A 'operação dama de espada' nunca despertou muito interesse dos meios de comunicação do RN, nem cobranças de explicações por parte da oposição, entidades da sociedade civil organizada, etc.
Comportamento que se torna cada vez compreensível, especialmente dos meios de comunicação que dependem de publicidade oficial e dos políticos que temem o próprio rabo aparecer no curso da investigação...
Nos bastidores o temor é grande, pois dizem que 'Ritinha' é uma espécie de arquivo vivo das últimas três décadas da cena política potiguar e das imbricações que os políticos potiguares sempre mantiveram com o judiciário, grandes empresários, etc... Caso tenha falado metade do que sabe 'figuras' poderosas do RN não terão sono por muito tempo.
A seguir a matéria do G1-RN e alguns comentários em azul.
Leia:
A ex-procuradora-geral da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte,
Rita das Mercês Reinaldo, afirmou ao Ministério Público Federal que o
governador Robinson Faria (PSD) embolsou cerca de R$ 100 mil por mês, entre
2006 e 2010, através da contratação de servidores fantasmas na AL. A denúncia
foi feita em acordo de delação premiada com o MPF.
Creio que Rita não falou apenas do período 2006-2010. Tal recorte deve ser em virtude da citação do nome do atual governador que tem foro no STJ. Rita deve ter 'piado' sobre muito mais, até porque o nome de Ricardo Motta já foi citado.
Outro ponto que merece lembrança é que as notícias sobre inclusão de 'fantasmas' em folhas de pagamento são antigas, por exemplo, Fernando Freire era apontado como beneficiário de esquema similar.
A 'bufunfa' que Robinson teria recebido, conforme 'Ritinha', aproxima-se de R$ 5 milhões no período. Somente Robinson. Imaginem o tamanho do rombo de um negócio desse?
As informações constam na decisão do ministro Raul Araújo, do Superior
Tribunal de Justiça (STJ), a qual teve acesso a repórter Camila Bomfim,
da TV Globo. O ministro expediu mandatos de busca e apreensão contra o
governador e a prisão temporária de dois servidores públicos ligados
a Robinson, dentro da operação Anteros, deflagrada na terça-feira (15).
A prisão de auxiliares ligados ao governador suscita a hipótese de que a prisão de Robinson tenha sido considerada e/ou pedida, inclusive porque se afirma que ocorreu uma 'operação controlada' da Polícia Federal para flagrar o pagamento de uma 'mesada' de R$ 5 mil pelo silêncio de 'Ritinha'.
Em nota, o governador Robinson Faria nega veementemente a prática de qualquer irregularidade durante
seu mandato de deputado estadual, encerrado em 2010, e reforça
que sempre esteve à disposição para prestar qualquer esclarecimento.
A negativa é o que se pode declarar, mas a situação é muito delicada e mais do que negar a intenção é demonstrar que se coloca à disposição do Judiciário.
Ainda de acordo com o documento, Robinson Faria tentou comprar o
silêncio de Rita das Mercês por meio dos assessores Magaly Cristina da Silva e
Adelson Freitas dos Reis, presos nesta terça. Em junho de 2017, eles procuraram
a filha de ex-procuradora e a própria Rita das Mercês, a quem ofereceram 'ajuda'
financeira para pagar dívidas de condomínio dela.
Caso tal 'oferta' tenha sido documenta pela PF a situação de Robinson se torna insustentável. E vale lembrar que o mais importante numa delação é a comprovação que o delator apresenta... 'Ritinha' para se livrar de uma longa jornada na cadeia terá que deixar muitos 'amiguinhos' com a bundinha no relento.
A defesa de Magaly Cristina da Silva disse que vai provar a inocência da
servidora na Justiça. O G1 não
conseguiu o contato com a defesa de Adelson Freitas.
Desvios na AL
Robinson começou a presidir a Assembleia em 2003. De acordo com a
delatora, a partir de 2006 ele passou a determinar a inclusão, na folha de
pagamento, de pessoas que "não exerciam quaisquer funções no órgão, com o
único objetivo de desviar recursos públicos oriundos de suas remunerações em
favor do presidente e de outras pessoas".
Além de Robinson muitas 'outras pessoas' estão ansiosas com a possibilidade de receberem visitas de federais ao amanhecer. Alguns apostam que não demorarão muito.
Rita afirmou que inicialmente foram nomeadas pessoas para cargos em
comissão que existiam na estrutura do Legislativo, mas que não exerciam nenhuma
atividade. O pagamento era feito com propositadamente por meio de
cheques-salário que eram descontados pelo envolvidos no esquema dentro de uma
agência na própria Assembleia e eram repassados ao governador através de
assessores dele.
Tais pagamentos já tinham sido utilizados no esquema dos 'gafanhotos', mas NINGUÉM se deu conta que algo de errado poderia se repetir com tal forma absurda. É lamentável que o controle interno não tenha emitido nenhum alerta e, mais ainda, é estarrecedor que o controle externo não tenha 'percebido' tais procedimentos.
No RN vale a máxima de que o poderoso de plantão pode tudo.
Segundo a delatora, quando não havia mais cargos disponíveis na AL, o
então presidente mandou que fossem incluídas pessoas na folha para recebimento
de gratificações. Quando esse tipo de nomeação também se esgotou, uma novo
formato o grupo encontrou outra solução para continuar os desvios.
Como isso foi possível? Somente considerando plausível um 'tô nem aí' geral. O entulhamento na folha de pagamento da Assembleia é a veia exposta do apadrinhamento no RN e ampla o suficiente para atender 'gregos e troianos'. O silêncio ensurdecedor sobre o assunto é a prova mais cabal de que nada foi surpresa.
"A terceira modalidade de desvio surgiu em razão da inexistência de
cargos comissionados livres e da extrapolação do número de gratificações
passíveis de serem concedidas. Diante deste cenário, de acordo com Rita das
Mercês, Robinson Faria determinou a arregimentação de pessoas e a simples
inclusão na folha de pagamento, sem que fossem nomeadas para algum cargo ou
mesmo designados para o recebimento de gratificação", diz o documento.
As investigações contra o governador Robinson Faria surgiram a partir da
Operação Dama de Espadas, do Ministério Público Estadual, que apurava a
existência de servidores fantasmas na ALRN. O filho de Rita das Mercês, Gutson
Reinaldo, foi o primeiro a fechar acordo de delação premiada. Como ele citou o
governador Robinson Faria, que tem foro privilegiado, o caso chegou ao Superior
Tribunal de Justiça.
Um dos principais alvos da operação, a ex-procuradora
procurou diretamente o MPF para propor a delação. Outro filho dela, Gustavo
Villarroel, também fechou acordo.
A defesa de Rita das
Mercês e do filho dela, Gustavo Villarroel, disse que tudo vai ser esclarecido
com a Justiça e os órgão de investigação.
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