Pesquisa do Ibope errou ou foi imprecisa nas eleições de 18 das 26 capitais brasileiras
Por Cassio Politi
Fiz uma comparação entre as pesquisas divulgadas na semana que antecedeu as eleições municipais, ocorridas no dia 7 de outubro, e o resultado após a apuração. Conclusão: os erros vão bem além dos três ou quatro pontos percentuais que compõem a margem matematicamente definida.
O Ibope acertou a ordem dos candidatos e o percentual de votos — dentro da margem de erro — só em oito das 26 capitais. Em outras 14, o instituto acertou o resultado, mas errou por muito os percentuais. Em quatro, a pesquisa previa um desfecho diferente do que as urnas depois de abertas (veja infográfico ao lado).
O culpado
Antes que você se arme para criticar o método utilizado pelo Ibope ou crie teorias da conspiração, saiba que a causa do problema está no comportamento do eleitor.
Exceção feita a cabos eleitorais, as pessoas dão sinais de desinteresse — ou talvez desprezo — pela política partidária. Embora o horário eleitoral tenha seus picos na reta final das campanhas, o AdNews noticiou queda em sua audiência neste ano em comparação com a eleição municipal anterior, em 2008.
No dia das eleições, o Trending Topics do Twitter (assuntos mais comentados) no Brasil teve poucos registros relacionados a votação ou apuração.
Explicação do Ibope
No dia 6 de outubro, a CEO do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari, assinou no jornal O Globo um artigo em que antecipava as dificuldades dos estudos quantitativos feitos até ali.
Em linhas gerais, ela argumenta que o eleitor é mais volátil e indeciso em eleições municipais. Toma a decisão na última hora, podendo mudar de ideia até mesmo quando está a toque da tecla confirma.
Fator-chave
Definitivamente, não há nada de errado com a metodologia. Basta observar que os resultados pré-votação do Ibope são próximos dos apresentados por seus concorrentes, como o Datafolha. Sem contar que as pesquisas de boca de urna foram precisas.
Um dado pouco divulgado poderia ter feito o público assimilar a volatilidade dos gráficos mais naturalmente. Neste ano, houve 34% mais eleitores indecisos do que em 2008.
Encontrar uma forma de dar mais destaque a essa informação tão relevante é o desafio do Ibope e de seus concorrentes.
Acesse Tracto e veja esse artigo com os gráficos.
Sobre o autor
Cassio Politi ocupa na Tracto o cargo de diretor de content marketing, tema no qual é o primeiro brasileiro a se especializar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário