domingo, 12 de abril de 2020

COVID-19: COVAS COLETIVAS NOS EUA E 'ALUCINADOS' NO BRASIL

Faz tempo que não acompanho os 'debates acalorados' nas redes sociais. Na verdade, desde o começo da disputa eleitoral passada que verifiquei a 'alucinação' de muitas pessoas e passei a ignorar as posições extremistas dos 'debatedores'.

Lendo algumas notícias de jornais e dando uma olhada nos comentários das matérias sobre a COVID-19 percebo que o acirramento nos posicionamentos passou para uma fase mais perigosa.

Muitas pessoas fazem 'chacotas' sobre as medidas de distanciamento social, estimulam comportamentos de desobediência as recomendações das autoridades sanitárias, desdenham dos riscos de contaminação e da letalidade do Coronavírus.

Enfim, para muitas pessoas não interessa agir com razoabilidade, interessa fazer crê que existe 'apenas' uma tentativa dos comunistas tumultuarem o funcionamento do capitalismo para derrubar governos, como o do atual chefe do Poder Executivo brasileiro. Alguns dizem que tais indivíduos desejam 'politizar a COVID-19' e 'ganhar' a disputa ideológica com os partidários da esquerda.

A 'alucinação' do período eleitoral piorou. Estimula-se a 'produção industrial' de cadáveres. É provável que os 'estrategistas' que defendem a retomada da 'vida normal' acreditem que morrerão mais 'comunistas' [nordestinos, pobres, negros, idosos etc.] e que os 'danos colaterais' com a morte de 'progressistas' seriam suportáveis [perdas de 'guerra] frente à eliminação de maior número de 'inimigos comunistas'. É alucinante? É!

Li matéria da BBC [reproduzida AQUI] sobre a existência de covas coletivas em New York, com um título bem sugestivo: "O que está por trás das imagens da vala comum para mortos do coronavírus em Nova York".

Diz o texto: "A percepção do tamanho da tragédia do coronavírus na cidade de Nova York ganhou novos contornos depois que vieram à tona imagens de pessoas com trajes especiais enterrando caixões em valas comuns nesta sexta-feira (10)."

"Nova York tinha cerca de 170 mil casos. Isso representa quase 10% de todos os casos registrados no mundo até agora, cerca 1,65 milhão. Os Estados Unidos lideram com 484 mil.
A cifra supera os casos registrados na Espanha (157 mil) e na Itália (143 mil). Mas o número de mortes é menor: 7.844 em Nova York, ante 15.970 em território espanhol e 18.849 em território italiano."

A situação parece crítica? Parece. É muito crítica.

O presidente americano, no começo da crise sanitária, também desdenhava da situação. Entretanto parece que a 'ficha caiu' e encadeou uma série de medidas, nas áreas da saúde e economia, que não encontra paralelo na história recente.

O preço da desídia inicial será muito alto. Muitas covas coletivas, muitos caixões e, provavelmente, custará a reeleição do Sr. Trump.

Veja que não se pode comparar a capacidade americana com a de qualquer outro país no mundo. Estão muito a frente no aspecto econômico, científico, tecnológico... Mas, como se percebe, os americanos não estão incólumes a teimosia, burrice, negligência, etc. dos decisores políticos.

O governador do estado de New York comparou a COVID-19 com o 11 de setembro e afirmou que o 'distanciamento social' vem funcionando para diminuir o potencial destrutivo da doença.

As estimativas de mortes nos EUA caíram para 60 mil. Antes as autoridades estimavam de 100 a 200 mil mortes [as autoridades chegaram a projeções de 2,2 milhões de mortes].

Duas coisas chamaram minha atenção.
1) As autoridades ainda estimam uma quantidade de 60 mil mortes.
Reitero: trata-se da maior economia do planeta e mesmo assim ainda se projeta 60 mil mortes. O que dizer de países como o Brasil? O que se deve esperar?

2) As estimativas foram reduzidas a partir das medidas adotadas, especialmente o distanciamento social. 
Ora, no Brasil se defende, até o presidente, e cada vez se pratica o desrespeito ao distanciamento social. Assim, por que menosprezar as estimativas que sinalizam para um número muito maior de mortes para o Brasil?

A matéria ainda trata da disparidade racial da COVID-19. "Há também um recorte racial no impacto da doença. Na cidade de Chicago, no Estado de Illinois, 70% das pessoas que morreram de covid-19 eram negras, sendo que elas representam 30% da população de 2,7 milhões de habitantes."
"Dados de outros Estados americanos, como Louisiana, Mississippi, Michigan, Wisconsin e Nova York, refletem a mesma disparidade racial nas infecções e mortes por coronavírus."

Ainda não é possível assegurar que a população negra seja mais suscetível a doença. A explicação mais provável é que a questão social seja determinante. Morrem mais negros por que são mais pobres. Eis a questão. 

Por isso, os 'alucinados' daqui do Brasil consideram interessante a possibilidade de 'eliminar', sem sujar diretamente as mãos de sangue, os 'inimigos' do governo [pobres, negros, favelados, nordestinos...].

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