Em viagem pelo Brasil, no Século XIX, Saint-Hilaire, precursor da biopirataria, escreveu: “Ou o Brasil acaba com as saúvas ou as saúvas acabam com Brasil”. Como botânico, Saint-Hilaire foi surpreendido pela ferocidade e poder destrutivo das saúvas, que dizimavam a agricultura. Pois bem, o Brasil tornou-se, no século XX, uma potência agrícola, deixando as saúvas para trás.
No Século XXI, depois de dominadas, as saúvas são lembradas apenas pelo significado literário inspirador para Mário de Andrade e Lima Barreto, mas não acabaram com o Brasil. O Brasil tem um novo flagelo: a febre aftosa.
Depois de sucessivas campanhas de vacinação, desde seu surgimento, a febre aftosa ainda está incompreensivelmente presente na quase totalidade dos estados do Norte e Nordeste do país, replicando as conhecidas desigualdades regionais.
O impacto econômico da febre aftosa é devastador, pois impede o desenvolvimento, nas regiões afetadas, de atividades para as quais o Brasil possui comprovada vantagem competitiva, tais como a bovinocultura, a suinocultura e a ovinocaprinocultura.
No caso da ovinocaprinocultura, a ocorrência da febre aftosa em quase todo o semiárido nordestino inviabiliza o desenvolvimento da atividade em bases modernas e competitivas. O Brasil ganhou da saúva, será que ganhará da febre aftosa?
Por Carlos Magno Lopes -Datamétrica
Ainda existe uma forte resistência entre os pecuaristas de nossa região para vacinação do rebanho e também certa leniência do poder público em realizar uma fiscalização eficiente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário