sábado, 22 de outubro de 2011

Novos paradigmas no semiárido brasileiro: a experiência da ASA


A Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), “é um fórum de organizações da sociedade civil, que vem lutando pelo desenvolvimento social, econômico, político e cultural do semiárido brasileiro” (ASA Brasil, 2010).

Criada em 1999, esta rede se define como uma articulação que “trabalha na promoção e implementação de políticas públicas adequadas à região, por meio de uma proposta de convivência com o semiárido” assentada, entre outros, nos seguintes eixos: promoção da agricultura familiar de base agroecológica; respeito às etnias; valorização do conhecimento dos agricultores e agricultoras; promoção das relações equitativas de gênero; democratização do acesso à terra e à água; combate à desertificação; educação para a convivência com o semiárido.

A ASA aparece de modo extremamente natural e pertinente quando se elabora um elenco de “casos” que aportem para o debate sobre “novos paradigmas de produção e consumo”, pois ela trata da produção de alimentos numa região sempre considerada imprópria à produção, e se volta a uma produção capaz de gerar um consumo diverso e saudável para aqueles que, um dia, já foram os famintos e
desnutridos de nosso país, os “homens gabiru”.

No entanto, este estudo trouxe muito mais que o esperado, pois a experiência da ASA tem contribuído para produzir um novo paradigma do que seja o sucesso, numa terra de insucessos e de bem viver, numa terra de privações.

Atualmente, está articulada em dez estados brasileiros que possuem o ecossistema semiárido: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.

A ASA é integrada por mais de 700 entidades dos mais diversos segmentos, como igrejas católicas e evangélicas, ONGs de desenvolvimento e ambientalistas, associações de trabalhadores rurais e urbanos, associações comunitárias, sindicatos e federações de trabalhadores rurais.

A missão da ASA é “fortalecer a sociedade civil na construção de processos participativos para o desenvolvimento sustentável e a convivência com o semiárido, referenciados em valores culturais e de justiça social” (ASA Brasil, 2010).


O trabalho desenvolvido pela ASA-Brasil merece o reconhecimento de todos nós e o projeto de construção de cisternas melhorou a qualidade de vida de milhares de pessoas.

O Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) é uma das ações do Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semi-Árido da ASA. Ele vem desencadeando um movimento de articulação e de convivência sustentável com o ecossistema do Semiárido, através do fortalecimento da sociedade civil, da mobilização, envolvimento e capacitação das famílias, com uma proposta de educação processual.

O objetivo do P1MC é beneficiar cerca de cinco milhões de pessoas em toda região semiárida com água potável para beber e cozinhar, através das cisternas de placas. Juntas, elas formam uma infraestrutura descentralizada de abastecimento com capacidade para 16 bilhões de litros de água.

O programa é destinado às famílias com renda até meio salário mínimo por membro da família, incluídas no Cadastro Único do governo federal, e que residam permanentemente na área rural e não tenham acesso ao sistema público de abastecimento de água. Além desses critérios, terão prioridade:

• Mulheres chefes de família
• Famílias com crianças de 0 a 6 anos
• Crianças e adolescentes frequentando a escola
• Adultos com idade igual ou superior a 65 anos
• Portadores de necessidades especiais

Desde que surgiu, em 2003, até os dias de hoje, o P1MC construiu mais de 300 mil cisternas, beneficiando mais de 1,5 milhões de pessoas. Para que esses resultados pudessem ser alcançados, a ASA conta com a parceria de pessoas físicas, empresas privadas, agências de cooperação e do governo federal.

Confira mais dados sobre o P1MC: Resultados

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