quinta-feira, 31 de maio de 2012

Sobre intervenção cambial

Uma das bobagens recorrentes no debate brasileiro sobre política cambial é a afirmação que nenhum país deixa sua taxa de câmbio se ajustar livremente, ao léu dos movimentos de capitais privados. Esta é uma falácia facilmente refutada pelos dados: existem diferentes graus de intervenção cambial em resposta a fluxos privados de capitais, e alguns bancos centrais efetivamente não intervêm no mercado cambial a despeito da volatilidade dos fluxos de capitais privados.

Quando um banco central tenta suavizar o efeito dos fluxos privados de capitais sobre a taxa de câmbio, este acumula/vende reservas internacionais na proporção dos influxos privados de capitais. No balanço de pagamentos, a acumulação/venda de reservas internacionais é contabilizada com uma entrada negativa/positiva na conta “Reserve assets, net”. Portanto, à medida que o banco central tenta suavizar a taxa de câmbio, um gráfico da relação entre fluxos privados de capitais (no eixo horizontal) e a conta “Reserve assets, net” (no eixo vertical) vai mostrar os pontos em grande parte em torno de uma reta com ângulo de 135 graus passando pelo ponto (0,0).

Preparei este gráfico para quatro países da América Latina, para 2005-2010, um período cheio de eventos. Como podemos ver, enquanto que para o Brasil e a Colômbia a acumulação de reservas internacionais é a imagem no espelho dos movimentos de capitais privados, o mesmo não é verdade para México, e principalmente para o Chile.





Mas as diferenças podem ser maiores ainda. No gráfico abaixo, temos EUA, Reino Unido, Noruega e Canadá. Fica claro que principalmente os dois primeiros, para todos os efeitos, não intervieram no mercado de câmbio durante 2005-2010.



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