sábado, 16 de março de 2013

o socialista emergente do PSB



Eduardo Campos, o presidenciável emergente do PSB, jantou com seis dezenas de empresários na noite de quinta-feira. Deu-se em São Paulo, na casa de Flávio Rocha, da Riachuelo. A repórter Mônica Bergamo levou às páginas declarações do governador pernambucano. Ouvindo-o, percebe-se que serviu ao pedaço do PIB que se reuniu para ouvi-lo algo muito parecido com a plataforma de um candidato. Vão abaixo dez aspas:
1O pós-Dilma: “Dá para ser melhor. E não é uma ofensa para quem está aí você dizer que dá para ser melhor. Nós queremos mais. E que bom que queremos mais, né? Isso deveria desafiar as pessoas a fazer, a quebrar o velho costume e afirmar novos valores.”
2O pré-Lula: “O Brasil não começou ontem. Não começou com o partido A, B ou C”.
3O slogan: “Dá pra fazer muito mais. E isso não vai ser feito se a gente não renovar a política. O pacto político que hoje está no centro do governo que eu defendo, que ajudei a eleger, a meu ver, não terá a condição de fazer esse passo adiante. Não vai fazer. As últimas eleições no parlamento brasileiro [em que Renan Calheiros foi eleito presidente do Senado com o apoio de Dilma e do PT] são uma indicação. É ficar de costas para tudo isso.”
4O veneno: O governo “às vezes não dialoga”. Resta “falar com o governo pela imprensa. Não quer me receber? Você pode tuitar. Eu, por exemplo, tive a oportunidade de dar a minha opinião sobre a Medida Provisória dos Portos pela imprensa, porque não tive a oportunidade de discutir [com Dilma] antes. Apesar de o meu Estado ter o porto público mais eficiente do Brasil. Eu podia até ser convencido de que estava certo. Mas não custava nada ouvir a mim e a outros. […] Quanto mais popularidade o governo tiver, mais paciência e diálogo deve ter. E popularidade vai e vem. Popularidade é uma coisa. Voto é outra coisa.”
5O pano de fundo: “Não há grande incômodo nas grandes massas. Não há na classe média esse sentimento, nem de forma generalizada no empresariado. Mas há, nesse instante, nas elites, grande preocupação com o futuro. Há o sentimento de que as coisas podem piorar.”
6O túnel sem luz: Os “florais aplicados em todas as crises” não funcionaram desta vez. “Mais do que de repente, começa uma série de medidas, em série, em relação a vários setores, sobretudo, no início, na área do petróleo. […] Há um sobressalto daqueles que foram atingidos e daqueles que não foram atingidos por medidas. Se estabelece uma ansiedade total”.
7O efeito Lula: “E a tudo isso se somou a antecipação do debate eleitoral. Um debate maniqueísta, eu sou o bem, você é o mal.”
8O contra-exemplo: “Nós tivemos [em 2010, com Dilma e José Serra] uma campanha das mais pobres do ponto de vista do conteúdo. Acusação de lá, defesa de cá. Acusação de cá, defesa de lá. Sinceramente, não dá para respeitar como um debate à altura dos desafios do Brasil. E isso deixou as coisas desamarradas para o futuro.”
9O parafuso espanado: “Um monte de político se junta e diz: ‘Olha, a gente precisa ganhar a Presidência da República’. É como dizia o meu avô [Miguel Arraes]: na política, você encontra 90% dos políticos atrás de ser alguma coisa. Dificilmente eles sabem para quê.”
10O aliado ma non troppo: “Esse é o momento para que o Brasil aprenda a viver com diversidade. Fazer crítica não é ser contra, não é ser inimigo.”
Quer dizer: se a casa elegante do dono da Riachuelo fosse uma praça e o garfo um microfone, poder-se-ia dizer que o quase-talvez-quem-sabe candidato Eduardo Campos fez um comício. O diagnóstico está avançado. Falta levar aos lábios a terapêutica. Depois, é só combinar com os russos.

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