domingo, 30 de setembro de 2012

redução da pobreza e desigualdade


O IPEA divulgou um texto sobre a redução da pobreza e desigualdade na década anterior que vale a pena ler (clique aqui). Com já se sabe, taxa de desemprego em queda, crescimento da escolaridade, aliada ao forte crescimento real do salário mínimo e ampliação dos programas sociais (em especial o bolsa-família)  explicam a queda da desigualdade e pobreza.
É importante destacar que, apesar renda domiciliar per capita ter sido puxada principalmente pelo crescimento da renda do trabalho,  parte do que se chama de renda do trabalho incorpora o efeito das politicas sociais no salário de reserva dos trabalhadores não qualificados: o salário mais baixo exigido pelo trabalhador para que ele troque um benefício social por um salário no mercado de trabalho. Quanto mais ativas as políticas sociais do governo, em geral, maior o salário reserva exigido pelo trabalhador para substituir o benefício social por um salário.
Acontece que hoje há diversos instrumentos mais eficazes do que o reajuste real do salário mínimo para aumentar o salário reserva dos trabalhadores menos qualificados e continuar com a redução da desigualdade de renda, sem pressionar as contas públicas. Essa é a interpretação que faço do estudo do IPEA.
Hoje, o bolsa-família e o programa Brasil carinhoso são os melhores programas em termo de custo-benefício para termos mais uma década inclusiva. Esses programas são baratos -juntos não chegam a 0,5% do PIB- e como disse o presidente do IPEA, Marcelo Neri: “É difícil alguém achar que programas tão baratos poderiam alterar a trajetória de crescimento da dívida pública”. Concordo totalmente com essa afirmação.
A questão para debate é como continuar com o progresso social, dado que temos hoje, no Brasil, uma regra de reajuste real do salário mínimo que pesa muito na conta da previdência e, assim, toma o espaço das outras políticas públicas e do investimento público. Na década anterior, com o boom de commodities, isso não parece ter sido um problema. Mas o que falar da próxima década que será um período de crescimento mais baixo no mundo todo?
Acho difícil manter a dinâmica de redução da desigualdade de renda e da pobreza da última década sem modificar o mix do gasto público, o que implica duas coisas: (1) modificar a regra de reajuste real do salário mínimo, e (2) aumentar da taxa de investimento.  Sem recursos ociosos, é difícil achar que vamos crescer mais rápido puxado pelo efeito demanda decorrente da manutenção da política de valorização do salário mínimo.
Assim, até acho que é possível manter o progresso social da década anterior,  mas não com o mesmo mix do gasto público vigente na década anterior: baixo investimento público + alta carga tributária + forte crescimento real do salário mínimo.
Se a preocupação for com educação (e produtividade), priorizar políticas distributivas sem pesar na conta fiscal e sem prejudicar a  competitividade da indústria brasileira, o ideal é olhar mais para o bolsa-família e o para Brasil Carinhoso e menos para a política de valorização real do salário mínimo. Dito de outra forma, não acho que seja possível ter ao longo da próxima década a mesma valorização real do salário mínimo da “década inclusiva”.
E se quisermos continuar com a mesma política de recuperação real do salário mínimo? Bom, neste caso temos que decidir se queremos: (1) continuar com a carga tributária elevada; e/ou (2) reduzir nossa capacidade de investimento.
Felizmente ou infelizmente, manter a progressividade dos resultados da política social significa mudar o mix do gasto fiscal, i.e. modificar a regra de reajuste real do salario mínimo.

Qual o potencial de investimento no Ceará?


Nas décadas de 1950 e 1960, se pensava que o crescimento de um país ou região estava ligado ao volume de investimento privado. Naquele período, economistas acreditavam no poder virtuoso que a construção de novas fábricas em regiões pobres tinham para atrair mais investimentos e quebrar o “ciclo da pobreza”.
Nas três últimas décadas, economistas mudaram essa percepção. Regiões são pobres porque as pessoas dessas regiões são pouco produtivas devido a baixa escolaridade. Investir em educação passou a ser prioritário. Adicionalmente, em um mundo mais globalizado, onde sempre há um país ou região com custo de produção mais barato, tornou-se mais difícil promover o investimento baseado apenas na redução do custo de mão-de-obra. O que isso tem a ver com o Ceará e o Nordeste?
Na década de 1990, o Ceará e o Nordeste foram destinos para muitas empresas de confecções e de calçados do Sul e Sudeste que buscavam redução no custo de produção e aqui encontravam mão-de-obra barata e abundantes incentivos fiscais. Agora a realidade é outra.
Qualquer que seja a região do país, o salário mínimo de mais de US$ 300 e o custo elevado de matérias primas tornaram o Brasil um país de custo de produção elevado. E os Estados do Nordeste hoje precisam investir mais em educação, saúde e segurança pública. Adicionalmente, a guerra fiscal será cada vez mais controlada pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Legislativo, como já foi feito com a “guerra dos portos”.
Assim, o que o Ceará deve fazer? O Estado, em 2011, investiu do seu orçamento R$ 2,4 bilhões, ou 22% da sua Receita Corrente Líquida (RCL). Seria apropriado que o governo continuasse com esse esforço de investimento, mesmo que isso signifique, aumentar um pouco a divida do Estado, uma dívida que é baixa (R$ 3,2 bilhões ou 29,4% da RCL).
Segundo, mais do que “vender o Estado” baseado em incentivos fiscais, chegou a hora de “vender o Ceará” baseado nas suas potencialidades. O Estado tem belas praias, um povo amistoso, um porto moderno para exportação e importação, e ainda um custo de vida relativamente barato quando comparado aos grandes centros urbanos no Brasil. Ademais, com o novo Centro de Convenções, o turismo de lazer pode ser combinado com o turismo de negócios.
Terceiro, o governo do Estado já faz um esforço grande de investimento. Mas é preciso mais apoio do governo federal para aumentar o investimento. O boom de investimentos recentes no Estado de Pernambuco são investimentos federais. Apenas a refinaria Abreu e Lima tem um custo equivalente a vinte anos de investimento público do Estado do Ceará.
Chegou a hora do Governo do Estado do Ceará e a sociedade civil fazer um novo pacto de cooperação, mas o foco desse pacto agora é aumentar o investimento público, melhorar a qualidade da educação e tornar o Estado um polo permanente de atração de turistas, aliado a eventos comercias e culturais.
Mansueto Almeida, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)

SAÚDE PÚBLICA DO BRASIL


saude publica ivan cabral2 humor politico Saúde Pública do Brasil
por Ivan Cabral

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por Ivan Cabral

Distribuição geográfica do PIB mundial - 2011 (II) - Ranking dos países




A tabela acima mostra a participação das 10 maiores economias nacionais no PIB mundial (um clique do mouse sobre a tabela permitirá melhor visualização).

Os 10 países listados respondem por 62% do PIB e 52% da população mundial.

A economia americana sozinha concentra 18,6% do PIB global, apresentando uma renda per capita 4,1 vezes maior do que a média mundial.

China e Índia, apesar de responderem juntas por 19,6% do PIB mundial, são países bastante pobres, com rendas per capita correspondentes a 17,5% e 7,6%, respectivamente, da renda dos Estados Unidos.

O grupo de grandes economias desenvolvidas formado por Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Itália tem renda per capita no intervalo entre 64% e 80% da renda americana.

O Brasil é um país de renda média. Respondendo por perto de 2,8% tanto do PIB como da população mundial, possui uma renda per capita igual à média dos 182 países pesquisados e equivalente a 24,2% da renda americana.

As informações sobre PIB e população em que se baseia a tabela foram produzidas pelo Banco Mundial.

Dívida líquida pública sobe para 35,1% do PIB em agosto


A dívida líquida do setor público consolidado subiu de 35% em julho para 35,1% em agosto, informou o Banco Central nesta sexta-feira. A dívida do governo central, governos regionais e empresas estatais terminou o mês passado em 1,522 trilhão de reais. Na comparação com dezembro de 2011, contudo, a dívida líquida apresenta uma redução de 1,3 ponto porcentual (p.p.) do Produto Interno Bruto (PIB). 
De acordo com o BC, o superávit primário no período contribuiu para essa diminuição com 1,7 p.p. do PIB, enquanto o crescimento do PIB corrente ajudou a diminuir o endividamento em 1,6 p.p.. A desvalorização cambial, de 8,6% no acumulado de 2012 até agosto, ajudou em 1,3 p.p. para a queda na relação dívida/PIB. Em sentido contrário, a apropriação de juros elevou o endividamento em 3,4 p.p. do PIB, no mesmo período.
O BC informou ainda que a dívida bruta do governo geral registrou leve queda de julho (57,6% do PIB) para agosto (57,5% do PIB). A dívida bruta encerrou o mês passado em 2,49 trilhões de reais.
Gasto público - O setor público gastou 19,118 bilhões de reais em agosto com juros, montante maior do que o visto em julho (17,435 bilhões de reais), mas menor do que o registrado em agosto de 2011 (21,663 bilhões de reais). Somente o governo central gastou 9,303 bilhões de reais com juros, enquanto os governo regionais desembolsaram 9,672 bilhões de reais e as estatais outros 143 milhões de reais. 
No acumulado do ano, a despesa com juros do setor público somou 147,580 bilhões de reais, que correspondem a 5,09% do PIB. Nos 12 meses encerrados em agosto deste ano, o gasto com juros soma 224,046 bilhões de reais, ou 5,17% do PIB.
Segundo o BC, o gasto com juros no ano está 0,82 p.p. do PIB abaixo do verificado no mesmo período de 2011. A queda foi influenciada pela redução da taxa Selic e pela variação menor do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado no ano.
Déficit nominal - O setor público consolidado registrou déficit nominal de 16,121 bilhões de reais no mês de agosto, resultado acima dos 11,866 bilhões de reais verificados em julho, mas abaixo de agosto de 2011 (déficit de 17,101 bilhões).
No mês passado, o governo central registrou déficit nominal de 8,130 bilhões de reais, enquanto os governos regionais tiveram um resultado negativo de 8,189 bilhões de reais. Em contrapartida, as empresas estatais tiveram superávit nominal de 198 milhões de reais no mes passado.
No acumulado do ano até agosto, o déficit nominal do setor público consolidado soma 73,355 bilhões de reais, que correspondem a 2,52% do PIB. Em 12 meses encerrados em agosto deste ano, o déficit nominal soma 117,651 bilhões de reais, valor que corresponde e 2,72% do PIB.
(Com Agência Estado)
Leia também: 
E em 2012?


inflacao pib jorge braga humor politico Crescimento da Inflação e do PIB para 2012
por Jorge Braga para O Popular

Pensamento econômico: Keynes não defendia estado forte


A crise financeira que estourou nos Estados Unidos em setembro de 2008 e as atuais turbulências por que passa a Europa – que implicaram trilhões de dólares despejados pelo poder público no salvamento de bancos, seguradoras e, no caso europeu, países – reacenderam as discussões sobre o papel do estado na economia. O debate está mais vivo que nunca. 
Na semana passada, milhares de pessoas foram às ruas de cidades espanholas e gregas para pedir por “mais governo”. Dizeres em cartazes e hinos cantados pela multidão criticaram cortes no orçamento e a redução de subvenções estatais. Como pano de fundo, acadêmicos e alguns líderes políticos têm feito coro à população e clamam por mais John Maynard Keynes (veja quadro com um perfil dele) na condução da economia – em referência ao brilhante pensador que um dia ousou atribuir ao estado um papel fundamental em momentos de crise. A lembrança é pertinente - mas infelizmente a maneira como Keynes é invocado distorce muitas de suas principais ideias.
Em 1936, Keynes escreveu uma de suas obras mais conhecidas, a Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. Em vez de repetir o mantra de que o estado não deveria interferir na atividade em hipótese alguma, o economista britânico afirmou que naqueles momentos em que a economia está à beira de um colapso deveriam contribuir como indutores do investimento.

Mais que um economista

O inglês John Maynard Keynes (1883-1946) não era um economista típico. Casado com a bailarina Lydia Lopokova (mas também avidamente interessado em rapazes), ele passou a vida entre as figuras mais notáveis da belle époque londrina. Fez seus principais amigos no grupo de Bloomsbury, que reunia intelectuais como Virginia Woolf, autora de romances que marcaram época, como Orlando, ou o filósofo Bertrand Russell, que disse a seu respeito: "O intelecto de Keynes foi o mais brilhante e o mais claro que já conheci".
Keynes formou-se em Cambridge e até a eclosão da I Guerra se dedicou sobretudo à carreira acadêmica. Em 1915, porém, tornou-se funcionário do Tesouro britânico e mostrou ser um exímio formulador e implementador de políticas econîomicas. Ao fim da guerra, ele foi enviado a Paris para trabalhar na conferência que selava a paz na Europa. A experiência foi frustrante. Keynes se demitiu e escreveu seu livro mais famoso, As Consequências Econômicas da Paz, no qual previu que as indenizações impostas à Alemanha derrotada sufocariam o país e o levariam a buscar uma guerra de vingança no futuro. Seu livro foi um best-seller mundial. Pode-se dizer que tirou a economia do círculo dos iniciados fazendo dela, pela primeira vez, um tópico de interesse para o público geral. Trinta anos mais tarde, Keynes teria um papel destacado na definição da ordem econômica no pós II Guerra Mundial.
Keynes tinha outra faceta notável: fez fortuna como investidor e especulador.  Segundo seu principal biógrafo, o também inglês Robert Skidelsky, ele foi “uma espécie de Warren Buffett ou George Soros dos dias de hoje”.
O próprio Keynes costumava dizer que a experiência em mundos tão diversos foi responsável por “fertilizar" seu pensamento econômico. Ele acreditava que a riqueza não era um fim em si própria, mas um meio para levar ao bem-estar - a uma vida de "tranquilidade física, conforto material e liberdade intelectual". Rejeitava enfaticamente o socialismo (e a ênfase dos socialistas na revolução). Por esse motivo, concentrou suas energias na busca de ferramentas que propiciassem uma espécie de estabilização do capitalismo - no sentido de manter as engrenagens da produção de riqueza em movimento perene. O que Keynes mais temia eram forças internas do capitalismo que a longo prazo, acreditava ele, tendiam a levar o sistema à estagnação.
O economista morreu em 1946, em decorrência de um ataque cardíaco. Foi homenageado com pompa, numa grande cerimônia na Abadia de Westminster.

A retomada das discussões sobre a teoria de Keynes motivou o economista paulista José Roberto Afonso – funcionário de carreira do BNDES que está hoje cedido ao Senado – a escrever o livro Keynes, Crise e Política Fiscal (Ed. Saraiva, 120 páginas), lançado neste mês. Na obra, ele retoma os princípios da escola keynesiana e aponta o quanto ela foi vítima de interpretações e leituras errôneas. O maior erro, segundo Afonso, é atribuir a Keynes o posto de grande defensor do intervencionismo estatal e dos gastos públicos. 
Confira entrevista do autor ao site de VEJA.
Por que um livro sobre Keynes?
Em 2008, estourou a bolha imobiliária do mercado americano, com repercussões em todo o mundo, e uma resposta dos estados foi necessária para impedir um colapso global. Nesse ambiente, Keynes emergiu da condição em que estava – de um maldito ou um esquisito – para ocupar posição central nas discussões sobre soluções para a crise. Só se falava nele. Alguns autores respeitados e conhecidos publicaram livros para destacar seu retorno. O que essas obras fizeram foi muito diferente do que faço. O objetivo delas era trazer Keynes para o século XXI, chamando-o a oferecer respostas a dilemas contemporâneos. Era como se lhe perguntassem, por exemplo, “Keynes, como o senhor avalia o mercado de dívida subprime dos EUA?” Mas na década de 1930, época em que ele escreveu suas principais obras não havia subprime! Na verdade, o sistema financeiro não existia tal como existe hoje. Keynes não tem nada a dizer sobre derivativos, pelo simples fato de que eles ainda não haviam sido criados. Por isso, minha proposta foi diferente. Em vez de tentar trazer Keynes à atualidade, decidi voltar ao contexto em que ele estava. Por isso digo que esse livro é menos de teoria e mais de história: um resgate do pensamento do economista Keynes sobre política fiscal e outras questões. 
Essa minha escolha exigiu um trabalho muito grande. O principal livro do Keynes, chamado Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, de 1936, possui cerca de 350 páginas na versão brasileira e apenas seis citações sobre política fiscal, por exemplo. Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, esta que foi sua principal obra não se dedicou à política fiscal. Não era o tema central do livro, nem o secundário. O pensamento mais relevante sobre esta questão, a meu ver, só vai aparecer em um período posterior, principalmente na época da II Guerra Mundial. Depois de escrever a Teoria Geral é que Keynes começa a fazer reflexões sobre se o estado precisa ou não gastar mais, e em que condições. Isso foi feito em vários trabalhos dele, artigos, palestras, mas não há um livro específico sobre isso.

Biblioteca

Keynes, Crise e Política Fiscal


Autor: JOSÉ ROBERTO AFONSO
Editora: SARAIVA
120 PÁGINAS
42 reais
Se a política fiscal nunca foi o ponto mais destacado da teoria de Keynes, como explicar que esse seja o aspecto de sua obra cravado no imaginário das pessoas?
Keynes é sempre lembrado porque ousou atribuir um papel relevante aos governos numa época em que poucos falavam disso. Até então predominava a chamada “economia clássica” em torno da qual orbitavam conceitos como a “mão invisível do mercado” – que diz que o estado deve ser pequeno e não deve atrapalhar, muito menos se meter nos negócios privados. Keynes não era um revolucionário como Karl Marx. Ao contrário. Acreditava que o estado teria de entrar em ação em certos momentos justamente para salvar o capitalismo. O estado precisa usar seus instrumentos para impedir que uma economia entre em colapso, por exemplo, num momento de crise global.
Alguns países emergentes se têm valido do estado para a aceleração suas economias. Esta não seria o tipo de ação que se pode chamar de keynesiana?
Sim. Minha conclusão sobre a teoria de Keynes é que existe uma distinção clara entre crise e ciclo. A economia sempre se move em ciclos: ora está crescendo, ora decrescendo. A desaceleração da taxa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de um país – como está acontecendo já há algum tempo no Brasil – é um evento pertencente a um ciclo. Algo muito diferente é o que se viu em 2008, por exemplo. Naquele instante, a  economia mundial sofreu um ataque cardíaco e estava prestes a morrer. Isso é crise: um momento em que se olha para frente e não se sabe o que vai acontecer. A incerteza é tão grande que as empresas param de investir e reduzem a produção. Isso provoca desemprego e logo estamos diante de uma bola de neve. Um empresário começa a demitir e quem é mandado embora passa a comprar menos. É neste momento que o governo tem de entrar comprando e investindo, como, de fato, ocorreu em diversos países em 2008 e 2009. Funciona como uma operação cirúrgica de salvamento. Ao destacar a defesa do estado como socorrista, Keynes inovou naquele tempo e seus ensinamentos passaram a ser muito debatidos. Já o ciclo faz parte da normalidade da economia. Uma hora você olha para frente e acha que vai crescer mais; em outra, espera crescer menos. É diferente da crise, que é uma incerteza radical.
Um ciclo de desaceleração econômica não requer, então, intervenção ostensiva do estado, segundo Keynes?
Exatamente. As pessoas se esquecem que Keynes também deixou claro que não se tem um problema cardíaco todo dia. Ele defendeu que, entrando no jogo para impedir uma crise sistêmica, o estado tinha de sair quando a economia voltasse a crescer. Prosseguindo com a minha analogia, o remédio para uma crise coronária não é o mesmo para quem só tem colesterol alto. Os que se dizem keynesianos, principalmente os mais ortodoxos, afirmam que ele quer um estado forte o tempo todo. Não é nada disso. 
O Brasil está hoje em um ciclo de baixo crescimento ou em crise?
Eu diria que o Brasil está em um ciclo de desaceleração, mas uma parte do mundo – principalmente a europeia – está em crise mesmo. São duas situações diferentes. As empresas brasileiras não estão na mesma incerteza que as da Grécia. Em uma hora de muitas incertezas, o estado pode se fazer presente, mas com investimentos, e não pelo gasto público excessivo em custeio e benefícios. Aliás, quando se olha para um governo que gasta muito como o brasileiro – desde a folha salarial dos servidores até as aposentadorias – à luz da teoria de Keynes, a conclusão é que essa característica funciona como um colchão num cenário de crise. Quando você dá um soco num colchão, o impacto é amortecido. Gastar muito, como faz o Brasil, pode ser providencial quando uma nação precisa de um anteparo contra golpes externos. Contudo, na maior parte do tempo, um país precisa funcionar como uma locomotiva. Nessa situação é preciso investimento das empresas, ao passo que o estado funciona como um freio. E isso está bem claro em Keynes.

Os quatro gigantes da economia no século XX

Conheça os responsáveis pelas principais teorias econômicas usadas por governos e empresas

1 de 4

John Maynard Keynes (1883 - 1946)

Keynes defendia a atuação do estado na economia em momentos de grande depressão
Em 1936, o economista britânico John Maynard Keynes publicou uma de suas principais obras: a Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. À época, o mundo enfrentava um período de colapso do capitalismo, provocado pela quebra da bolsa de Nova York em 1929 – o acontecimento econômico mais emblemático do século XX. Em seus trabalhos, Keynes tinha como objetivo encontrar uma saída para salvar o capitalismo – modelo que não defendia fervorosamente, mas que acreditava ser a melhor garantia de evolução da sociedade – em um momento de surgimento de fortes correntes socialistas. Seu pensamento ficou marcado pela discussão do papel do estado na economia e dos mecanismos que poderiam ser usados para reativá-la nas condições de depressão, tais como os gastos públicos e a política fiscal.

Sugestão de leituraKeynes – The Returno of the Master, de Robert Skidelsky (sem tradução; PublicAffairs, 256 páginas). Leia mais: Graças a Keynes, não tivemos outra Grande Depressão
Quem pede mais investimento, verbas e subvenções do estado frequentemente invoca Keynes para se justificar. O que ele diz especificamente sobre gastos públicos?
Gasto público é algo que se pode fazer hoje e deixar de fazer amanhã. Não é preciso ter o tempo todo. Não precisa ficar construindo portos, aeroportos, pontes e metrô para sempre. Tem de fazer e depois operar. Gosto de destacar que Keynes era economista, mas tinha visão de engenheiro. Ele usa a lógica de que investimento vira capital e gasto corrente vira consumo. Quando se está construindo um porto, por exemplo, há gasto corrente com pessoal, maquinário e obras. Isso aquece a economia. Mas, no final, fica também uma estrutura que vai permitir ao país produzir e exportar mais. É capital que fica para o futuro. No Brasil, uma dificuldade que já tínhamos, e que se agrava nessa fase de desaceleração, é que a taxa de investimento doméstica é muito baixa – e menor ainda no setor público. O que moveu nossa economia por muito tempo foi o consumo, mas existe um limite para que as famílias fiquem comprando. E o governo continua se endividando. 
No caso da Europa, que está passando por uma pressão muito grande para corte de gastos, como os estados conseguirão reanimar a economia?
Não é fácil encontrar o equilíbrio entre estimular – que é o estado entrar na economia – e evitar correr riscos. Keynes deixou bem claro que o setor público tem de entrar e sair. Na Alemanha, por exemplo, que hoje prega austeridade a seus pares europeus, foi feito um esforço fiscal monumental para a integração do país nos anos que se seguiram ao colapso do comunismo. Isso teve um impacto importante nas contas públicas alemãs pós-reunificação – o país, inclusive, chegou a usar o lucro do banco central da Alemanha Ocidental para financiar a reconstrução da parte oriental. A Alemanha aumentou sua presença na economia e cresceu. Depois veio o euro e essa política foi revertida. A moeda única foi fundamental para modernizar e aumentar a presença da indústria alemã na Europa. Com esse crescimento, ela pôde controlar seu endividamento. Ela soube se endividar para reconstruir e integrar, da mesma forma que soube depois reduzir seu endividamento. Hoje ela está cobrando isso de todos. O grande temor, a meu ver, é que os outros países europeus podem estar hoje em um momento que a Alemanha esteve duas décadas atrás.
O senhor fala no livro sobre a linguagem complexa usada por Keynes. Isso dificultou o entendimento dos leitores e ajuda a explicar toda a confusão que se faz até hoje com as ideias dele?
Teoria Geral foi escrita numa linguagem muito densa. Keynes se havia formado naquela escola clássica de pensamento econômico com a qual ele acabou por romper. Mesmo nos momentos em que buscou usar termos mais coloquiais, Keynes foi mal-interpretado. Na passagem em que diz que, na falta de algo melhor, o estado deveria contratar pessoas para fazer buracos e outras para tapá-los, ele usou uma força de expressão para destacar o quão crítica era a situação econômica na década de 1930. Queria simplesmente conclamar os governos a fazer alguma coisa útil. As pessoas, no entanto, entenderam que Keynes estava mandando gastar dinheiro a rodo. Em economias emergentes como a nossa, entretanto, há muito para ser feito. Falta infraestrutura logística, tecnológica e social. Há escolas, hospitais e segurança insuficientes e com baixa qualidade. Em um extremo, é uma falta de investimento na estrutura física e econômica do país. Aeroportos depredados, estradas ou aeroportos faltando. Em resumo, existe muita coisa melhor para se fazer do que ficar abrindo e tapando buracos.

solidão e alcoolismo



(Foto: Thinkstock)
Título original:Living Alone and Alcohol-Related Mortality: A Population-Based Cohort Study from Finland
Publicação: PLoS Medicine
Quem fez: Kimmo Herttua
Instituição: Finnish Institute of Occupational Health
Dados de amostragem: 18.200 óbitos
Resultado: Morar sozinho está associado a um risco substancialmente aumentado de mortalidade relacionada ao álcool – independentemente do sexo, nível socioeconômico ou a causa específica da morte.
Pessoas que moram sozinhas têm um maior chance de morrer por causa de doenças relacionadas ao álcool, segundo um estudo finlandês. De um total de 18.200 mortes ligadas ao consumo de bebida alcoólica, dois terços ocorreram em indivíduos que viviam sozinhos. É o que mostra uma pesquisa realizada pelo Finnish Institute of Occupational Health, em Helsinque.
Os pesquisadores analisaram informações de 80% das pessoas que morreram na Finlândia entre 2000 e 2007. Segundo os atestados de óbito, as mortes incluíam doença hepática, intoxicação por álcool, acidentes de carro, além de casos de violência relacionada ao consumo de álcool. “Este é o primeiro estudo populacional que associa o fato de morar sozinho com a mortalidade em decorrência do álcool”, disse Kimmo Herttua, autor do estudo, ao site de VEJA.
Entre 2000 e 2003, homens que viviam sozinhos tinham 3,7 vezes mais chances de morrer de doença hepática em comparação com homens casados ou que moravam com outras pessoas, segundo mostrou a pesquisa. Entre 2004 e 2007, homens que viviam sozinhos tiveram 5 vezes mais probabilidades de morrer de doença hepática em comparação com quem dividia o teto.
A pesquisa leva em conta que, em 2004, houve uma redução de impostos, fazendo com que o preço da bebida diminuísse. Além disso, as leis foram alteradas, tornando legal importar quantidades praticamente ilimitadas de álcool de outros países da União Europeia. “Por conta do desenho do estudo, é impossível dizer se morar sozinho é a causa ou a consequência do abuso de álcool. Mas nossos resultados mostram que pessoas que vivem sozinhas são mais vulneráveis aos efeitos adversos do álcool”, afirmou Herttua.
“É possível dizer que conexões sociais podem ajudar a prevenir doenças em decorrência do alcoolismo. Isso porque há uma ligação entre a falta de relações interpessoais e depressão. Então, o abuso de álcool acaba servindo como uma automedicação para indivíduos sozinhos e depressivos”, explica Herttua.
— O que já se sabia sobre o assunto
Para Ana Cecília Marques, psiquiatra da Associação Brasileira do Estudo do Álcool e Outras Drogas, o estudo traz novidades ao associar o fato de morar sozinho com a mortalidade por álcool. Há estudos, segundo ela, que relacionam a solidão de idosos e o desenvolvimento de alcoolismo, mas não é um estudo sobre mortalidade.  A especialista pondera, contudo, que mais pesquisas devem ser feitas para estabelecer a relação entre os dois fatores.
Ana Cecilia lembra que a conclusão de que quem fica sozinho tem mais chances de ter problemas relacionados ao álcool não pode ser aplicada a todas as pessoas. “No caso dos jovens, é até ao contrário. Quem mora em república, por exemplo, bebe mais por pressão do grupo. Adolescente bebe por curiosidade”, diz a psiquiatra. “Não se pode dizer que uma pessoa que mora sozinha é alcoólatra.”
Especialista: Ana Cecília Marques, psiquiatra da Associação Brasileira do Estudo do Álcool e Outras Drogas

Envolvimento com o assunto: Autora de pesquisas sobre o consumo de álcool e outras drogas entre jovens brasileiros, psiquiatra da Associação Brasileira do Estudo do Álcool e Outras Drogas e coordenadora do Departamento de Dependências da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP)

— Conclusão
Ter relações sociais fora de casa é importante para o bem-estar de qualquer pessoa. Morar com a família ou ser casado pode ajudar a controlar um possível abuso do álcool e faz com que mais pessoas estejam atentas a um comportamento depressivo. Outros fatores de risco, porém, devem ser considerados antes de determinar se uma pessoa tem ou não risco de morrer em decorrência do abuso de álcool.
Por Natalia Cuminale

brasileirão: Futebol - Série A

mossoró: Quase meio bilhão de reais de obras

Jornal DeFato


O eleitor mossoroense teve papel decisivo na eleição da governadora Rosalba Ciarlini (DEM) em 2010. Ela obteve mais de 90% dos votos válidos no colégio eleitoral de sua terra.
Confiança justificada pelas três administrações à frente da Prefeitura de Mossoró, que transformaram a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte; daí, a responsabilidade de corresponder às expectativas com obras que havia décadas eram negadas à Terra de Santa Luzia.
Hoje, menos de dois anos de governo, Rosalba pode afirmar que já está cumprindo o seu dever com o povo de Mossoró. Para isso, precisa apenas apresentar o elenco de obras licitadas e em andamento, com recursos próprios e parcerias com o Governo Federal. São quase meio bilhão de reais em obras na cidade. Para ser mais preciso: R$ 487,544 milhões.
Veja  a relação de obras e valores:
1 – ampliação do sistema de abastecimento de água, R$ 214,8 milhões;
2 – sistema de esgotamento sanitário, R$ 46 milhões;
3 – adutora Santa Cruz/Mossoró, R$ 84,7 milhões;
4 – Complexo Viário Abolição, R$ 72,344 milhões;
5 – duplicação e urbanização da estrada Mossoró/Tibau, R$ 38 milhões;
6 – transformação da Estação Rodoviária em Centro Administrativo Integrado, R$ 8,693 milhões;
7 – reforma do Teatro Estadual Lauro Monte Filho, R$ 2,675 milhões;
8 – reforma do Hospital Rafael Fernandes, R$ 1,7 milhão;
9 – reforma e ampliação do Hospital Regional Tarcísio Maia, R$ 4,359 milhões;
10 – duplicação da RN-015, com contorno no município de Baraúna, R$ 11 milhões;
11 – pavimentação e drenagem superficial das ruas Marcos Queirós e Joana Maria da Conceição, em parceria com a Prefeitura, R$ 1 milhão;
12 – pavimentação asfáltica com CBUQ da ruas Francisco Bessa, Aproniano M. de Oliveira, Manoel Cristino de Morais, Francisco Eudes da Costa, César Leite, trecho da Raimundo Leão de Moura, R$ 1,2 milhão;
13 – construção da escola técnica no Walfredo Gurgel (parceria com Governo Federal), R$ 5 milhões;
14 – reforma de cinco escolas estaduais, R$ 1,5 milhão.
Somam-se a esse elenco de obras a implantação do Hospital da Mulher, equipamento decisivo para salvar vida de mães e recém-nascidos, já que a cidade contava apenas com a Maternidade Almeida Castro. E não para por aí. Amanhã, a governadora apresenta o projeto do novo estádio Nogueirão.
Diante das ações acima relacionadas, Rosalba pode afirmar, sem medo de contestação, que já é para Mossoró a melhor governadora da história.
Estava certo o prefeito Dix-huit Rosado quando disse: quem não faz um pouco mais por sua terra, nada fará pela terra de ninguém.

Os custos de um mandato de vereador

do DN


Silenciosa, a campanha dos candidatos a vereador de Natal pouco é exposta. Enquanto os holofotes estão voltados para os candidatos a prefeito, os concorrentes às vagas na Câmara trabalham intensamente nos bastidores. Segundo uma fonte lotada na Câmara, o jogo não é limpo, como parece. A eleição custa caro para muitos vereadores. Mas, principalmente, para o contribuinte. A fonte revelou que o reembolso do dinheiro gasto na campanha vem do patrimônio público, em esquemas previamente montados.

Eleitores/manifestantes ocupam Câmara de Natal em protesto. Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press


De acordo com essa fonte, cada campanha custa, numa expectativa pessimista, mais de R$ 700 mil ao candidato. Os gastos são diversos. Têm os permitidos, declarados à Justiça Eleitoral, e os proibidos  A fonte calcula que o custo de agências de propaganda, materiais impressos, carros de som e a contratação de uma equipe de mobilização chega a R$ 120 mil. Mas esse, ao contrário do que é declarado, é só o começo do custo de uma eleição para o legislativo municipal.

Segundo a mesma fonte, a maioria dos candidatos que se elege pagam, em média, R$ 300 a cerca de 300 lideranças durante os 90 dias de campanha. São as chamadas "pessoas matriculadas". "Cerca de 10 pessoas ganham mais de mil reais. são os coordenadores de áreas (Norte, Sul, Leste, Oeste), assessores jurídicos e de imprensa. O pessoal de apoio - motoristas, ASG's, locutores, etc - ganham R$ 500 cada".

As informações dão conta de que os prováveis vencedores gastam cerca de R$ 80 mil com "obras sociais", que são vantagens concedidas a eleitores em troca de votos, como ajudas a entidades, doações a quadrilhas juninas, consultas, exames médicos, óculos, material esportivo para comunidades, cestas básicas, pagamentos de contas de água e luz, botijões, caixões de defunto e demais pedidos de eleitores carentes.

Os candidatos abastados - aqueles com mais chances de vitória, de acordo com o que revelou a fonte, gastam também cerca de R$ 50 mil com combustível; uma média de R$ 10 mil com cafés da manhã, feijoadas, lanches e demais despesas de alimentação; R$ 10 mil com locação de escritório, com água, luz, telefone e internet, por pelo menos seis meses; e também na locação de veículos, que custam, aproximadamente R$ 1.200 cada.

A informação é de que o gasto maior ocorre no dia da eleição, quando candidatos ficam propensos a cometer crimes eleitorais sem que estes sejam coibidos pela Justiça, na maioria das vezes. "Geralmente, os candidatos colocam 10 mil pessoas para fazer 'boca-de-urna' que é uma forma dissimulada de comprar os votos. Cada pessoa recebe R$ 20. Total: R$ 200 mil", enfatizou a fonte.



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