Fala-se
e escreve-se muito sobre as relações dos gestores de plantão com suas
respectivas ‘bases aliadas’. Da presidente aos prefeitos de quase todos os
municípios, tem-se uma única certeza sobre essa figura mitológica (e
fisiológica) da política brasileira: sempre existirão descontentes,
insatisfeitos, rebeldes...
A
proporção de aliados, pero non muchos,
satisfeitos é diretamente proporcional ao tamanho e a heterogeneidade da
‘base’. Quanto maior o número de lideranças ávidas por um quinhão no governo
menor é possiblidade que o gestor tem de atendê-los e quanto mais heterogêneo
for o grupo maiores são as possibilidades de embates internos pela ocupação de
espaços.
Aliás,
postulo a hipótese de que o maior erro que os gestores cometem é querer agradar
todos a todo o momento, ou seja, crescer demais é um risco; ampliar e fatiar
demais o governo idem.
Existe uma
frase atribuída a John F. Kennedy que diz: “Não conheço nenhuma fórmula infalível para obter o sucesso, mas
conheço uma forma infalível de fracassar: tentar agradar a todos.”
Quando
os interesses de grupo e/ou indivíduos crescem muito acabam, inevitavelmente,
por se chocar com os interesses do próprio governante e daí para os
descontentes quererem não mais uma fatia, mas todo o bolo, é apenas uma questão
de tempo.
A
expressão ‘fogo amigo’, utilizada no meio político, para referir ataques
desferidos por correligionários, refere-se, verdadeiramente, as disputas por
ocupação de espaços cada vez maiores na estrutura governamental para viabilizar
voos mais altos.
Conclusão:
o grande líder é aquele que é capaz, usando uma metáfora da biologia, de
identificar quando a relação deixa de ser mutualística (aquela em que as
espécies não conseguem viver separadamente) e se torna cada vez mais
parasitária (que pode levar a morte, neste caso, morte política).
Eis
a grande tarefa do animal político:
atrair o maior número possível de aliados, ‘alimentá-los’ e controlar os
impulsos ‘parasitários’ que seguramente os acometerão em algum momento.
Não
é fácil, mas quem não aprende rapidamente tal lição vira adubo. É o mecanismo
implacável da seleção natural...
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