sábado, 18 de julho de 2015

Por que o PMDB quer tanto comandar o DNOCS?

Alguns meios de comunicação informam que o PMDB, leia-se o senador Eunício do Ceará e Henrique Alves do RN, busca manter a indicação do Diretor Geral do DNOCS. Do outro lado estaria o PP que comanda a pasta da Integração Nacional através do ministro Gilberto Occhi.

Não tenho dúvida que a disputa pela indicação é para garantir as melhores políticas para o semiárido. Como todos sabem a seca é "combatida" com vigor e total êxito pelo órgão controlado magistralmente pelos interesses republicanos dos políticos. E os políticos querem continuar controlando politicamente o órgão para manter o alto nível de sucesso do DNOCS. Só isso.

O Occhi vive anunciando milhão pra lá, milhão pra cá, milhão pra todo lado. Uma "ruma" de milhão para ações de Defesa Civil e para investimentos em obras no semiárido.

Veio aqui no RN para anunciar R$ 200 milhões em promessas tão densas quanto o fantasma "Gasparzinho". O dinheiro só existe no blá-blá-blá. Tirou umas fotos e estimulou a criatividade das assessorias de comunicação de alguns. Pra valer mesmo: só carro-pipa.

Transposição para o RN? Deixou para as calendas gregas ou, como dizem por estas bandas, agendou para o dia de "São Nunca".

Também prometeu recursos para finalizar a adutora do Alto Oeste. Obra importante que, após concluída, não mudará absolutamente nada para os viventes dos municípios. Por que? O reservatório-mãe do sistema adutor, a barragem de Pau dos Ferros, não tem água nem para fazer um chá.

Promessas, anúncios, milhões, bilhões...

Em junho de 2011 a presidenta Dilma Rousseff anunciou que o governo federal iria investir 2,7 bilhões de reais em ações emergenciais para combater a seca na Região Nordeste e no norte de Minas Gerais. Tais ações incluiriam a contratação de caminhões-pipa, a construção de cisternas e benefícios fiscais.

De 2011 para cá, certamente, muitos bilhões já foram anunciados e muito foi gasto. A solução padrão do carro-pipa serviu para um boom na adaptação de caminhões, com uso de tanques velhos de combustíveis, para levar água "boa" para dessedentação. Investimento com retorno garantido. Lucro certo. O dinheiro público fluindo para as mãos dos "senhores da seca".

O semiárido tem cerca de 1,7 milhões de famílias de agricultores familiares que praticam uma agricultura de subsistência (milho-feijão-bovinos), produzem pouco e não acumulam nada. A seca afeta dramaticamente este vasto contingente populacional, além dos pobres das áreas urbanas.

Pode-se até tentar "dourar a pílula", mas a realidade é que a estratégia colocada em prática no atual governo é idêntica as de outrora e serve como estímulo para as práticas clientelistas que dão sustentação ao modelo vigente nos "grotões".

Em que pese o impacto econômico provenientes da redução da produção agrícola (lavouras permanentes e temporárias), pecuária (redução da produção e morte de rebanhos) e na indústria de indústria de transformação, tem-se que o impacto mais significativo é o social.

A regressão social terá implicações significativas que perdurarão por um longo tempo. A desgraça do nordestino realimenta a indústria da seca e a conversa fiada das "aves de rapina" que encontram fartura no cenário cada vez mais inóspito da caatinga.

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