Na próxima terça-feira, em São Paulo, a Executiva Nacional do
PT decidirá que o senador Humberto Costa (PE) será o candidato do
partido a prefeito do Recife.
Humberto substituirá João da Costa, o
atual prefeito, que hoje à tarde voltou a repetir que será candidato à
reeleição. Seria. Não será mais.
Senador Humberto Costa (PT-PE)
Em
cidades com mais de 200 mil eleitores, cabe à Executiva do PT homologar
as candidaturas a prefeito. Foi um poder que lhe deu a Convenção
Nacional do partido.
João da Costa será preterido em favor de
Humberto porque assim o desejam Lula e Eduardo Campos, governador de
Pernambuco e presidente do PSB.
Nada a ver com o apoio a ser anunciado em breve do PSB à candidatura de Fernando Haddad (PT) a prefeito de São Paulo.
Há
quatro anos, o então prefeito do Recife, João Paulo (PT), indicou para
sucedê-lo um dos seus auxiliares, João da Costa. João Paulo governara a
cidade por oito anos. Sua popularidade estava nas alturas.
João da Costa era um poste. Sem luz. Desconhecido.
Parcela
expressiva do PT pernambucano rejeitou o nome de João da Costa. A
direção nacional do partido rejeitou também. Lula pressionou João Paulo
para que desistisse da indicação.
João Paulo bateu o pé, bancou a candidatura de João da Costa e venceu.
Não durou seis meses a boa relação entre os dois Joões.
Até
recentemente, a idéia de João Paulo era a de suceder João da Costa. As
pesquisas lhe conferem mais de 50% das intenções de voto contra algo
como 25% de João da Costa.
A oposição não tem ninguém capaz de fazer sombra a João Paulo. Mas contra ele se juntaram Lula e Eduardo Campos.
Lula
não engoliu a eleição de João da Costa patrocinada por João Paulo.
Eduardo está convencido de que uma vez eleito prefeito, João Paulo
tentaria sucedê-lo daqui a dois anos. É outro o candidato de Eduardo à
sua sucessão.
O PT negou apoio para que João Paulo fosse candidato – e ele saiu de cena.
Aí
a dupla Lula e Eduardo imaginou um meio de se livrar de João da Costa.
Lula, porque não tem afinidade com ele. Eduardo porque teme que alguns
partidos que o apóiam decidam disputar a prefeitura do Recife com
candidato próprio diante da fragilidade da candidatura de João da Costa.
Lula e Eduardo patrocinaram o lançamento da candidatura do deputado federal Maurício Rands, secretário de governo de Eduardo.
No domingo passado, Rands e João da Costa disputaram uma prévia, vencida pelo atual prefeito com quase 600 votos de vantagem.
A direção nacional do PT anulou a prévia. Alegou que votaram filiados que não estavam aptos.
Marcou-se uma prévia para o próximo domingo.
Enquanto
Rands e João da Costa iam novamente à caça de votos e trocavam pesados
ataques, Lula e Eduardo se ocupavam em convencer o senador Humberto
Costa a ser candidato a prefeito.
O grupo político de Humberto
apoiou João da Costa até março passado. Foi contemplado com vários
cargos na prefeitura. Um deles coube à mulher de Humberto.
Lula
gosta de Humberto que foi seu ministro da Saúde. Eduardo quer
eleger Humberto prefeito para que daqui a dois anos ele não se anime em
ser candidato a governador.
De resto, o suplente de Humberto é
Joaquim Francisco, ex-governador de Pernambuco, filiado ao PSB, que
ganhará assim mais um senador.
Lula e Eduardo aplicaram o golpe
fatal na candidatura de João da Costa mandando que Rands renunciasse à
disputa da nova prévia. Foi o que Rands fez ontem.
Hoje, João da
Costa anunciou que não abrirá mão de ser candidato à reeleição. Só não
será candidato se for impedido pela direção nacional do partido.
Será impedido.
Humberto espera contar com o apoio dele.
Para seus amigos mais fiéis, João da Costa garante que não apoiará Humberto. E que irá à Justiça para ser candidato.
blog do Noblat
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