domingo, 23 de junho de 2013

todos pegos com as calças nas mãos?

do blog do Josias

A sorte da indústria da informação é que seus produtos ficam obsoletos em menos de 24 horas. Se tivesse que dar garantias do que vende, o jornalismo estaria em apuros. O despertar da geração coca-cola exilou os meios de comunicação das suas certezas. A rua de 2013 é o incômodo local desse exílio.
Nós, os mercadores da informação, devemos à clientela no mínimo uma boa explicação. Consumidores mais exigentes já devem estar perguntando para os seus botões: como dar crédito a produtores de notícias incapazes de farejar uma revolta com potencial para levar 1 milhão de cenhos crispados ao meio-fio?
A política não foi a única vítima da ira da gente moça. A embaraçosa verdade é que a situação do jornalismo é pior. O noticiário trata o novíssimo fenômeno como um tsunami que surgiu do nada em ritmo cinematográfico. Vamos e venhamos: pretendendo esclarecer, complica.
Voz de hoje, guarda das informações de ontem, e prenunciador dos acontecimentos de amanhã, o jornalismo deveria antecipar a História, não ser engolfada por ela. Não se pode nem dizer que não houvesse algo de malcheiroso na atmosfera. O que faltou foi disposição para farejar abaixo da superfície.
Cresceu muito na eleição municipal do ano passado o percentual de votos nulos e brancos. Avultou-se também a abstenção. Para ficar apenas no exemplo de São Paulo: o total de eleitores que não foi votar, anulou o voto ou apertou a tecla “em branco” na urna eletrônica foi de 2,49 milhões (31% do total).
Repetindo: 31% do eleitorado não encontrou um mísero candidato ou partido que considerasse digno de representá-lo. Era uma tribo maior do que a que votara no segundo colocado, o tucano José Serra (1,88 milhões de votos.). Quer dizer: o elefante passou sob a janela e o jornalismo não viu que ele estava de tromba virada.
Estuário natural da história em construção, os meios de comunicação reduziram sua capacidade de observação. Os fatos são acompanhados de forma burocrática e convencional. Movimentos decisivos só são captados pelo jornalismo contemporâneo em sua fase terminal.
Num cenário de interesses voláteis e difusos, o jornalismo já não consegue fixar âncoras de referência para leitores, telespectadores e internautas. Apinhada de estudantes que todos supunham alienados, a rua terminou de converter o jornalismo em mero profeta do acontecido.
Josias de Souza tem toda razão. É realmente incrível que nenhum meio de comunicação tenha percebido a magnitude dos recentes acontecimentos. 
Também chama atenção que os órgãos de informação dos governos não tenham sido capazes de se preparar para assegurar aos protestantes sensatos o seu direito de cobrar, pacificamente, as mudanças desejadas e, muito pior, de evitar o vandalismo.
Parece que o Serviço Secreto também não ofereceu subsídios a Presidência da República. Comprova-o a perplexidade de Dilma na fala que fez em cadeia nacional, a 'invasão' do Congresso e a quase depredação do Palácio do Itamarati. É brincadeira?
Imagine aí a capacidade de tais órgãos para evitar uma ação terrorista nos diversos eventos que ocorrerão no país... Que Deus nos proteja.

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