sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Na última década o RN cresceu menos que o Brasil e o Nordeste


Em 2009 a economia brasileira, seguindo a crise que se abateu sobre o mundo, teve um crescimento negativo de 0,3%. Naquele mesmo ano a economia do RN cresceu 1,5% e a do Nordeste 1,0%. O RN alcançou em 2009 um PIB de R$ 27,9 bilhões (o 6º maior do Nordeste).

Todavia, esse maior crescimento do PIB do RN frente ao Nordeste e ao Brasil em 2009 é um ponto fora da curva na tendência recente do crescimento do estado.

Desde 2003 que o padrão de crescimento do RN vem sendo, sistematicamente, inferior à média de crescimento do Brasil e da Região Nordeste. Essa situação contrasta com o período imediatamente anterior (1996-2002), quando a economia do RN cresceu em todos os anos em um ritmo superior às economias brasileira e nordestina.

Essa situação pode ser facilmente visualizada nos dois gráficos abaixo.

No primeiro gráfico apresentamos o crescimento anual do PIB do RN em comparação com o mesmo indicador do NE e BR. Vemos que entre 1996 e 2002 o RN cresceu sempre a uma taxa superior. No período seguinte esse maior crescimento ocorreu apenas em dois anos (2006 e 2009).


Outra informação importante é que, entre 1995 e 2002 o crescimento acumulado do RN foi o maior entre os estados do Nordeste e o 9º maior do país. O crescimento acumulado do estado nesse período foi de 24,5%, ante, por exemplo, um crescimento de 14,9% do Brasil. No período 2002 a 2009, porém, o crescimento acumulado do Brasil sobe para 27,5%, enquanto o do RN vai apara apenas 24,6%. Como consequência o território potiguar passa a registrar o pior crescimento entre os estados do Nordeste no período 2002-2009 e cai para a 22ª posição no ranking nacional.

O segundo gráfico revela de forma mais nítida o que aconteceu nesse período. O gráfico apresenta a média móvel de 4 períodos do crescimento do RN, do Nordeste e do Brasil. Vemos nitidamente nesse gráfico que entre a segunda metade dos anos 90 e a segunda metade dos anos 2000 ocorreu uma aceleração do crescimento das economias. Todavia, essa aceleração se deu com mais intensidade para a média brasileira e nordestina do que para o RN. Em outras palavras nós podemos afirmar que, na média o crescimento do estado se acelerou no período, mas essa aceleração foi inferior ao que aconteceu com a média brasileira e nordestina.


Acredito que esse menor dinamismo relativo da economia do RN nesse período possa ser atribuído a dois conjuntos de fatores. O primeiro deles está associado às nossas condições internas e à desaceleração da produção de petróleo no estado. É importante ressaltar o grande peso que tem a economia do petróleo no PIB do estado (proporcionalmente maior do que em qualquer economia do Nordeste) e o fato de que essa produção vem declinando desde meados da década. Portanto, com o fim da expansão da produção de petróleo e o início do seu declínio a economia do estado foi afetada em função do peso dessa atividade na geração local de riqueza.

O outro fator está associado ao desempenho das outras economias do Nordeste. Muitas delas receberam importantes obras infraestruturantes no período (portos, ferrovias, indústrias...) que garantiram um ritmo mais acelerado de seu crescimento.

Vamos esperar os resultados dos próximos anos para verificar se a economia do RN consegue reverter essa tendência de crescer a um ritmo inferior à média brasileira e da região Nordeste. O ano de 2010 foi um ano de forte crescimento, tanto do Brasil quando do NE e do RN, mas ainda não dá para saber se nosso crescimento foi superior.

Reverter essa situação é um grande desafio (sobretudo para o governo do estado), pois crescer menos do que a média da região e do país significa perder competitividade, pujança, capacidade de atrair novos investimentos. Precisamos recuperar nossa capacidade de crescer acima da média nacional e regional para que possamos reduzir as disparidades de renda que nos separa do Brasil e melhorar nossa situação no contexto da região Nordeste.

Aldemir Freire

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