domingo, 31 de maio de 2015

AL-RN: da Revolução de 1930 a queda de getúlio

Tudo caminhava bem tranquilo na província do Rio Grande do Norte. O governador Juvenal Lamartine implantara um significativo progresso, quando estourou o Outubro de 1930. Câmara Cascudo descreve o período parlamentar dessa forma: “Veio a Revolução de 1930 e, cinco anos depois, a eleição para a Constituinte e Assembleia ordinária. Era historicamente, a décima-sexta mas foi rotulada com o número um, inicial de outra série, começo de Era Nova, expurgada dos erros, omissões e enganos das épocas inomináveis. Os vinte e cinco deputados eleitos estavam divididos em dois Partidos, o majoritário Partido Popular e a Aliança Social, minoritária”.

A Revolução de 1930 ocorreu num período em que o Brasil passava por mudanças políticas, sociais e econômicas de fundamental importância. No Rio Grande do Norte, as forças políticas do Agreste e do Seridó, se confrontavam para definir os novos rumos. As lideranças políticas do Seridó, que lutaram contra a oligarquia dos Maranhão, apoiaram José Augusto. Mais tarde também apoiaram Juvenal Lamartine, governador na época da que estourou a chamada Revolução de 30. Foi um período complexo, em que muitas vezes os conflitos acabavam em consenso entre as forças do poder, enquanto a oposição recebia apenas repressão.

O governador Juvenal Lamartine fechou sindicatos e censurou a imprensa da oposição. Neste clima de instabilidade surgiu a necessidade da sucessão estadual. O nome cotado pela oposição era o desembargador Silvino Bezerra Neto, que rompera com Juvenal Lamartine, em 1929, durante a campanha presidencial. É nesse clima que explode a Revolução de 30 no Rio Grande do Norte. 


O governador foi deposto e começou uma disputa pelo poder: a Aliança Liberal dividida em torno dos nomes de Café Filho e Silvino Bezerra Neto para o governo do Estado. Foi instituída então uma Junta Militar para garantir a ordem pública e consolidar a mudança de poder. Após isso, foi escolhido Lindolfo Câmara para o governo provisório. Mas foi substituído por Irineu Joffily, que cuidou das reformas, apurou e instaurou inquéritos de atos políticos ocorridos na Velha República. Como medida administrativa, ele tentou reduzir as despesas e o corpo de funcionários do Estado. Ele fundou também a Legião Revolucionária, que tinha como objetivo garantir as instituições e restaurar os princípios republicanos.

A debandada foi geral. O governador Juvenal Lamartine seguiu para o exílio na França, onde permaneceu até 1933, ano das primeiras eleições constitucionais depois do golpe que colocou Getúlio Vargas no poder. Muitos outros partiram do Rio de Janeiro, então capital federal, seguindo José Augusto de Medeiros, que havia sido eleito senador, pela legislatura de 1928, dissolvida pela Junta Militar em outubro de 1930.

Esses parlamentares que partiram, foram fundamentais para a criação de uma nova oposição aos interventores que administraram o RN entre 1930 e 1932. Logo em seguida foi nomeado Mário Câmara, amigo pessoal de Getúlio Vargas e oficial de Gabinete.

A oposição, liderada por José Augusto, inicia uma resistência através da imprensa. É um período de afirmação dos intelectuais na política potiguar. Além da imprensa, este é um período de intensa produção documental, em livros escritos por políticos alijados do poder, os chamados “decaídos”. É essa ação parlamentar fora do círculo do poder que fomenta a nova configuração política durante o Estado Novo de Getúlio Vargas no Rio Grande do Norte. Dioclécio Duarte, Adauto Câmara, Amphilóquio Câmara, Juvenal Lamartine e José Augusto foram os mais destacados nessa campanha. 

Relembra Câmara Cascudo: “Os dez anos sem deputados funcionaram como contra-prova e excitação mental, estágio concentrador e tenacidades, interstício para promoção. Os ‘dissolvidos’ de pouca densidade diluíram-se nas desilusões, enfados, preguiça de lutar. Os de boa polpa resistente, conservaram a vocação como um voto rancoroso de represália”. 


E completa a seguir: “Getúlio Vargas foi deposto em 29 de outubro de 1945. O presidente do Supremo, José Linhares, mandou proceder a eleição geral de 2 de dezembro, trazendo o general Eurico Gaspar Dutra, honesto, simples, bom para o aranhol do Catete, viveiro de moscas com fome canina. Em 19 de janeiro de 1947 é que tivemos eleição para Governador em voto direto e coletivo.  A mais recente datava de vinte anos, 1927, para Juvenal Lamartine. O mapa político do Rio Grande do Norte dividia-se entre pessedistas e udeistas. O P.T.B. avançava lentamente apesar da simpatia propagada. Não era abundante a matéria prima utilizável. Os dois mentores, José Augusto Bezerra de Medeiros e José Georgino Alves Avelino, da União Democratica Nacional e Partido Social Democrático, dispunham das hostes eleitorais”. 

TRIBUNA DO NORTE

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