Os bancos nasceram
como financiadores de grandes projetos e só mais tarde foram criados
instituições bancárias voltadas à "classe média". Com a expansão da
produção industrial na América do Norte, a partir de 1870, surgiram as
multinacionais e as grandes organizações empresariais nacionais e
internacionais. O sistema financeiro foi obrigado a modernizar-se e acompanhar
tal evolução a nível mundial. Surgiram, as bolsas de valores e todo o mercado
acionário, além de grandes processos de fusões e incorporações mercantis. Nesse
contexto, diferenciaram-se os bancos varejistas dos bancos atacadistas.
Em algumas nações, o
fomento industrial veio através do investimento direto em ações, em outras
através da intermediação de grades bancos de investimento, e em outros casos,
como o Brasil, o desenvolvimento teve que ser impulsionado por bancos estatais.
Com o crescimento do trabalho assalariado e a criação do sistema previdenciário
acabou-se por gerar grandes "estoques" de poupança forçada. Os
recursos tendem a ser administrados de forma centralizada devido ao ganho de
escala das instituições, principalmente quanto ao custo de avaliação de riscos.
Na economia inglesa
surgiu a "primeira" revolução industrial graças, principalmente, ao
avançado estágio da economia de mercado naquele país. Com o crescimento do
mercado financeiro o Banco da Inglaterra foi destacando-se cada vez mais, até
que pôde ser considerado como a "autoridade monetária". Com o passar
do tempo, as atividades similares a de uma autoridade monetária e as atividades
de um banco comercial mostraram-se conflitantes, dentro do Banco da Inglaterra,
que acabou assumindo a função de autoridade monetária exclusivamente. Com as
guerras contra Napoleão as notas desse banco tornaram-se inconversíveis. A
partir de então, ele ficou responsável pelas reservas internacionais a fim de
proteger a moeda. Daí em diante, diversas nações vêm copiando o modelo inglês
de autoridade monetária.
A moeda atualmente
não corresponde a uma reserva em ouro ou prata em valor correspondente, ou
seja, é moeda fiduciária. Seu valor é dado pelo seu poder de compra. A desvalorização
dessa moeda indica aumento no custo de vida. Essa desvalorização é medida por
índices de preços. As causas da inflação são diversas e quem gerencia situações
como esta é a própria autoridade monetária, administrando a oferta de moeda,
melhor dizendo, empregando a política monetária. Na verdade, a autoridade
monetária possui outras atribuições como a fiscalização do sistema financeiro,
administração das contas públicas, etc. O sistema financeiro nada mais é do que
um mercado como os demais e, por esse motivo, deve ser independente do governo.
Além de fiduciária,
a moeda é um ativo financeiro, ou seja, corresponde a um empréstimo. Ela se
apresenta sob a forma de moeda legal, moeda escritural, títulos negociáveis,
etc. Todo pagamento de dívidas acaba sendo feito através de outras dívidas.
Através de um exemplo, temos que se o agente "D" deve um valor ao
agente "C", o pagamento ao credor "C" através de cheques é
uma redução da dívida do banco frente ao devedor "D" e uma elevação
da dívida de outro ou o mesmo banco frente ao credor "C". O que se
reduz, nessa situação, é o capital a juros na economia.
Ao observarmos a
história da economia mundial, notamos que as formas de pagamento evoluíram
desde a moeda-mercadoria, a moeda-papel e, por fim, o papel moeda e moeda de
crédito. Através dessa evolução, a forma de implementação de política monetária
foi sendo alterada. Lembramos que existe uma diferença entre moeda legal, que
tem sua circulação forçada e obrigatoriedade de aceite pelos agentes da
economia, e a moeda escritural, que pode ser normalmente rejeitada para
efetivação das transações. Os principais objetivos da política monetária são o
crescimento econômico, o pleno emprego, o superávit comercial e a estabilidade
monetária. O crescimento é enfocado através de políticas monetárias
expansionistas como, por exemplo, o aumento da oferta de crédito. Os reflexos
na balança de pagamentos estará condicionado à política cambial, onde pode
adotar-se regimes de bandas cambiais, câmbio flutuante ou câmbio fixo. A grande
relação entre política cambial e monetária está no fato de que um balanço de
pagamentos superavitários aumenta o volume de moeda na economia e vice versa.
Quanto à estabilidade dos preços emprega-se políticas monetárias restritivas
para inibir a inflação e expansionistas para incentivar o crescimento. Vale
ressaltar que políticas monetárias restritivas não têm sido capazes de anular
inflações inerciais. Os três instrumentos de política monetária são a alteração
no percentual do empréstimo compulsório, operações de venda e compra de títulos
no mercado aberto e a operação de redesconto dos bancos comerciais. É de se
notar que baixos níveis de inflação acabam elevando o nível do desemprego.
Com a globalização,
torna-se cada vez mais necessária a coexistência de sistemas de pagamentos mais
homogêneos e previsíveis. O "padrão ouro" foi o primeiro sistema de
pagamentos moderno, através do qual se estabeleceu que toda moeda devesse ser
automaticamente conversível em
ouro. Com a crise da década de 30 o "padrão ouro"
tornou-se inviável. Diversos momentos de superprodução ou de crise de demanda
reduziram a oferta de crédito, gerando situações constrangedoras,
principalmente nas economias centrais. - O sistema de pagamentos sucessor do
"padrão ouro" foi definido na conferência de Bretton Woods realizada
em 1944. Conhecido como "padrão dólar-ouro", ele estabelecia que
somente o dólar deveria ser conversível em ouro, sendo que as demais moedas
guardariam sua conversibilidade ao dólar.
O Fundo Monetário
Internacional foi criado na conferência de 1944 com objetivos de fomentar o
processo de globalização e dar apoio financeiro às economias em dificuldades. De
imediato, o FMI passou a agir conforme seus objetivos. Em um segundo momento,
observou-se que a grande maioria das crises nas economias periféricas eram
provenientes de más condições estruturais. Diante dessa situação, o Fundo
implementou o que ficou conhecido como stand-by. Na nova dinâmica, os
empréstimos são autorizados mediante fixação de metas de ajustes estruturais na
economia. A liberação de recursos é gradativa e condicionada ao cumprimento das
referidas metas.
Nota-se que, ao
observarmos as ações do FMI nos últimos anos, as metas de ajustes giram em
torno de restrição monetária e desvalorização da moeda nacional. O resultado
imediato da busca pelas metas fixadas é sempre a recessão acompanhada por
conseqüências imediatas como, por exemplo, a elevação no nível de desemprego.
Passada essa primeira fase, muitas economias conseguem alcançar um novo
processo de crescimento.
Outro fato
importante relacionado ao sistema financeiro é que na década de 70 os EUA foram
obrigados a abandonar a conversibilidade de sua moeda ao ouro devido a
consecutivos déficits no balanço de pagamentos. É como se deixasse de existir
um sistema internacional de pagamentos pois as desvalorizações de moeda passam
a ser totalmente arbitrárias. Alguns países abdicam da possibilidade de fazer
política monetária criando um sistema de paridade com suas reservas
internacionais. Muitos pensadores liberais defendem um regime cambial
totalmente livre.
Atualmente, nem mesmo nações desenvolvidas
como a Grã-Bretanha consideram-se totalmente preparadas para enfrentar um
ataque especulativo à sua moeda. Acredita-se que somente os EUA, através de seu
Federal Reserve System, esteja totalmente imune a esses ataques. Os capitais
globalizados são geralmente oriundos de bancos transnacionais, fundos de
pensão, fundos de investimentos, etc. A aplicação desses recursos é
influenciada pelas taxas de juros e pelo grau de risco. A maioria desses
capitais é formada nas economias centrais onde o grau de risco é bem menor
forçando a permanência dos recursos ali mesmo.
O fato de que o grau
de risco das nações emergentes é superestimado leva-as à prática de taxas de
juros muito elevadas para que se consiga atrair investidores
"aventureiros". Na realidade, acontece aqui a expectativa em cadeia
também chamada reflexividade: Quando a maioria dos analistas resolve elevar o
grau de risco de uma economia haverá uma fuga de capitais, o que poderá
enfraquecê-la e confirmar a elevação do grau de risco anteriormente
"prevista". O inverso ocorreria em no momento em que grande parte dos
analistas de mercado resolvesse reduzir o risco da nação, o que provocaria uma
maior entrada de capitais e consequente redução no risco.