sexta-feira, 29 de março de 2013

RN: A CRISE NO SETOR DE LATICÍNIOS


Por Aldemir Freire
Em 2012 os laticínios do RN (não inclui as queijarias) adquiriram 58,8 milhões de litros de leite para industrialização. O volume de leite industrializado foi de 58,3 milhões de litros, valor 14,6% abaixo de 2011. O RN teve a quarta maior queda do Brasil e a terceira maior do Nordeste. Na região a queda só foi maior em Alagoas (-18,7%) e na Bahia (-20,7%).
captação de leite 2012
O declínio no volume de leite adquirido e processado no estado no ano passado só não foi mais acentuado porque, segundo alguns informantes, parte da oferta foi atendida por estados vizinhos.
Todavia, quero chamar a atenção para um outro aspecto e alertar para o fato de que o problema da cadeia de laticínio do RN não se resume aos efeitos da seca.
Em primeiro lugar cabe destacar que os laticínios do RN processam  apenas um terço da produção leiteira estadual (que em anos normais gira em torno de 200 milhões de litros). Além disso o volume processado se destina principalmente ao programa do leite do governo do estado, implicando, com isso, em uma grande dependência dos estabelecimentos da demanda desse programa.
Os laticínios que operam no estado produzem, no geral, apenas produtos de menor valor agregado, como por exemplo leite pasteurizado e bebida láctea. As bebidas lácteas mais elaboradas, os queijos mais nobres e o leite longa vida ou em pó são todos oriundos de outros estados, com destaque para produtos vindos de Pernambuco.
As queijeiras, por sua vez, são em grande parte estabelecimentos de fundo de quintal ou de beira da estrada, atuando geralmente na informalidade e sem padronização ou inspeção de seus produtos.
As dificuldades do setor de processamento de leite no estado (que acabam por se espalhar para o elo da produção de leite) podem ser vistas no gráfico acima. Por ele podemos ver que o volume de leite adquirido pelos laticínios do estado vem registrando declínio desde  meados de 2008. Portanto, bem antes da atual seca. No início de 2008 o estado estava processando cerca de 80 milhões de litros de leite por ano, em 4 anos esse volume teve uma queda de 27%. Nesse mesmo período o volume de leite processado pelos laticínios do Brasil saltou de 19,3 bilhões de litros para 22,3 bilhões, um crescimento de 16%.
Portanto, os problemas da cadeia láctea do RN vão muito além dos efeitos nefastos da seca sobre o rebanho e a produção leiteira. A seca apenas agrava os problemas estruturais vividos pelo setor.

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