro. No entanto, dificuldades de acesso a crédito e concentração fundiária impedem pleno desenvolvimento do setor.

PRODUÇÃO E DESEMPENHO Uma radiografia da agricultura familiar elaborada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) em 2009, a partir do Censo Agropecuário de 2006 e de levantamentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), exibe dados interessantes sobre o setor.


Comparado ao chamado agronegócio, ela domina as estatísticas em número de estabelecimentos rurais e em geração de empregos. Do total de cerca de 5 milhões de estabelecimentos existentes no País, 4,3 milhões são de agricultura familiar (84%) e 807 mil (16%) são de agricultura não familiar ou patronal. Os pequenos ocupam 12,3 milhões de pessoas (74%), e os grandes, 4,2 milhões (26%).

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Brasil tem perdas de 5,1 milhões de toneladas de frutas por ano


A revelação foi feita na abertura do III Simpósio Brasileiro de Pós-colheita de Frutas, Hortaliças e Flores por Moacyr Saraiva, do IBRAF, Instituto Brasileiro da Fruta, na abertura do III Simpósio Brasileiro de Pós-colheita de Frutas, Hortaliças e Flores, que está sendo realizado em Nova Friburgo, RJ.
Ao falar sobre "Demandas do setor produtivo para pesquisas pós-colheita”, Saraiva colocou em primeiro lugar a necessidade de soluções para a diminuição de perdas, cuja média nacional é de 31% (perde-se quase um terço da produção), com o morango batendo nos 40% e a banana chegando a 42%: "Joga-se fora US$2,3 bilhões por ano, sem falar nos mercados externos que não aceitam produtos que não atendem aos padrões de qualidade estabelecidos. Não são apenas perdas de volume de produção, mas, também, perdas de qualidade: aparência, sabor etc.”.

A maior parte do grande volume de perdas ocorre após a produção, por falta de conhecimento e condições para a adequada seleção, classificação e embalagem das frutas. Também contribui o transporte em condições incorretas, sem refrigeração; a exposição inadequada nas gôndolas dos pontos de venda e o excessivo manuseio das frutas pelos consumidores.

Ele também se referiu à necessidade de pesquisas para incluir e qualificar a produção dos pequenos produtores, dando o exemplo de casas de embalagem (packing houses) coletivas ou comunitárias, nas quais os produtores de uma localidade possam selecionar, classificar e embalar adequadamente seus produtos; pesquisas para viabilizar o sensoriamento para detecção de má formações em grandes volumes de produção e para a oferta de embalagens adequadas, de baixo custo, que evitem perdas de volume e qualidade.

Organizado pela Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro, RJ), Nova Friburgo foi escolhida para sediar o Simpósio e o VI Encontro Nacional de Processamento Mínimo de Frutas e Hortaliças (de 25 a 28) por ser o segundo pólo nacional de produção de hortaliças e como forma de contribuir para a recuperação da região, abalada pelas chuvas do início do ano.

A diversificada agricultura do município tem forte produção de hortaliças, flores, frutas e peixes, porém carece dos conhecimentos de pós-colheita que evitem perdas e possibilitem maior agregação de valor. O Secretário de Agricultura do município, Roosevelt Consi, reconheceu esta situação: "Estamos preocupados e começando a discutir como mudar este estado de coisas, para evitar que ocorram perdas de 30% a 40% por falta desses conhecimentos que a Embrapa e os pesquisadores de outras instituições dispõem”.
[As informações são da Embrapa Agroindústria de Alimentos].

Fonte: Agrolink - http://www.agrolink.com.br

‘Há vida inteligente no horizonte teórico dos economistas?’


O lamentável mainstream econômico ainda acha que o preço das commodities pode ser deixado na mão de um grupo de especuladores internacionais, que o futuro do petróleo se resolverá por si mesmo, que a mudança climática é uma perspectiva desagradável trazida por cientistas ávidos de manchetes, que déficits gerados por especuladores financeiros (praticamente 100% do PIB só nos Estados Unidos) devem ser pagos pelos pobres, que a crescente desigualdade mundial se resolverá pela mão invisível. Quem são os sonhadores?
O mundo avança gradualmente no que tem sido caracterizado como catástrofe em câmara lenta (slow motion catastrophe), e os ajustes necessários no coração mesmo das formas de administrarmos a economia ainda estão engatinhando. Assustados com a acumulação e superposição de tendências críticas, os povos buscam de certa maneira voltar ao limbo do que funcionou no século passado e temem naturalmente os transtornos. Gera-se um tipo de inércia institucional cada vez mais perigosa. Inovar é preciso.

Em Paris, no mês de abril de 2011, reuniram-se economistas de diversos continentes para discutir os desenhos de uma "alternativa econômica global”. A iniciativa é do CCFD-Terre Solidaire, uma ONG tradicional que luta pelos avanços sociais no planeta. Foram três dias de apresentação de angústias e propostas por parte de economistas que têm consciência da dimensão dos desafios, e da própria fragilidade das propostas inovadoras, diante dos interesses dominantes que se agarram às velhas práticas e aos privilégios.

Não é uma reunião para soluções, tipo de um novo catecismo com regrinhas. Os desafios são demasiado complexos. Mas há, sim, eixos teóricos que se desenham.

Julia Wartenberg trouxe um pouco do clima que prevalece nos Estados Unidos, onde uma onda de pessimismo está varrendo do mapa a tão sólida crença no progresso indefinido, de que cada nova geração estará melhor do que a dos pais, de que as crises são coisa de países pobres, de que uma pessoa que queira trabalhar duro subirá na vida, de que, se deixarmos o mercado em paz, as coisas irão se resolver.

Com uma dívida que equivale a um quarto do PIB mundial e 40% dos lucros corporativos provenientes não da produção, mas da especulação financeira, realmente já é tempo de os economistas americanos começarem a pensar em vez de repetir dogmas do século passado. Desorientados, os americanos se perguntam por que as coisas não estão funcionando e buscam soluções menos ideológicas e mais funcionais.

Os economistas franceses, como Geneviève Azam, Xavier Ricard, Christian Arnsperger e Gael Giraud, estão se mexendo. Os países ricos foram adiando problemas ao substituir a demanda baseada em rendimentos reais por demanda baseada em crédito ao consumidor: as populações passaram a consumir não a partir da renda já recebida, mas em função do crédito obtido – via cartões e outros –, gerando assim imensos lucros financeiros, mas uma demanda que vai se estrangulando pelo acúmulo de dívidas.

 "Porque a vida é agora”, por assim dizer. O resultado é um nível de consumo artificial, cuja conta hoje aparece. Com a direita no poder, não são os intermediários financeiros os que são chamados a pagar, mas os que dependem de políticas sociais. Em nome da austeridade, reduz-se a demanda popular, aprofundando a crise.

A partir de economistas latino-americanos, e em particular de representantes indígenas, surge com força a idéia do "bien vivir”, que implica reduzir a corrida extrativista e a obsessão consumista e buscar equilíbrio nos valores, nos objetivos reais representados pela qualidade de vida para as pessoas associada ao respeito pela mãe natureza. Não é poesia, é bom senso. Idiotice é pensar que podemos continuar a espoliar o planeta impunemente e equilibrar a economia ao concentrar os recursos nas mãos de minorias.

Teopista Akoyi, de Uganda, trouxe os imensos desafios da agricultura familiar, que ainda ocupa metade da população mundial. Na linha do excelente relatório International Assessment of Agricultural Knowledge, Science and Technology for Development (IAASTD), com o qual contribuiu, Akoyi analisa o mundo rural não apenas como fonte de produção e exportações, mas como dinâmica que tem de ser culturalmente aceitável pelas populações.

A agricultura científica pode perfeitamente acomodar-se na agricultura familiar, dinamizando sistemas tradicionais, em vez de expulsar as populações com a monocultura extensiva, que gera esgotamento de solos no campo, contaminação química da água e favelas nas cidades.

Enfrentamos, sem dúvida, elites predatórias e em grande parte nos sentimos impotentes. Arnsperger traz com força a visão da necessidade de se democratizar os procedimentos econômicos, tanto pelo reforço da transparência como por processos que permitam supervisão, em particular no mundo financeiro, que, afinal, trabalha com dinheiro de terceiros, mas também em uma série de áreas críticas. Na realidade, não há por que a democracia parar nas portas das corporações. Toda atividade que tem impacto social deve prestar contas à sociedade, não é nenhum abuso. Quem tem mãos limpas pode mostrá-las.

As visões que surgiram na reunião podem provavelmente encontrar neste conceito de democracia econômica o seu denominador comum. A economia dever estar a serviço da sociedade. É tempo de repensarmos os seus paradigmas não com as bobagens de que se trata de uma "ciência”, e sim com bom senso. O que vivemos hoje é uma crise de visão do mundo.
 
Até quando aceitaremos a morte de 10 milhões de crianças por ano, quando temos os meios financeiros e organizacionais para resolver o problema?
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Alberto Arroyo nos fala do socialismo comunitário, democrático e descentralizado, em vez do socialismo burocrático. Kavaljit Sing, da Índia, apresenta o seu Fixing Golbal Finance, e Oscar Ugarteche se refere à necessidade de buscarmos formas práticas de expandir a compreensão do novo "senso comum”, em particular com a generalização do acesso ao conhecimento. São numerosas propostas, e pouco poder. Mas a rede que vai se formando no planeta tende a gerar novas convergências.

A realidade é que, por meio de inúmeras iniciativas, que vão desde as reuniões do Fórum Social Mundial até a rede Otro Desarrollo, na América Latina, a New Economics Foundation, de Londres, o Ethical Markets, de Nova York, o Alternatives Economiques, da França, blogs como o nosso Crise e Oportunidade, o movimento Real Economics, o Madhyam, na Índia, enfim, está se gerando uma rede planetária de economistas de bom senso que começam a resgatar uma visão da economia a serviço da sociedade, e não de como se servir melhor.

[Ladislau Dowbor é autor dos textos Democracia Econômica e Da Propriedade Intelectual à Sociedade do Conhecimento, disponíveis em http://dowbor.org].

Desafio na habitação social é zerar déficit até 2023



Comunicado 118, divulgado hoje, aborda instrumentos do Plano Nacional de Habitação (PlanHab) para cumprir a meta.

O Plano Nacional de Habitação (PlaHab) do Ministério das Cidades prevê zerar o déficit por novas moradias e a inadequação habitacional até 2023.

O cumprimento da meta se dará por meio do estímulo ao planejamento municipal e estadual e do reconhecimento da importância da produção social da moradia – quando organizações de moradores assumem a construção das habitações –, entre outras estratégias.

O assunto foi abordado nesta terça-feira, 25, na coletiva pública de divulgação do Comunicado 118 – O planejamento da habitação de interesse social no Brasil: desafios e perspectivas, no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em Brasília. Renato Balbim, técnico de Planejamento e Pesquisa da Assessoria Técnica da Presidência do Ipea (Astec), e Cleando Krause, técnico de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur), fizeram a apresentação.

Controle social

Segundo os dados compilados pelo estudo, seis estados têm mais de 50% dos municípios contemplados por recursos destinados ao planejamento habitacional, quatro estados têm menos de 25%, 28 municípios com mais de 100 mil habitantes (11%) não foram contemplados, e 3.058 cidades com menos de 20 mil habitantes ainda não foram atendidas.

“Há necessidade de acompanhamento dos critérios e resultados das seleções nos próximos orçamentos. Podem ser criados critérios regionais, para dar conta das locações e corrigir as distorções”, completou Krause.

Balbim afirmou que 42% dos recursos aplicados, em 2009, pelo Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social na melhoria de assentamentos precários foram destinados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

“Por mais que o PAC seja relevante, esses recursos foram destinados fora do marco do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), que conta com instrumentos de controle social”, disse ele, sobre a perda da centralidade do SNHIS frente a outros programas de ação do governo federal.

A falta de profissionais ligados ao processo participativo da produção social da moradia é fator que dificulta a constituição de planos de habitação em municípios menores e mais afastados das capitais, explicou Cleandro Krause.



Fonte do texto: IPEA
Fonte do infográfico: Acerto de Contas - dados de 2005.


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Fonte: Jornal Valor

Economia Verde

Educação para a sustentabilidade, trabalho decente, erradicação da miséria, infra-estrutura para uma nova economia. Os temas seriam perfeitos para uma boa plataforma de governo, mas, na verdade, tratam-se de assuntos abordados na última Conferência Ethos de Empresas e Responsabilidade Social realizada nos últimos dias 08 e 09 de agosto em São Paulo.

Na mesma semana em que o mundo anunciava uma nova crise da economia global, cujo tamanho e impacto ainda desconhecemos, o Brasil mobilizou empresários, cidadãos e membros do poder público para discussão de uma plataforma econômica que seja inclusiva, verde e responsável. Afinal, seja lá o que estiver acontecendo pelo mundo, ao Brasil é inexorável pensar em crescer.

Quase 20 anos após a Rio- 92 e às vésperas do encontro Rio +20, a humanidade começa a entender a necessidade de racionalizar o uso de seus recursos naturais e reconhecer o valor da natureza como fator de oportunidade para a geração de negócios.

É visível no mercado a movimentação das empresas para o oferecimento de produtos com baixo impacto ambiental e a crescente preocupação de pessoas físicas ou jurídicas sobre o conceito de “economia verde”. Entretanto é preciso mais. Precisamos ir além da preocupação com a sustentabilidade ambiental ou com o aquecimento global e apropriarmos essas questões ao tripé da sustentabilidade levando em conta três aspectos: o econômico, o humano e o ambiental.

Não adianta trocar as lâmpadas da sua empresa, se as desigualdades sociais seguem como fator limitante ao bem-estar, a coletividade e a cidadania. A resposta sobre sustentabilidade passa pela capacidade que as empresas terão para “olhar em volta” e inovar.

E inovar em um sentido bem mais abrangente do que a (nada) simples questão tecnológica, principalmente se pensarmos nas micro e pequenas empresas. Aliás, seja lá qual for o tamanho da sua empresa, para serem eficazes, novas tecnologias não podem ser implantadas sem que se tome conta o cuidado com o ambiente interno e o mercado. Uma boa inovação tecnológica deve ter relação direta com o atendimento de demandas e por isso, deve gerar uma inovação mercadológica cujo resultado garantirá a inovação sustentável em seu negócio.

Leia mais no blog Lounge Empreendedor.

Confira: ECONOMIA VERDE, A por J MAKOWER - 2009

sábado, 29 de outubro de 2011

Amanhã é o dia das bruxas


Cada um tem a bruxa que merece
http://www.culturamix.com/wp-content/gallery/fotos-de-bruxas/bruxa-10.jpg




Ou

Relatório da OIT destaca perfil de atores envolvidos no trabalho escravo no Brasil


Perfil dos Principais Atores Envolvidos no Trabalho Escravo Rural no Brasil é o título do novo relatório apresentado pelo escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil. A partir de entrevistas com trabalhadores, aliciadores (também conhecidos como "gatos”) e empregadores, a pesquisa busca traçar o perfil desses atores para auxiliar na construção de políticas públicas de combate ao trabalho análogo ao de escravo.


As entrevistas com trabalhadores e gatos ocorreram entre outubro de 2006 e julho de 2007 nos estados do Pará, Mato Grosso, Bahia e Goiás. O estudo ressalta que não trabalhou com amostra estatística representativa, e, portanto, não pode fazer generalizações. Entretanto, lembra que os resultados revelaram características importantes sobre os atores envolvidos no trabalho escravo no Brasil.

Para a elaboração do relatório, a OIT entrevistou 121 trabalhadores. Os dados apontam que a maioria apresenta idade média de 31,4 anos e 81% dos entrevistados são negros. A renda média deles é de 1,3 salários mínimos e, em 40,2% dos casos, o trabalhador é o único responsável pela renda da família.

Além disso, a pesquisa constata que 18,3% dos entrevistados são analfabetos e 45% são analfabetos funcionais. Do total, 85% nunca fizeram curso profissional. "A escravidão contemporânea no país é precedida, em alta proporção, pelo trabalho infantil: 92,6% dos trabalhadores entrevistados iniciaram sua vida profissional antes dos 16 anos. A idade média em que começaram a trabalhar é de 11,4 anos”, observa.

O perfil dos aliciadores é parecido. Dos sete "gatos” entrevistados, a maioria é não branca, do sexo masculino, com idade média de 45,8 anos. Assim como os trabalhadores, a maior parte dos aliciadores possui baixa escolaridade. Dos setes entrevistados, dois afirmaram ser analfabetos e nenhum fez curso profissional. "A idade média com que começaram a trabalhar é de 10,7 anos. Todos realizaram trabalho rural não especializado. Trabalham para médios e grandes proprietários, recrutando pequenos grupos de trabalhadores. O âmbito de sua atuação é regional”, revela.

Por outro lado, o perfil dos empregadores é diferente dos dois anteriores. A maioria é homem, branco, com idade média de 47,1 anos e com curso superior completo. Dos 12 entrevistados, dois têm pós-graduação e apenas três não possuem nível superior. "Resumidamente, pode-se concluir que as características dos empregadores entrevistados guardam uma estreita relação com os traços gerais das elites e grupos dominantes no Brasil”, afirma.

Além do perfil dos envolvidos, o relatório ainda analisa as políticas de combate a esse tipo de crime no país. De acordo com a pesquisa, apesar de alguns avanços, o Brasil ainda precisa percorrer "um longo caminho” para a erradicação do trabalho escravo.

O informe destaca a importância de manter e ampliar a fiscalização dos Grupos Especiais de Fiscalização Móveis (GEFM) e de punir os responsáveis pelo crime. Da mesma forma, ressalta a necessidade de realização de campanhas educativas contra o trabalho escravo e de incentivo à formalização das relações de trabalho.

"É necessário também ampliar as ações preventivas do trabalho escravo, tais como programas de qualificação profissional e elevação da escolaridade nas áreas de concentração de trabalhadores escravos; a geração de novos postos de trabalho nos municípios de origem e residência dos trabalhadores; a realização de programas de reforma agrária com apoio à agricultura familiar para que os trabalhadores se tornem menos vulneráveis, criando efetivamente alternativas para seu sustento e de sua família. Considera-se ainda importante manter registros e análises sistemáticas sobre os principais atores envolvidos no problema de forma a aprofundar o conhecimento da questão”, finaliza.

Trabalho escravo nas lavouras do Brasil

A sabedoria e as divagações oraculares...


Posso não concordar com uma palavra do que dizes, mas defenderei até a minha morte o seu direito de dizê-las...

Todo dia prometo defender um pouquinho até completar cem anos... eheheheh...

Prefeituras fazendo propaganda que respeitam o servidor porque estão pagando o salário...

Eis a máxima do Velho Guerreiro: quem não se comunica se trumbica...

Grupo político anunciando “adesão” para o lado que sempre integrou...

Ou como diria o filósofo Zina: vou cair pra dentro...

Que a “mardita katchaça” foi a CULPADA pelo ataque verborrágico do ex-secretário e ex-amigo do primeiro casal...

Que a oposição é composta por incapazes, a exceção de um “último moicano”, que, sendo liberado pela lei, será CAPAZ de enfrentar o candidato situacionista...

Ou... O mau do urubu é pensar que o boi está morto.

Que a “tática” utilizada pelo prefeito para, supostamente, aplacar a fúria de correligionários... É distribuir empregos para os ADVERSÁRIOS...



E o maluco sou eu...

PSB quer Wilma de Faria na prefeitura de Natal e Larissa Rosado em Mossoró... é SÓ combinar com o povo e PRONTO.

Que o partido que já anunciou que terá uma chapa puro sangue estaria em conluio, conforme se depreende da análise insuspeita que li, para ter um vice da OPOSIÇÃO...

Ou... Não podemos ser somente intelectuais. Precisamos criar...

Estudo aponta riscos de corrupção no Estado (RN)

A doença:


A CORRIDA “maluca” da política... e a impressão que parece negativa, mas não é...




A política em nossa região está a pleno vapor. Até parece que teremos eleições amanhã...

Respira-se política 24 horas e a carreira desabalada que se imprime ao processo eleitoral só é confrontada pela realidade imposta pelo calendário eleitoral.

Os prazos estabelecidos pela legislação eleitoral são detalhes, digamos... inconvenientes, para alguns prognosticadores que insistem em dar conselhos aos “políticos”.

Prefeitos, ex-prefeitos, vereadores e demais militantes políticos, em outros termos, o séquito que se supunha ser formado por profissionais... Esqueceram ou nunca souberam fazer “política”.

Os oráculos propugnam caminhos e verdades absolutas... E pela diversidade de opiniões alguém... acertará.

Todos sabem que as decisões cabem a uns poucos caciques que comandam os grupos políticos, mas até a hora da “onça” beber a água, tem-se uma longa preliminar em que, graças a boa democracia, todos dão palpites, concordam ou não, decidem os rumos de partidos, fazem coligações, estabelecem as diretrizes da campanha, os mais eufóricos comemoram a vitória que ainda não ocorreu e desdenham dos derrotados do futuro...

Parodiando um ex-ministro da era FHC: estamos vivenciando o período de uma verdadeira masturbação eleitoral...

Viva a democracia!!!

Cultura e desenvolvimento local




Antes de tudo, é preciso saber de que cultura falamos. Há uma visão estreita de cultura, no sentido ministerial, digamos assim, e na concepção pre-Gilberto Gil, de que se trata de organizar eventos simpáticos com artistas, inaugurar museus, promover eventos no teatro municipal, canalizar os impostos, com os quais empresas estão desgostosas, para financiar produtos culturais.

Nada contra essa visão que é necessária e útil. Mas se trata aqui, de uma faceta apenas, e limitada, muito reminiscente de la culture, com sotaque francês, e de imortais maranhenses. Economicamente, é a cultura do mecenato, da generosidade, do verniz elegante de quem já acumulou.

Há também uma visão mais popular, sem dúvida, mas igualmente estreita, que tem sido chamada de “indústria da cultura”, e que os americanos chamam de entertainment industry. Com a expansão do rádio, do cinema, da televisão e do 3G; com a penetração da TV em praticamente qualquer residência (95% dos lares têm TV no Brasil), com crianças assistindo, em média, 4,5 horas por dia; com o controle dos meios de comunicação pertencente, basicamente, a quatro grupos privados, gerou-se uma máquina de fornecimento de produtos culturais padronizados, de alguns pontos centrais para todo o País. É uma cultura de recepção, passiva e não-interativa, centrada na geração de comportamentos comerciais, já que o seu ciclo econômico passa pela publicidade, cujo financiamento, alias, sai do nosso bolso.

O efeito é, por um lado, o consumismo obsessivo, vitimando, particularmente, as crianças; e, por outro lado, uma cultura apelativa, que trata, essencialmente, de manter a audiência, ainda que seja transformando crime em espetáculo.

Trata-se, literalmente, da indústria do consumo, em que a cultura entra apenas como engodo. No conjunto, esta dinâmica gerou uma imensa passividade cultural. A criação, esta depende do criador entrar no seleto grupo que uma empresa irá apoiar, para virar, na melhor tradição do “jabá”, um sucesso. A cultura deixa de ser uma coisa que se faz, uma dimensão criativa de todas as facetas da nossa vida, e passa a ser uma coisa que se olha, sentado no sofá, publicidade de sofá incluída.

A era da internet vem, naturalmente, transtornar o confortável universo dos latifundiários das ondas magnéticas, das editoras, dos diversos tipos de intermediários. Filmes simples, mas criativos, a partir de qualquer celular encontram enorme sucesso no YouTube; músicas alegres, tristes ou debochadas passam a circular no planeta sem precisar da aprovação de emissoras; artesãs do vale do Jequitinhonha, que vendiam artesanato a 10 reais para se espantarem ao saber que eram revendidas por R$150, passaram a furar os bloqueios dos atravessadores e a vender na internet. 

Livros que nunca estão disponíveis nas livrarias aparecem online, com muito mais leitores. Nas universidades, surge o OCW – Open Course Ware, que assegura ciência gratuita e dinamiza a pesquisa. É a desintermediação em marcha, fim do controle absoluto de quem não cria, mas fornece o suporte material para a criação, e se apropria do copyright em nome dos interesses do autor. E sempre o argumento de que estão ajudando o pobre autor.

Na favela de Antares, no Rio de Janeiro, dotada de banda larga, os jovens plugados passam a fazer design e a prestar serviços informáticos diversos, o que lhes rende dinheiro, e fazem cultura por prazer e diversão. Nas cidades com acesso WiMax, banda larga sem fio, as crianças têm na ponta dos dedos acesso a criações científicas, lúdicas ou artísticas de qualquer parte do mundo, esbarram no inglês macarrônico mas suficiente, criam comunidades virtuais.

De certa forma, a reapropriação dos canais de criação cultural pelas comunidades gera uma outra cultura, agora, sim, no sentido mais amplo. Uma comunidade periférica ou um município distante já não são isolados, ou inviáveis, como os classificam os economistas. O resgate da identidade cultural é central para um resgate muito mais amplo do sentimento de pertencer ao mundo que se transforma, de participar da criação do novo. E o desenvolvimento é apenas em parte uma questão de fatores materiais, de investimentos físicos. A atitude criativa está no centro do processo de desenvolvimento em geral. Estamos entrando na era da economia do conhecimento, e a cultura, longe de ser a cereja no bolo dos afortunados, passa a ser o articulador de novas identidades locais.

*Ladislau Dowbor é formado em Economia Política 
pela Universidade de Lausanne.