quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A festa dos ratos


O PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) mergulhou no passado para dele extrair um filmete que seu maior rival, o PT (Partido dos Trabalhadores), usou faz nove anos, para demonstrar que a política brasileira era um ninho de ratos corroendo o país.
O filmete do PT começa com uma imagem, que ficou famosa à época, por mostrar ratos comendo a bandeira do Brasil, uma clara tentativa de mostrar indignação com a corrupção disseminada.
Foi antes de o PT chegar ao poder federal. Agora, que nele está instalando há nove anos, vem a vingança dos rivais: no filmete do PSDB que está no ar, aproveitando o horário de propaganda política assegurado pela legislação, um locutor mostra a propaganda petista e diz:
"Há nove anos, nessa propaganda, o PT anunciava que, se o Brasil não acabasse com a corrupção, a corrupção iria acabar com o Brasil. Há nove anos, o PT está no poder... e o que era apenas uma propaganda do PT [aparece um rato comendo um pedaço da bandeira, arrotando e dando risada]... virou a realidade deste governo".

Desgraçadamente, os dois lados parecem ter razão na sua propaganda: hoje, com o PT, antes, com outros partidos, PSDB inclusive, os ratos fazem a festa com recursos públicos.


Pior: a maior parte dos políticos não tem o menor pudor em assumir imoralidades. Caso mais recente: Cândido Vaccarezza, deputado do PT e líder do governo na Câmara dos Deputados, saiu em defesa do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, sobre o qual pesa a acusação (a mais recente entre tantas) de que foi funcionário fantasma da Câmara: passou seis anos ganhando sem aparecer na Casa. Vivia no Rio de Janeiro.

Vaccarezza não vê nenhum problema nessa situação, a partir do argumento escandaloso de que todo mundo faz a mesma coisa.

"A maioria [dos assessores de deputados] jamais pisou na Câmara. Porque a maioria dos funcionários dos deputados fica nos Estados", conformou-se Vaccarezza, em vez de indignar-se com essa imoralidade coletiva.

Não é apenas uma imoralidade. É ilegal também, pois é obrigatório que trabalhem em Brasília os ocupantes de Cargos de Natureza Especial, rótulo que serve para remunerar suculentamente os amigos dos parlamentares elevados a cargos públicos.

Lupi é do PDT (Partido Democrático Trabalhista), Vaccarezza é do PT, mas o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, também já foi flagrado pela mídia dando emprego a até oito parentes de um assessor em seu gabinete oficial (portanto pago com dinheiro público) de Recife (Pernambuco), bem longe de Brasília.

Tudo somado, parece evidente - e triste - que todo partido que sair do governo para a oposição terá direito a exibir um filminho com a festa dos ratos sobre a bandeira brasileira, porque são todos farinha do mesmo saco como se diz no Brasil.

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