terça-feira, 7 de novembro de 2017

O algodão e a vida urbana

Uma retrospectiva sobre a economia do Rio Grande do Norte desde a etapa colonial até a economia capitalista exportadora (passando pela economia escravista exportadora do século XIX) revela uma certa peculiaridade. 

É que, ao contrário da maioria dos estados do Nordeste, o Rio Grande do Norte não teve marcadamente uma herança colonial escravista. Aqui o açúcar não teve no período colonial e no império a mesma importância que em outras províncias, como a de Pernambuco, por exemplo. 

Até meados do século XIX, a pecuária e não a cana de açúcar, foi a atividade econômica predominante. Considerando-se que, na configuração do “complexo nordestino” a Zona da Mata representava o reduto da cana-de-açúcar e o Agreste e o Sertão se configuravam como área por excelência do binômio gado-algodão, temos um quadro em que só os limites “natural e geográfico” já chegam a definir o RN como uma economia não açucareira. 

Aqui a Zona da Mata e o Agreste representam em termos espaciais, uma porção bem reduzida do território. A ocupação do Sertão no Rio Grande do Norte não diferiu dos demais estados nordestinos e se deu por meio da expansão da pecuária nos séculos XVI, XVII e XVIII. 

Ao mesmo tempo em que a pecuária extensiva determinava para o interior a mesma estrutura fundiária vigente no litoral onde predominava o latifúndio açucareiro, as próprias condições do meio (terra inóspita, vulnerável às adversidades climáticas, distantes das zonas comerciais) excluíam o tipo do grande agricultor senhor de léguas e léguas cultivadas (DANTAS, 1979, p.64). 

Desta feita, ocorre uma distinção entre a agricultura do Agreste e Sertão no que se refere à exploração agrícola do solo, sendo porém necessário reter que, tanto no litoral como no interior, emergia a figura do latifundiário, senhor de terras e de poder sobre vasto território; enfim, oligarca com autonomia e funções que a propriedade privada do solo lhe permitia estender para além da agricultura.

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