sexta-feira, 12 de agosto de 2016

O GADO NO RN



É bem antiga a notícia da existência de gado no Rio Grande, como era conhecida a Capitania. Veio principalmente de Pernambuco e da Paraíba, tangidos pelos colonizadores que pretendiam se fixar na região. Viajavam em comboios, tangendo gado e fincando nos tabuleiros o sinal de posse.               

A primeira sesmaria concedida, data de 09 de janeiro de 1600. O beneficiado foi João Rodrigues Colaço, que usou a terra recebida para a criação de gado, roçaria de milho, mandioca e feijão, conforme ficou documentado.

Com a existência de bons pastos, o gado que aqui chegava se multiplicava facilmente. Em 1630, Adriano Verdonck descrevia os arredores de Natal: “... Nesta região do Rio Grande há em quantidade e abundância gado, em muitos lugares porcos e em geral muitas galinhas. As pastagens são ali excelentes e os habitantes não têm outra riqueza senão o gado com que fazem muito dinheiro.\" Em 1633, o rebanho de gado Norte-rio-grandense era calculado em 20.000 cabeças. Depois de 1654, começou a penetração para o sertão. Atingem o Açu e ribeira do Upanema. Também vinha gado do Jaguaribe para as regiões planas de Mossoró, se espalhando para a Chapada do Apodi e vales cobertos de carnaúbas.

 

Como o gado era criado solto, era comum que vaqueiros entrassem mato adentro, na procura de rezes perdidas. Era comum também que nessas entradas, encontrassem pastagens novas e águas, o que ajudava a alargar ainda mais a penetração na terra desconhecida. Muitas cidades surgiram assim. Os velhos currais de gado foram os alicerces das futuras cidades. Dessa forma, a fazenda de gado foi de alguma forma, um processo de povoamento.

A pecuária fornecia tanto carne para a alimentação, como animal de tração e carga. O boi era usado para tracionar os moinhos de cana-de-açúcar nos engenhos, o cultivador na lavoura, o carro de boi para transportar todo tipo de carga, etc. O boi substituía o trabalho escravo, sendo mais barato e mais fácil de obter, devendo substituí-lo sempre que possível.

Durante o Domínio holandês, especialmente entre 1633 e 1654, o maior fornecimento de rezes para o consumo era feito pelos criadores de gado do Rio Grande. Em 1635 os conselheiros políticos exaltaram a conquista final desta capitania, como um benefício inestimável. Sem o Rio Grande, os soldados holandeses tão miseravelmente tratados, ficariam condenados a morrer de fome. Sem o Rio Grande, a alimentação da população de Pernambuco, em constante crescimento, seria uma coisa impossível. O Rio Grande era, portanto, a única região de onde se recebiam quantidades ponderáveis de farinha de mandioca e gado, tanto para os engenhos, como para a alimentação, atenuando as péssimas condições de vida para os moradores do Recife, no que diz respeito à alimentação.

O período de ocupação holandesa no Rio Grande do Norte foi de destruição, de aniquilamento, de martírio. Quando de sua expulsão, a Capitania estava arrasada. A população branca havia praticamente desaparecido, plantios e gado tudo havia sido destruído.

A recuperação da Capitania foi muito lenta. Mas a pecuária continuou sendo a principal ocupação dos seus habitantes.

Pelo Censo de 1992, o Estado do Rio Grande do Norte tinha um efetivo de 929.910 cabeças de gado, assim distribuídos: Zona do Litoral Oriental, 118.389; Zona do Litoral Norte, 86.426; Zona do Agreste, 185,102; Zona de Currais Novos, 39,991; Zona de Caicó, 110,470; Zona das Serras Centrais, 64,624; Zona do Alto Apodi, 157,387; Zona Mossoroense, 167,521.

blog Geraldo Maia

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