sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Contas públicas brasileiras têm déficit histórico

Déficit de R$ 432 milhões do setor público é o primeiro resultado negativo para agosto
Pela primeira vez na história recente, o setor público consolidado não conseguiu economizar no mês de agosto e encerrou o mês com um déficit primário de R$ 432 milhões. Os dados foram divulgados ontem pelo Banco Central (BC), cuja série histórica para esse indicador começa em dezembro de 2001. Em agosto de 2012, as contas públicas registraram um saldo positivo de R$ 2,997 bilhões.
O superávit primário acumulado desde janeiro foi de R$ 54,013 bilhões, equivalentes a 1,73% do PIB, na menor economia do governo (incluindo Estados, municípios e estatais) para o período desde 2010, quando o superávit no período foi de R$ 48,8 bilhões. A essa altura do ano passado, o saldo positivo já estava em R$ 74,225 bilhões.
Para o chefe do departamento econômico do BC, Tulio Maciel, o resultado reflete fatores como a recuperação gradual das receitas do governo, que têm defasagem em relação à evolução das despesas. “As receitas se recuperam, mas a um ritmo lento”, argumentou.
Segundo ele, as desonerações tributárias tiveram “contribuição relevante” para o déficit, atingindo cerca de R$ 50 bilhões. “São fatores que explicam o desempenho do setor primário deste ano.”
Ele disse que as despesas com juros, de R$ 21,871 bilhões, também foram as mais elevadas da série para meses de agosto. No mesmo mês do ano passado, as despesas somavam R$ 19418 bilhões. “De lá para cá, tivemos um agosto com um dia útil a mais e também perdas com operações de swap cambial.”
As despesas com juros entre janeiro e agosto também foram as mais elevadas para o período na série histórica, atingindo R$ 163,358 bilhões, ou 5,23% do PIB. “As operações com swaps, a inflação acumulada no ano e o aumento da base da dívida explicam esse pagamento maior de juros em 2013″, acrescentou.
Com déficit primário e despesas com juros elevadas, o setor público obteve um déficit nominal de R$ 22,303 bilhões em agosto, que também foi recorde para o mês. Nos 12 meses encerrados até agosto, o déficit nominal atingiu R$ 144,901 bilhões, ou 342% do PIB, o porcentual mais alto desde agosto de 2010.
Projeções
O resultado de agosto é mais uma demonstração de que o governo dificilmente conseguirá cumprir a meta do superávit primário de 2,3% do PIB, que exige uma economiza de R$ 56,837 bilhões até o fim do ano, ou R$ 14,209 bilhões por mês, de acordo com a Tendências Consultoria Integrada.
Desde o início deste ano, somente em janeiro o governo registrou um resultado superior a esse número, de R$ 30,251 bilhões. Depois, o melhor desempenho foi o do mês de abril, de RS 10,328 bilhões. Agosto mareou o segundo déficit primário do ano. Em fevereiro, o saldo foi negativo em R$ 3,031 bilhões. Ainda assim, o BC mantém a expectativa de cumprir a meta.
Fonte: O Estado de S. Paulo

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