segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Mais RN: Delírios bilionários

A Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern) propôs ontem ações setoriais e projetos estruturantes com capacidade para atrair R$ 171 bilhões em investimentos públicos e privados para o Estado, ao longo de 20 anos. Os projetos estão dentro do programa Mais RN, que teve novos números detalhados durante entrevista coletiva  do presidente da Federação, Amaro Sales. Ele foi reeleito para mais um mandato, de 2015 a 2019, e deverá ser reempossado nesta sexta-feira.
Elpidio JúniorProdução de feldspato: A criação de um polo de mineração seria um dos projetos prioritáriosProdução de feldspato: A criação de um polo de mineração seria um dos projetos prioritários

Ontem, Sales defendeu a construção de uma política industrial para o Rio Grande do Norte articulada pelo setor produtivo junto ao Governo do Estado, a partir das metas propostas pelo Mais RN. A segunda fase do programa será lançada nesta sexta-feira durante a solenidade de posse. Um pacto pelo planejamento estratégico de desenvolvimento do Estado e política industrial são o foco dos próximos quatro anos de gestão. 

“Em meio à recessão econômica é preciso pensar no futuro, dar as mãos e projetar o que queremos e como chegaremos lá, dentro de uma política industrial. E esta é a contribuição do Sistema Fiern”, afirma Amaro Sales.

Serão apresentados nesta nova fase do Mais RN dois projetos âncoras prioritários: um para a criação de um pólo de mineração, a partir dos recursos existentes no Estado, e o segundo para a estruturação de logística de transporte pelo modal ferroviário para escoar a produção; além de dez planos de ações por setor da economia. 

“Precisamos explorar esse potencial, criar um polo para explorar os minérios e alavancar a economia. Mas para isso precisamos de infraestrutura de escoamento de produção e o Mais RN traz metas e projetos de como fazer isso”, afirma Sales, destacando a necessidade de um pacto entre o setor empresarial, poder executivo e instituições de ensino e pesquisa.

Os planos de ações apontam desde os gargalos a estimativas de investimento necessário, de potencial de exploração e de resultados em setores estratégicos da economia potiguar que podem subsidiar decisões de investidores e do Estado.

As propostas contemplam os setores de geração de energia, a cadeia da mineração, fruticultura, além de desenvolver os setores portuário, pecuária, pesca e aquicultura, facções e confecções, o turismo, serviços avançados e parques tecnológicos.

Energia
Cerca de 39% do total de investimentos estimados ao longo de duas décadas caberão a geração e infraestrutura em energia, com previsão para ampliar a capacidade instalada de energia eólica para 13,9 Gigawatts e solar, 2 Gigawatts, até 2035. 

O Rio Grande do Norte é o principal gerador de energia eólica do país. Mas há necessidade, destaca Sales, de gerar receitas para o RN também com a exportação da energia de matriz eólica para outros estados. “É preciso encontrar mecanismo que poderá ao longo dos anos ser aplicada também em relação a fonte solar. O Rio Grande do Norte é o principal gerador de energia eólica no país. O estado encerrou o primeiro semestre ainda na liderança em capacidade instalada da fonte, com 2.243 MW, seguido por Ceará (1.233 MW), Rio Grande do Sul (1.300 MW) e Bahia (959 MW).

De janeiro a junho, as usinas eólicas do Rio Grande do Norte geraram 642 MW médios de energia, montante 142% maior do que o produzido nos seis primeiros meses do ano passado, de acordo com informações da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

O estudo da Fiern mapeou oportunidades e elaborou projetos para ações e investimentos de longo prazo, que contemplam desde a logística de escoamento da produção, recursos hídricos, desenvolvimento da matriz eólica, integração da logística ao desenvolvimento do capital humano e mobilidade.

Bate-papo - Amaro Sales de Araújopresidente do Sistema Fiern

Quais as metas para os próximos quatro anos de gestão?
Iremos continuar trabalhando o fortalecimento do setor, com meta para expandir dos 80%, que já conseguimos, para 100% de cobertura do estado com o atendimento do Sistema Fiern, com atuação nas diversas áreas. Mas neste novo mandato passaremos a atuar no plano maior que é um pacto para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte. Estamos trazendo com o Mais RN propostas para uma política industrial, mapeando oportunidades e identificando o que e como pode ser feito nos próximos 20 anos, independente de quem seja o governante. Precisamos que todos os atores da sociedade envolvidos e o governo como protagonista em executar. Aproveitar potenciais como a chegada de um hub da TAM, o crescimento da indústria do Turismo. Mas é preciso também que o Governo faça o dever de casa, pois é ele quem vai capitanear essa atração de investimentos. Além disso, projetos importantes como o Pró-Sertão, do associativismo e a defesa da micro e pequena empresa terão continuidade neste segundo mandato.

Qual o balanço que o senhor faz do primeiro mandato?
O crescimento da economia do estado não aconteceu, mas o Sistema FIERN expandiu e teve um bom resultado na educação profissional, na capacitação do setor, em eventos internacional, em saúde e lazer para o industriário e em inovação. Neste primeiro mandato, estávamos mais voltado para a questão do fortalecimento da indústria, internamente, dos sindicatos, com apoio, qualificação e capacitação do empresariado. Ampliamos de 26 para 30 o número de Sindicatos filiados. Mesmo na crise, tivemos um salto em educação profissional com 235 mil matrículas em quatro anos e importante com prêmios conquistados em competições nacionais e internacionais, como Olimpíadas e World Skills. Estamos fazendo nosso papel em capacitar mão de obra e dar condições de crescimento. 

Quais as perspectivas para 2016?
deverá ser um ano de continuidade de crise e por isso a necessidade de trabalhar estratégias de longo prazo, como proposto no mais RN. O estado precisa dentro de uma política industrial ter programas de incentivo para atração da novas indústrias que também contemplem as micro e pequenas empresas, a partir da reformulação do Proadi, do Progás. O Governo precisa melhorar o gasto público, em vez de criar novos impostos ou querer reduzir em 30% o recurso destinado ao Sistema S. Isso não resolve o problema do Governo, além de causar problemas para o setor.


TRIBUNA DO NORTE

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