segunda-feira, 30 de julho de 2012

Mulher de Cachoeira tenta corromper juiz e pode ser presa

Do Lei dos Homens – Gilbson Alencar


Reprodução da Veja online
Reprodução da Veja online

Na quinta (26), Andressa Mendonça, mulher de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, tentou forçar uma decisão favorável do juiz federal Alderico Rocha Santos em favor do contraventor. Na mesma data, o magistrado comunicou o fato, por meio do ofício n.º 31, ao Ministério Público Federal que entrou com uma representação contra Andressa por corrupção ativa. Agora, ela tem três dias para pagar fiança no valor de R$ 100 mil, senão poderá ir para a cadeia preventivamente.


O juiz federal Alderico Santos é o responsável pelo processo referente à Operação Monte Carlo (foto: divulgação)

A decisão é do juiz federal Mark Yshida Brandão, que a proferiu durante o plantão judiciário, no domingo (29), às 11h45. Segundo ele, é uma “forma de garantir o cumprimento das medidas cautelares pessoais (…) e assegurar o seu comparecimento perante o Juízo Federal, todas as vezes que for intimada”.

De acordo com o ofício, Andressa queria que o juiz Alderico revogasse a prisão preventiva e absolvesse Cachoeira. “A requerida (Andressa Mendonça) noticiou a existência de um dossiê contendo informações desfavoráveis a ele (Alderico)…, mas que ela poderia evitar a publicação. Para tal, bastaria que o juiz federal concedesse liberdade ao réu Carlos Augusto de Almeida Ramos e o absolvesse das acusações ofertadas pelo Ministério Público”, trecho do relatório feito por Yshida em sua decisão desfavorável à Andressa.

Yshida proibiu que a mulher de Cachoeira tenha acesso ao prédio da Justiça Federal em Goiás. Ela também não pode manter qualquer contato, pessoal, telefônico ou por qualquer outro meio, ainda que por outra pessoa, com o juiz federal Alderico Rocha Santos e, ainda, com Cachoeira, Lenine Araújo de Souza, José Olímpio de Queiroga Neto, Raimundo Washington de Souza Queiroga, Giovani Pereira da Silva, Idalberto Matias de Araújo, Gleyb Ferreira da Cruz e Wladmir Garcez Henrique.

Busca e apreensão
O juiz federal Yshida também deferiu a expedição do mandado de busca e apreensão na residência de Andressa. De acordo com a Polícia Federal em Goiânia, foram apreendidos, nessa segunda-feira (30), computadores e tablets na casa dela. Os equipamentos, segundo a decisão, serão periciados com a “necessária quebra de sigilo dos dados telemáticos e informáticos”.

Depoimento 
Hoje, 30, Andressa foi ouvida na delegacia da Superintendência da Polícia Federal em Goiânia, onde prestou esclarecimentos sobre o caso.

Afronta ao Estado
 Léa Batista, Marcelo Ribeiro e Daniel de Resende Salgado, procuradores da República que receberam os documentos encaminhados pela Justiça Federal, disseram durante coletiva de imprensa realizada nesta segunda (30) que “a ousadia da companheira de Carlinhos Cachoeira ao chantagear e ofertar vantagem ao juiz federal mostra o desprezo e a afronta de Carlos Augusto de Almeida Ramos e de pessoas ligadas ao capo do grupo criminoso aos órgãos de persecução e ao poder judiciário. A gravidade do fato é latente, uma vez que a chantagem a um magistrado, no exercício de suas atribuições, com o escopo de pressioná-lo a decidir conforme os interesses do preso, é uma afronta ao próprio Estado Democrático de Direito. É fato inadmissível e que deve ser neutralizado, de forma rigorosa, pelas agências formais de controle”.

 Grupo em atividade
 O MPF diz que a investigação feita pelo grupo criminoso sobre a vida do juiz demonstra que a organização comandada por Cachoeira continua ativa. “É mais um método utilizado por organizações criminosas para tentar garantir a impunidade de seus membros”, afirmam os procuradores.

 Investigações
 Os procuradores do caso informaram durante a coletiva que Andressa Mendonça é investigada em dois inquéritos policiais por crime e lavagem de dinheiro e corrupção. No primeiro, a quadrilha de Cachoeira queria colocar uma fazenda localizada em Luziânia (GO) no nome de Andressa. O imóvel está avaliado em R$ 22 milhões. O outro inquérito é por corrupção ativa. Caso ela seja condenada pelos crimes pode pegar até 22 anos de prisão.

 Com informações da PF, da JFGO e do MPF

Nenhum comentário:

Postar um comentário