quarta-feira, 8 de novembro de 2023

David Ricardo e a teoria da renda da terra

Introdução

A teoria da renda da terra, proposta pelo economista britânico David Ricardo no século XIX, desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da economia política clássica. Através de suas análises, Ricardo lançou bases para compreendermos como a renda da terra é gerada e como ela afeta a distribuição de renda na sociedade.

A teoria da renda da terra, conforme desenvolvida por David Ricardo, é um conceito central na economia política clássica e continua a ser uma parte fundamental do pensamento econômico.

No início do século XIX, Ricardo expandiu e aprofundou as ideias de Adam Smith sobre a renda da terra em sua obra “Princípios de Política Economia e Tributação” (1817).

De forma preliminar, exploraremos as ideias de David Ricardo sobre a renda da terra.

Contextualização

David Ricardo (1772-1823) estava preocupado em explicar o crescimento econômico. Seu objetivo principal era saber como a riqueza produzida na sociedade se distribuía entre as classes sociais: Proprietários latifundiários, Capitalistas, Trabalhadores.

Ricardo também criou o conceito de produtividade marginal decrescente, que expressa a relação econômica da utilização de unidades adicionais de trabalho. Ele previu que se tudo permanecesse constante, o produto marginal seria reduzido a cada unidade incremental ao processo produtivo.

Ricardo constatou que a relação entre aumento de capitais e queda nos lucros não vinha acontecendo. Propôs então uma interpretação do lucro como resíduo, após a dedução dos demais custos de produção.

Ricardo também observou que, ao contrário de Smith, há oposição dos salários e dos lucros na formação de preços. Quando há elevação do salário, há queda do lucro. O salário se estabelece, para Ricardo, pela interação entre oferta e demanda.

Ricardo também sugeriu que os países poderiam se especializar na produção dos bens em que tivesse um custo de oportunidade menor para produzi-lo. A ideia de Ricardo se associava ao conjunto de benefícios do livre comércio e ao prejuízo de políticas protecionistas.

Pelas inúmeras contribuição David Ricardo foi um dos principais representantes da escola clássica de economia, elaborou suas teorias durante a Revolução Industrial, um período marcado por profundas transformações econômicas e sociais na Inglaterra.

A sua teoria da renda da terra surgiu como resposta às mudanças na agricultura e na produção de alimentos, bem como às crescentes pressões sobre a terra.

A teoria da renda da terra

O conceito de renda da terra, de acordo com Ricardo, pode ser apresentado da seguinte maneira: como a parte do valor do produto total que resta ao proprietário após o pagamento de todas as despesas. Ele também a definiu como a diferença entre o total produzido em relação ao que é produzido na última terra cultivável.

Ricardo argumenta que a renda da terra surge da diferença na produtividade da terra, com terras de qualidade superior gerando uma renda maior. Ele baseia sua teoria na premissa de que, à medida que a sociedade cresce e a demanda por alimentos e recursos naturais aumenta, terras de qualidade inferior precisam ser cultivadas para atender a essa demanda crescente. Isso significa que, para produzir a mesma quantidade de alimentos ou recursos naturais, é necessário investir mais trabalho e capital na produção em terras de qualidade inferior em comparação com terras de qualidade superior.

Como resultado, os agricultores que possuem terras de qualidade superior podem obter uma produção mais eficiente e, portanto, uma renda maior, sem necessariamente aumentar seus próprios esforços ou investimentos. Essa renda adicional, que é um excedente além dos custos de produção, é o que Ricardo chama de “renda da terra”.

Assim, de acordo com Ricardo, a renda da terra é uma diferença entre a produtividade da terra marginal e a produtividade da terra mais fértil utilizada na produção agrícola. Isso significa que a renda da terra não é uma recompensa pelo trabalho ou pelo investimento, mas sim uma renda derivada da fertilidade relativa da terra: "a renda é paga pela natureza gratuitamente”.

A Teoria da Renda Diferencial da Terra

Ricardo também desenvolveu o conceito de renda diferencial, que afirma que, à medida que a demanda por alimentos e terras aumenta devido ao crescimento populacional, terras menos férteis precisam ser cultivadas. Isso implica que a renda da terra tende a aumentar ao longo do tempo, à medida que a sociedade se expande e a terra disponível se torna mais escassa.

David Ricardo elaborou a teoria da renda da terra com base na diferença de produtividade das terras utilizadas na agricultura. Sua teoria se baseia na ideia de que a terra é um recurso limitado e que diferentes parcelas de terra possuem diferentes níveis de fertilidade. A renda diferencial da terra é uma diferença entre a produtividade da terra marginal, ou seja, uma terra menos fértil em uso, e uma terra mais fértil em produção.

A “lei da renda diferencial” estabelece que, à medida que a demanda por alimentos e terras aumenta devido ao crescimento populacional, terras menos férteis precisam ser cultivadas, resultando em um aumento da renda da terra.

Lei dos Rendimentos Decrescentes na agricultura

A Lei dos Rendimentos Decrescentes considera que as terras mais férteis são cultivadas antes que as menos férteis.

Ricardo acreditava que os rendimentos decrescentes na agricultura têm origem no fato de que a superfície agrícola é tecnicamente diferenciada, não tendo nenhuma relação com a proporção na qual trabalho e terra são empregados no processo produtivo.

A teoria dos rendimentos decrescentes de Ricardo mostrou as conexões da renda da terra com a taxa de lucro e com a acumulação de capital e o consequente antagonismo entre proprietários de terra e capitalistas.

Conclusão

A teoria da renda da terra de David Ricardo é uma contribuição para a economia e suas ideias sobre a renda da terra, a lei da renda diferencial e demais ideias elaboradas ainda influenciam o debate econômico atual.

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A renda diferencial da terra de David Ricardo, por Paulo Gala

A renda diferencial da terra, conforme concebida pelo economista David Ricardo, refere-se à diferença de produtividade e qualidade entre diferentes parcelas de terra utilizadas na agricultura. 

Ricardo argumentava que, à medida que a população aumenta e a demanda por alimentos cresce, é necessário cultivar terras menos férteis ou utilizar terras já em uso de forma mais intensiva. Isso resulta em um aumento dos custos de produção, pois mais trabalho e capital são necessários para obter a mesma quantidade de alimentos. 

A renda diferencial surge quando terras mais férteis e bem localizadas são capazes de produzir mais com menos esforço ou recursos. Essas terras privilegiadas têm uma vantagem produtiva em relação às terras marginais. Consequentemente, os proprietários de terras férteis podem obter uma renda adicional, conhecida como renda diferencial, ao arrendar ou vender o uso de suas terras para a produção agrícola. 

Em relação aos salários dos trabalhadores, a renda diferencial da terra não está diretamente relacionada. Ricardo argumentava que, em uma economia de crescimento populacional, os salários tenderiam a se manter em um nível de subsistência, pois o aumento da oferta de trabalhadores pressionaria os salários para baixo. A renda diferencial da terra não afetaria diretamente a parcela do produto destinada aos salários.

No que diz respeito ao lucro dos capitalistas, a renda diferencial da terra também não possui uma relação direta. Ricardo sustentava que o lucro era determinado pela taxa de juros e pelas condições gerais de oferta e demanda. 

No entanto, a renda diferencial da terra pode indiretamente afetar os lucros em setores específicos da economia, como a agricultura. Se a renda diferencial for alta o suficiente, pode aumentar os custos de produção agrícola e reduzir a margem de lucro dos agricultores. A renda da terra, incluindo a renda diferencial, representa uma parcela da receita gerada pela produção agrícola. 

Ricardo argumentava que, à medida que a população aumenta e mais terras menos férteis são cultivadas, a renda da terra aumenta devido à necessidade de usar terras de menor qualidade. Essa renda é vista como uma forma de remuneração passiva para os proprietários de terras, que se beneficiam do acesso a recursos naturais escassos e valiosos. 

Em resumo, a renda diferencial da terra, conforme concebida por Ricardo, refere-se à vantagem produtiva e à renda adicional obtida pelos proprietários de terras mais férteis. Essa renda não está diretamente relacionada aos salários dos trabalhadores ou aos lucros dos capitalistas, mas pode indiretamente afetar os custos de produção e os lucros em setores agrícolas específicos.

AQUI

O urbano de São Miguel/RN no século XXI

 

Resumo

O artigo tem como objetivo: Analisar o processo de expansão urbana de São Miguel/RN, no século XXI, uma pequena cidade situada no Semiárido. Foram adotados os seguintes procedimentos metodológicos: pesquisa descritiva, com abordagem quali-quantitativa; sendo baseado em estudo bibliográfico, documental e observação direta. Verificou-se que a cidade apresentou três formas de expansão urbana: expansão do PU, através da aprovação de Leis Municipais, crescimento da cidade a partir do aumento da mancha edificada e a partir do parcelamento do solo, para fins habitacionais e/ou para implantação de empreendimentos. Conclui-se que ocorreu o aumento da população, especialmente a urbana, e foi ampliado o espaço físico edificado da cidade.

Artigo completo: AQUI

DIVULGAÇÃO: Revista Geopauta - vol. 7, 2023

 

v. 7 (2023): Geopauta

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Edição Número 7, 2023

Publicado: 2023-05-07
Artigo:

terça-feira, 7 de novembro de 2023

PAU DOS FERROS-RN: Polo regional de comércio e prestação de serviços

A cidade de Pau dos Ferros, localizada no Alto Oeste do Rio Grande do Norte, tem emergido como um importante polo regional de comércio e prestação de serviços nas últimas décadas. Com uma história rica, que remonta ao período colonial, e uma localização geográfica estratégica, a cidade tem desempenhado um importante papel econômico na região.

O comércio em Pau dos Ferros, notoriamente, tem experimentado um crescimento significativo nas últimas décadas (apresento, no final, algumas referências que tratam sobre o comércio e demais serviços em Pau dos Ferros/RN). A cidade apresenta ampla variedade de lojas, supermercados, atacarejos, shopping center etc., que atendem às necessidades dos moradores locais e dos municípios vizinhos, característica que tem impulsionado a economia local.

A prestação de serviços também desempenha um papel fundamental na economia de Pau dos Ferros. A cidade tornou-se um centro para uma variedade de serviços, com destaques para as áreas da saúde e educação. A cidade conta com hospitais, clínicas, escolas e universidades, bem como com boas opções de entretenimento e lazer. Esses serviços não atendem apenas às necessidades da população local, mas também atraem pessoas de municípios vizinhos, tornando Pau dos Ferros um polo regional atrativo para visitantes e consumidores do entorno.

Além disso, pode-se destacar algumas melhorias na infraestrutura urbana, com destaques para a construção da Praça de Eventos e pavimentação asfáltica de diversas avenidas e ruas centrais. Tais melhorias contribuem para atrair visitantes e para melhorar a trafegabilidade. Por outro lado, as rodovias de acesso à cidade se encontram em condições inadequadas, especialmente as RN's.

Assim, temos o contraste: posição geográfica estratégica de Pau dos Ferros, como centro de comércio e serviços, que contribui para o crescimento econômico; e estradas de acesso à cidade com qualidade insatisfatória, que dificultam o acesso de pessoas e mercadorias à cidade, impactando negativamente as conexões com outras regiões do estado e do Nordeste do Brasil e, consequentemente, limitando o crescimento econômico.

Outro potencial problema é a baixa diversificação da economia. Pau dos Ferros, de fato, conta com uma vocação comercial e prestação de serviços, mas não apresenta um setor industrial capaz de potenciar a economia; o setor agropecuário vem perdendo relevância econômica ao longo do tempo e; não existem atrativos turísticos (apenas durante a realização de poucos eventos, como a Feira Intermunicipal, tem-se alguma circulação de turistas).

Em resumo, Pau dos Ferros, no Rio Grande do Norte, tem se destacado como um polo regional de comércio e prestação de serviços devido a uma combinação de fatores, incluindo uma localização estratégica, oferta de serviços especializados em saúde, concentração de equipamentos educacionais, melhorias na infraestrutura local e que, consequentemente, vem atraindo investimentos no mercado imobiliário e nas áreas de comércio e prestação de serviços.

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Referências:

BARRETO FILHO, Boanerges de Freitas. Pau dos Ferros/RN no contexto regional – um panorama. Revista Política e Planejamento Regional - RPPR – Rio de Janeiro – vol. 10, nº 2, maio– agosto de 2023, p. 157 – 185. ISSN 2358-4556.

DANTAS, Joseney Rodrigues de Queiroz. As cidades médias no desenvolvimento regional: um estudo sobre Pau dos Ferros (RN). 2014.

FARIAS, Fablênia Tatiany de. Comércio e cidade: processos e formas espaciais em Pau dos Ferros/RN. 2015. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

RÊGO, Jéssica Raquel Gurgel; BARRETO FILHO, Boanerges de Freitas. Dinâmica do comércio varejista em Pau dos Ferros (RN)(2008-2018)Revista Baru-Revista Brasileira de Assuntos Regionais e Urbanos, v. 6, p. e8168-e8168, 2020.

SILVA, Franciclézia de Sousa Barreto. As faces e os disfarces da informalidade no capitalismo contemporâneo: um estudo do comércio de rua em Pau dos Ferros/RN. 2011. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

DANTAS, Joseney Rodrigues de Queiroz; CLEMENTINO, Maria do Livramento Miranda; FRANÇA, Rosana Silva de. A cidade média interiorizada: Pau dos Ferros no desenvolvimento regional. Revista Tecnologia e Sociedade, v. 11, n. 23, p. 129-148, 2015.

SILVA, Franciclézia Sousa Barreto; GUERRA, Eliana Costa; DANTAS, Joseney Rodrigues de Queiroz. DESVELANDO ASPECTOS E LÓGICAS DA REPRODUÇÃO CAPITALISTA NO ESPAÇO: UM ESTUDO NO COMÉRCIO DE RUA EM PAU DOS FERROS/RN. RDE-Revista de Desenvolvimento Econômico, v. 17, n. 32, 2016.

QUEIROZ, Ana Paula de; SILVA, Franciclézia de Sousa Barreto. A dinâmica do comércio varejista de Pau dos Ferros no âmbito do crescimento das cidades: apreciações. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 1, p. 1313-1332, 2020.

BARROS, Vinícius Freitas; PAIVA , Lareska Úrsula de Souza; BEZERRA, Josué Alencar. Atividades e Formas de Comércio Urbano: novos espaços de consumo da cidade de Pau dos Ferros (RN). Geografia (Londrina), v. 31, n. 1, p. 117-135, 2022.