O ex-ministro Henrique Alves (PMDB) usou pelo menos R$ 11 milhões para
comprar apoio político nos dois turnos da campanha para governador do Rio
Grande do Norte, em 2014.
A informação está na delação do empresário Fred
Queiroz, preso na Operação Manus, deflagrada no dia 6 de junho. A
investigação apurava fraudes de R$ 77 milhões na construção da Arena das Dunas.
Henrique Alves segue preso em Natal.
A defesa de Henrique Eduardo Alves refutou as acusações. "Até o
início da próxima semana iremos apresentar em Juízo a defesa e temos certeza
que provaremos a inocência de nosso cliente no curso da instrução do
processo", informou.
De acordo com o relato de Queiroz, ao qual o G1 teve acesso, o ex-presidente da Câmara Federal
usou R$ 7 milhões, em espécie, para comprar apoio de lideranças políticas em
todo o estado. No segundo turno, do total de R$ 9 milhões que a empresa de
Fred, a Prátika Locações, recebeu, R$ 4 milhões foram distribuídos entre
aliados do então candidato.
A delação foi firmada no dia 17 de julho e homologada na última quinta-feira (24) pela Justiça Federal.
O delator entregou ao Ministério Público Estadual e à Procuradoria da
República no Rio Grande do Norte planilhas com o detalhamento do recebimento e
distribuição dos recursos. Entre os beneficiários estavam vereadores,
prefeitos, ex-prefeitos e deputados estaduais.
Segundo Fred Queiroz, coordenadores da campanha de Henrique Alves
consideravam que precisavam de R$ 10 a R$ 12 milhões para conseguir apoio de
lideranças em todo o RN. Alves então teria tentado viabilizar cerca de R$ 7
milhões com as empresas Odebrecht e JBS.
De acordo com a delação, no dia 28 de setembro o assessor pessoal do
ex-ministro, José Geraldo, teria ido até um hotel na Via Costeira, em Natal,
para receber um montante entre R$ 5 e R$ 7 milhões 'provenientes da pessoa de
Joesley'. O dinheiro foi entregue por um casal que chegou a Natal em um avião
particular e cujos nomes foram repassados pelo publicitário Arturo Arruda, que
trabalhava na captação de recursos para a campanha. Segundo Fred Queiroz, o
valor não foi declarado na prestação de contas à Justiça Eleitoral.
O dinheiro foi levado dentro de uma mala para a casa da sogra do
assessor. No dia seguinte, o coordenador da campanha no interior, Benes
Leocádio, atual presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte,
foi até a residência com uma relação de pessoas que seriam beneficiárias dos
valores.
Fred afirmou aos investigadores que no segundo turno a pressão por mais
dinheiro aumentou, mas a captação estava mais difícil devido à Operação Lava
Jato. Enviado por Arturo Arruda, o empresário viajou até São Paulo, onde
recebeu R$ 1 milhão de um assessor de Henrique Alves, nomeado apenas como
Norton. O recurso foi depositado dividido em várias contas, sendo que R$ 500
mil foram para a Prátika Locação de Equipamentos LTDA.
Ainda de acordo com a delação, Benes Leocádio saiu da campanha por causa
da dificuldade em se obter recursos. Outro aliado de Henrique teria procurado
Fred informando que a campanha receberia entre R$ 3 e R$ 4 milhões por meio de
doações oficiais, mas eles precisariam usar o contrato com a empresa para
distribuir o dinheiro. O recurso foi repassado para as contas da Prátika,
entretanto, apenas R$ 200 mil ficaram retidos na empresa. O restante foi sacado
em espécie e entregue em mãos ao outro assessor.
O Ministério Público Federal já apontava, à época da prisão de Henrique Alves, que o dinheiro
recebido em troca de favores teria sido usado para compra de apoio político na campanha de 2014.
O advogado Artêmio Azevedo, que defende o publicitário Arturo Arruda,
afirmou que “Fred fez uma negociação para se livrar da pena e apresentou
informações inverídicas para isso. E sequer demonstra ou traz provas sobre o
que disse”. Artêmio disse ainda que a defesa vai provar na justiça que todos os
valores recebidos por Arturo na campanha eleitoral de 2014 são fruto de
trabalhos de publicidade.
Benes Leocádio, atual presidente da Federação dos Municípios do Rio
Grande do Norte, informou, através da assessoria, que não vai se pronunciar
sobre o assunto.
O G1 tentou falar com José Geraldo, mas as ligações
não foram atendidas.
Operação
A operação Manus foi deflagrada em 6 de junho
deste ano e investigou corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro na
construção da Arena das Dunas.
No dia 20 de junho, o Ministério Público Federal denunciou Henrique Eduardo Alves e
Eduardo Cunha por terem recebido propinas disfarçadas de
doações eleitorais, oficiais e não oficiais. Em troca do suborno, afirma o MPF,
eles teriam atuado para favorecer empreiteiras como OAS e Odebrecht nas obras
da Arena das Dunas, em Natal, uma das sedes da Copa do Mundo de 2014.
Além dos dois peemedebistas, o MPF também denunciou, no mesmo processo,
o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, o ex-dirigente da Odebrecht Fernando Reis,
o empresário Fred Queiroz, aliado político de Henrique Alves, e o publicitário
Arturo Silveira Dias de Arruda Câmara, cunhado do ex-ministro do Turismo.
G1-RN
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É interessante observar que não tem cabimento o ministério público celebrar acordo de delação sem que ocorra a apresentação de provas robustas para sustentação das acusações, logo a caixa preta do delator deve ter interessado aos procuradores.
Também é provável, pela proximidade e conhecimento dos subterrâneos das campanhas e supostas falcatruas perpetradas, que o delator tenha aberto o gogó sobre outras empresas de fachada utilizadas e sobre inúmeros 'amiguinhos' históricos de Henrique.
Ademais, como todos com alguns neurônios aptos sabem: campanhas no RN funcionam com compra e venda de apoios e votos, mas MUITOS teimam em não enxergar.
O link abaixo remete para uma postagem sobre uma denúncia já formalizada pelo ministério público em que consta uma lista com alguns políticos citados como prováveis beneficiários.
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