sexta-feira, 20 de maio de 2016

Operação Janus: Conexão Angola - Odebrecht - BNDES

Da Agência Brasil
A Polícia Federal (PF) deflagrou hoje (20) a Operação Janus. Todas as medidas judiciais estão sendo cumpridas em Santos (SP) , no total são quatro mandados de busca e apreensão, duas conduções coercitivas e cinco intimações.
Segundo a Polícia Federal, o objetivo da investigação é verificar se contratos da Odebrecht com uma empresa do ramo de construção civil em nome de parentes de um ex-agente público foram utilizados para o pagamento de vantagens indevidas.
A investigação começou com o envio para a PF de um Procedimento de Investigação Criminal do Ministério Público Federal que pretendia investigar se a construtora Odebrecht teria, entre os anos de 2011 e 2014, pago propina em troca de facilidades na obtenção de empréstimos de interesse da multinacional junto ao BNDES.
As medidas cumpridas hoje têm como meta esclarecer quais razões para a Odebrecht ter celebrado contratos, entre 2012 e 2015, com uma empresa de construção civil de pequeno porte com sede em Santos para a realização de obras complexas em Angola. De acordo com a investigação, apenas por seus serviços nas obras de reforma do complexo hidrelétrico de Cambambe, a empresa recebeu R$ 3,5 milhões, diz a PF.
A obra recebeu do BNDES financiamento que totalizava US$ 464 milhões.
A Polícia Federal investiga agora a prática dos crimes de Tráfico de Influência e Lavagem de Dinheiro, previstos, respectivamente, no art. 332 do Código Penal e no art. 1º da Lei 9613/98.
Janus
O nome da operação é uma referência ao Deus romano Janus (ou Jano). A menção à divindade latina de duas faces, que olha ao mesmo tempo para o passado e para o futuro, quer mostrar como deve ser realizado o trabalho policial.
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da Veja
Na manhã desta sexta-feira, a Polícia Federal deflagrou a operação Janus baseada em um inquérito que investiga o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por crime de tráfico de influência internacional em favor da construtora Odebrecht. O principal alvo das buscas e apreensões desta manhã é o sobrinho de Lula, Taiguara Rodrigues dos Santos, que foi conduzido coercitivamente para prestar esclarecimentos à PF em Santos, no litoral paulista.
Taiguara é filho de Jacinto Ribeiro dos Santos, o Lambari, amigo de Lula na juventude e irmão da primeira mulher do ex-presidente, Maria de Lourdes. Funcionários do governo e executivos de empreiteiras costumam identificá-lo como "o sobrinho do Lula". Em 2012, uma de suas empresas de engenharia, a Exergia Brasil, foi contratada pela Odebrecht por 3,5 milhões de reais para trabalhar na obra de ampliação e modernização da hidrelétrica de Cambambe, em Angola. O acerto entre as partes foi formalizado no mesmo ano em que a Odebrecht conseguiu no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) um financiamento de 464 milhões de dólares para realizar esse projeto na África.
A investigação tem como objeto a suspeita de que Lula, após deixar a presidência em 2011, tornou-se uma espécie de operador da Odebrecht. As apurações apontam que ele usava sua influência política para agir em duas frentes: ajudando a liberar financiamentos do BNDES e na interlocução com presidentes amigos que contratavam os serviços da empreiteira. Apesar de ser investigado no inquérito, o ex-presidente Lula não foi alvo de mandados nesta sexta-feira. Ao todo, a PF cumpriu 2 mandados de condução coercitiva e quatro de busca e apreensão.
As apurações, iniciadas no ano passado pelo Ministério Público Federal, ganharam robustez neste ano após o recolhimento de documentos das empresas de Lula, da Odebrecht e do BNDES. Alguns deles foram compartilhados pela força-tarefa da Lava Jato. O nome da operação se refere ao deus romano Janus, cuja representação é feita por um homem de duas faces, uma de ancião e outra de jovem.
A operação visa esclarecer os motivos que levaram a Odebrecht a contratar a Exergia Brasil, empresa de Taiguara, entre os anos de 2012 e 2015, para realizar obras complexas na hidrelétrica de Angola. Segundo reportagem de VEJA de março do ano passado, a empresa surgiu após ele virar sócio da companhia portuguesa Exergia, que tem um extenso portfólio de clientes em Portugal e na África. Na época, a Exergia Brasil, sediada em Santos, tinha apenas cinco funcionários e não havia realizado nenhuma obra no Estado de São Paulo, de acordo com o Conselho Regional de Engenharia do Estado.
Em outubro do ano passado, convocado na CPI do BNDES, Taiguara Rodrigues afirmou aos parlamentares que recebeu de 1,8 a 2 milhões de dólares em contratos com a Odebrecht. Na ocasião, ele negou que Lula teve influência em seus negócios, mas não conseguiu comprovar as credenciais que lhe aproximaram dos contratos milionários com a empreiteira. Ao detalhar o currículo, o empresário afirmou ser vendedor desde os 14 anos e não ter formação acadêmica. "Com o passar dos anos, foram aparecendo oportunidades, como a que me fez chegar aqui, a de trabalhar em Angola", disse ao colegiado.

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