terça-feira, 20 de dezembro de 2016

O 'PIBINHO' POTIGUAR

O fraco desempenho da economia potiguar em 2014, segundo o superintendente da Unidade estadual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Aldemir Freire, foi compatível com o momento vivido pela economia brasileira naquele ano.
 
A pesquisa PIB dos Municípios 2014 divulgada na semana passada mostra que o Produto Interno Bruto do Rio Grande do Norte ficou abaixo da média do período 2002-2014 (3% ao ano). O estado alcançou a cifra de R$ 54 bilhões em 2014, representando 0,9% do PIB brasileiro.
 
"Em 2014 podemos dizer que já se mostravam os primeiros sinais da crise de crescimento da economia do país, que se agravou ao longo de 2015 e 2016", assinala Aldemir Freire.

No deserto de números positivos da economia local há situação que chamam atenção. Desde 2012 o estado vive a sua seca mais prolongada deste século. São cinco anos de estiagem e, mesmo assim, a agricultura (6,8%) e a pecuária (8,9%) tiveram variação positiva. 
 
"Eu diria que com a seca prolongada que atinge o Nordeste desde 2012 ocorreu um progressivo ajuste dos produtores agrícolas e pecuaristas do estado, e também dos entes governamentais, no sentido de melhorarem a convivência com o fenômeno", pontua o superintendente do IBGE no RN. Segundo ele, a partir daquele momento acentuou-se, por parte de produtores e criadores, a tendência de se utilizar mais irrigação nos territórios onde há uma disponibilidade maior de recursos hídricos subterrâneos e/ou superficiais.
 
A seca, explica Aldemir Freire, também ajudou os produtores a melhorarem suas estratégias de manejo e alimentação dos rebanhos com técnicas, por exemplo, de ensilagem e uso da palma forrageira. De acordo com ele, o Estado também atuou no fornecimento de milho subsidiado para melhorar a alimentação do rebanho. "Esses elementos acabaram por garantir uma recuperação parcial da produção agropecuária estadual, que havia sofrido em 2012 uma forte retração", analisa.
 
A indústria foi afetada por três fatores principais. O primeiro deles foi a continuação da tendência de declínio da produção de petróleo e gás no estado. Esse declínio remonta à primeira metade dos anos 2000 e segue por essa década. Tal queda, em função do esgotamento dos campos maduros existente no estado. O segundo fator foi a própria crise da economia nacional, com destaque para a queda da produção industrial naquele ano. O terceiro fator foi a desaceleração da indústria de construção civil. Esta sofreu no estado uma forte retração após o encerramento das obras de infraestrutura associadas à realização da copa do mundo.
 
Os resultados da pesquisa dos Municípios aponta mudanças na participação das atividades no PIB (valor adicionado) Nacional - 2002 e 2014. Houve queda na participação da Indústria Total (-2,6 pp), de 26,4% para 23,8%, redução na participação da Indústria de Transformação (-2,5 pp), de 14,5% para 12% e retração na participação da Geração, Distribuição de EE, Água e Gás (-1,5 pp), de 3,4% para 1,9%.
 
A tendência negativa atingiu a construção (-0,3 pp), de 6,5% para 6,2%, a participação da Agropecuária (-1,4 pp), de 6,4% para 5,0%. Em compensação houve aumento na participação dos Serviços (+ 4,0 pp), de 67,2% para 71,2%. e do comércio (+ 5,9 pp), de 7,0% para 13,6%.
 
No RN, em valores correntes, o PIB a preço de mercado, analisa a economista Sandra Cavalcanti, da Unidade de Economia e Estatística da Federação das Indústria do Rio Grande do Norte (FIERN), o PIB a preço de mercado passou de R$ 51,446 bilhões para R$ 54,023 bilhões entre 2013 e 2014, com crescimento real (com correção da inflação) de 1,6% no período.
 
Entre 2012-2013, o crescimento real do PIB potiguar foi de 4%. 

No período 2002-2014, o crescimento real acumulado do PIB potiguar correspondeu a 43,2% (média de 3% ao ano). Em relação ao conjunto do Nordeste a fatia de participação do PIB do RN recuou 0,4%, de 7,1% em 2013 para 6,7% em 2014.
 
A compilação dos números do IBGE feita pela economista da Fiern atesta que o RN cai em relação ao PIB per capita nacional. O PIB per capita do estado do RN passou de R$ 15.247,87 em 2013 para R$ 15.849,33 em 2014. Na comparação ao Brasil, a participação média do estado recuou de 57,6% para 55,6%, enquanto em relação à média nordestina caiu de 117,7% para 110,6%. Mesmo assim, permaneceu na 3ª posição, atrás de Sergipe (R$ 16.882,71) e Pernambuco (R$ 16.722,05).

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