quinta-feira, 30 de junho de 2016

Delta Construções: Mesmo considerada inidônea desde 2012, a empreiteira não parou de contar com recursos federais

O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) deflagraram na manhã desta quinta-feira a “Operação Saqueador” para cumprir cinco mandados de prisão em São Paulo, Rio e Goiás. Na mira das investigações está mais uma vez a empresa Delta Construções. Mesmo considerada inidônea desde 2012, a empreiteira não parou de contar com recursos federais.
De 2012 a 2015, a empresa recebeu R$ 897,3 milhões do governo federal. O levantamento do Contas Abertas não considera os valores repassados pelas empresas estatais, apenas da administração direta. Em 2016, o montante recebido pela Delta já alcançou R$ 7 milhões.
O ex-presidente da empreiteira, Fernando Cavendish e o ex-diretor da Delta, Cláudio Abreu, estão entre os alvos da operação deflagrada pela PF com o Ministério Público. Abreu foi preso, assim como o empresário conhecido como Carlinhos Cachoeira. Cavendish não foi encontrado em sua residência e, por isso, já é considerado foragido.
A Delta liderou o ranking de empreiteiras com recursos do orçamento da União desde 2007, quando o Programa de Aceleração do Crescimento foi implementado, até ser considerada inidônea no dia 13 de agosto de 2012.
A decisão da Controladoria Geral da União, hoje Ministério da Transparência, se baseou na conclusão do Processo Administrativo para apurar responsabilidades da Delta em irregularidades apontadas pela Operação Mão Dupla na execução de contratos para realização de obras rodoviárias do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
De acordo com o parecer final da CGU, a Delta “violou princípio basilar da moralidade administrativa ao conceder vantagens injustificadas (propinas) a servidores do DNIT no Ceará”.
Agora, de acordo com informações do Ministério Público, são investigados R$ 370 milhões em lavagem de dinheiro. “Foram verificados, até o momento, fortes indícios de transferências milionárias de recursos de referida empresa de engenharia para sociedades de fachada, possivelmente desviados de obras públicas. Para comprovação de tais desvios, está sendo realizada perícia contábil-financeira na sociedade investigada”, informa nota da PF.
As investigações da PF duraram cerca de 3 anos e começaram a partir do envio de documentação pela Comissão Mista Parlamentar de Inquérito instaurada no ano de 2012 para investigar um grupo que atuava em Góias.
Segundo a Federal, a apuração levou ao indiciamento de 29 pessoas suspeitas de desvios de recursos federais destinados para diversas obras públicas. Com base no Inquérito Policial da PF, 23 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal (MPF).
“O material foi imprescindível para o início das investigações na medida em que tais informações nominaram as empresas de fachada que supostamente recebiam valores desviados da pessoa jurídica investigada no presente apuratório”, aponta a Federal.
CONTAS ABERTAS

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