segunda-feira, 23 de junho de 2025

Breve análise comparativa entre pontos destacados no RDH 2013 sobre a “Ascensão do Sul” e os dados mais recentes do Relatório de Desenvolvimento Humano de 2023/24 e de 2025

Progresso no desenvolvimento humano: continuidade ou reversão?

  • O RDH 2013 destacava que o Sul Global vinha liderando uma reversão histórica no crescimento humano, reduzindo drasticamente a pobreza e expandindo a classe média.

  • Já os Relatórios de 2023/24 e 2025 mostram uma tendência de não convergência: após ganhos durante os anos 2000, a pandemia causou uma reversão desses avanços. O IDH global atingiu novo recorde, mas o progresso foi incompleto e desigual – metade dos países mais pobres ainda não recuperou os níveis pré‑COVID de 2019 .

Impressão: embora o Sul global tenha conquistado avanços impressionantes na última década, a pandemia interrompeu esta trajetória, com os países mais vulneráveis sofrendo retrocessos.

Pobreza extrema e pobreza multidimensional

  • Em 2013, a pobreza extrema global caiu de 43% para 22% (até 2008), com mais de 500 milhões saindo da pobreza somente na China.

  • Já em 2024, cerca de 1 bilhão de pessoas vivem em pobreza aguda, especialmente na África subsaariana e Sul da Ásia, muitas delas em áreas afetadas por conflitos.

Impressão: o progresso foi significativo entre 1990 e 2010, mas os ganhos foram fortemente revertidos em algumas regiões vulneráveis, exigindo foco renovado na eliminação da pobreza extrema, especialmente pós‑pandemia.

Desigualdade e fragilização do Sul

  • O RDH 2013 ressaltava a redução global da desigualdade e expansão da classe média.

  • Em 2024/25, os índices ajustados pela desigualdade (IHDI) revelam grandes perdas. Por exemplo, a Índia perdeu ~30 % de seu HDI por causa de desigualdades. As crises de dívida também atingem os países mais pobres, desviando recursos da educação e da saúde .

Impressão: muitos países do Sul enfrentam hoje um cenário de maior desigualdade interna e fragilidade econômica, ameaçando consolidar os ganhos de desenvolvimento.

Relação comércio/interdependência: avanços versus estagnação

  • O RDH 2013 mostrava que o comércio entre países do Sul cresceu de <10 % para >25 % do total mundial.

  • O HDI regional 2023 confirma que a Ásia‑Pacífico continuou registrando avanços expressivos desde 1990 (+20 pontos no HDI), mas parece ter perdido ritmo em relação a projeções pré‑pandemia .

Impressão: apesar das conquistas estruturais, a pandemia interrompeu o ritmo de integração econômica e desenvolvimento, especialmente entre os países menos favorecidos.

Instituições globais e governança internacional

  • Em 2013, o relatório pedia uma reformulação das instituições globais, maior representatividade do Sul e criação de uma “Comissão do Sul”.

  • Em 2024/25, a crise de dívida dos países em desenvolvimento e a incapacidade de investimentos em saúde, educação e combate às mudanças climáticas evidenciam que tais reformas ainda são urgentes e pendentes.

Impressão: continua muito necessário expandir a voz e o peso político do Sul em instituições globais, harmonizando a interdependência econômica com uma governança equitativa.

Resumo da situação do Sul Global

  • Avanços históricos (1990–2019): forte redução da pobreza, subida da classe média, expansão do comércio e interconexão.

  • Impacto da pandemia: interrupção dos ganhos, principalmente em países mais frágeis, com desigualdade ascendente.

  • Desafios atuaisrecuperação desigual do IDH; inflação da dívida e limitações fiscais; desigualdades internas persistentes; lacunas institucionais globais; vulnerabilidade climática e socioeconômica.

  • Oportunidades futurasreforçar redes de cooperação Sul–Sul e Sul–Norte; promover reformas nas instituições globais; investir com firmeza em educação, saúde, clima e inclusão; fortalecer a resiliência econômica frente a crises.

A “Ascensão do Sul” permanece um motor de transformação global – mas seu potencial está condicionado a como o mundo responde aos novos choques. A união Sul–Sul, o redesenho institucional e o combate à desigualdade e pobreza continuam cruciais na agenda internacional.

Veja:

A “Ascensão do Sul” altera o equilíbrio de poderes no mundo, segundo o RDH 2013


Link: https://blogsertaopotiguar.blogspot.com/2013/03/a-ascensao-do-sul-altera-o-equilibrio.html#more

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Melhorias desde o RDH 2013

  1. Crescimento do IDH global

    • O IDH global continuou crescendo ao longo da última década, superando o declínio causado pela pandemia e atingindo recorde em 2023.

    • Isso demonstra resiliência estrutural, com recuperação nas dimensões de renda, saúde e educação.

  2. Avanço de países específicos

    • A Índia subiu do 133.º para o 130.º lugar no ranking em 2023, acompanhada por melhora no Índice de Desigualdade de Gênero (IIG) de 108.º para 102º.

    • Muitos países de renda média continuam melhorando seu desenvolvimento humano.

    • Piores resultados e desafios emergentes

      1. Desaceleração alarmante do progresso

        • O progresso no IDH registrou o menor crescimento desde 1990 (excluindo os anos da COVID), sugerindo uma nova «normalidade» de estagnação.

        • Isto ameaça metas como alcançar "muito alto IDH" até 2030, empurrando esse marco para décadas futuras.

      2. Aumento da desigualdade

        • A desigualdade global cresceu pelo 4.º ano seguido, atingindo especialmente os países com menor desenvolvimento, que seguem ficando para trás.

        • Os índices ajustados pela desigualdade, como o IHDI, mostram perdas significativas — Índia perdeu cerca de 30 % de seu HDI devido à desigualdade.

      3. Recuperação desigual dos países mais pobres

        • Das 35 nações com queda em 2020–21, metade ainda não recuperou o IDH de 2019.

        • Países menos desenvolvidos (como Sudão do Sul e Somália) permanecem nas últimas posições e enfrentam múltiplas crises estruturais.

      4. Crise da dívida nos países em desenvolvimento

        • Hoje, 56 nações gastam mais de 10 % da receita em juros da dívida (17 ultrapassam 20 %) — limite crítico que compromete o investimento em educação, saúde e infraestrutura.

        • A continuidade dessa dinâmica ameaça transformar avanços em estagnação prolongada.

      5. Desafios com Inteligência Artificial e tecnologia

        • O RDH 2025 alerta que, sem investimento em capacidades humanas e acesso tecnológico, a IA pode aprofundar desigualdades, criando "um mundo de duas ou três velocidades".

        • Conexões básicas — eletricidade e internet — são essenciais para que populações menos favorecidas participem da revolução digital.

      Resumo comparativo por tema

      TemaSituação em 2013Situação em 2023/24‑2025
      Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)Forte crescimento global durante 1990‑2013Recorde em 2023, mas progresso desacelerado drasticamente 
      Desigualdade (IHDI, GII)Redução global de desigualdadeAumento contínuo (4 anos seguidos), perdas significativas em IHDI e IIG
      Recuperação pós‑COVIDNão aplicávelRecuperação parcial, com países pobres ainda longe de níveis pré‑2020
      Dívida externa e desenvolvimentoA crise ainda não era críticaDéficit crescente em 56 países, comprometendo investimentos essenciais
      Tecnologia e IAUso crescente de tecnologia mobile e digitalAvisos sobre exclusão digital e necessidade de IA como força inclusiva
      Conclusão

      • Melhorou: IDH global atingiu novo recorde em 2023; países como a Índia avançaram em ranking e gênero.

      • Piorou: o ritmo de progresso desacelerou severamente, desigualdades aumentaram, recuperação pós-pandemia foi desigual, crises de dívida ameaçam avanços e há risco real de exclusão digital na era da IA.

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