domingo, 7 de junho de 2015

rn: a "gestão" e a seca

A TN publicou uma entrevista com o secretário estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Mairton França. O secretário falou de muitos aspectos. Reproduzo e comento alguns pontos.

Faz quatro anos que não temos invernos regulares e entraremos pelo quinto ano de seca e ainda estamos tratando de respostas emergenciais.

A seca é característica do clima da região. É secular, mas temos que encará-la como algo excepcional através de ações emergenciais.

O secretário considera que estamos passando por uma situação "atípica", pois, apesar de quatros de seca, falta água em "poucos locais". Os tais "poucos locais" são 116 municípios com atendimento as zonas rurais pela operação " carro pipa", com 23 município em situação crítica (sendo 11 em colapso).

A peregrinação à Brasília vem ocorrendo desde o início do ano e os resultados, até o momento, não foram animadores. Em visita recente do ministro da Integração Nacional ao estado, apesar do enorme estardalhaço, pouca coisa restou. Informou o secretário: "[...] conseguimos aportar  R$ 3,4 milhões para que ela [a operação pipa] se estenda também as zonas urbanas, não é exatamente aquilo que nós precisamos."

Disse bem o secretário: não é o que precisamos, mas foi tudo que se conseguiu. A interlocução com o ministério é tão minguada que o secretário nem sabe quando a operação pipa começará nas zonas urbanas. Não sabe quanto o Ministério da Integração Nacional - MIN gasta na operação pipa. Faltam informações e dinheiro.

O secretário não demonstra muito interesse em saber os gastos, pois não sabe quanto a CAERN gasta com a operação de carro pipa em alguns municípios, mas sabe que não é barato. Ufa!

O secretário disse que, desde fevereiro, já foram perfurados 124 poços e em 44% das perfurações não se encontrou água. Mesmo com resultados tão modestos considera que os equipamentos e os métodos adotados pelos geólogos para marcação dos poços são "adequados". Imaginem se não fossem adequados.

Sobre a existência de 1.700 poços perfurados, mas não instalados, constatou-se que muitos sumiram. Isso mesmo: não existem mais. Como é possível um poço perfurado desaparecer? Não faço ideia.

O "estudo" para localização dos poços deve terminar com a demonstração de "400 a 500" poços para serem instalados e que do total, até setembro, 46 serão instalados, ou seja, somente 10%.

Que coisa, hein? Num cenário crítico, com potencial para piorar ainda mais, apenas 10% dos perfurados serão instalados até setembro. Muitos mais dos que foram perfurados, certamente, sumirão nos próximos meses. 

Por que foram perfurados tantos poços sem a garantia de instalação? 

Quanto custou aos cofres públicos? 

Quem será responsabilizado por autorizar tais perfurações?

Perguntas que não foram feitas.

O secretário sabe que a CAERN já entregou 42 cisternas para alguns municípios. Quanto isso custou? Não sabe.

Sobre algumas obras de infraestrutura: 

"A adutora de Parelhas até Carnaúba dos Dantas, que o ministro da Integração Nacional acenou com o apoio de R$ 1,07 milhão." Quando o "aceno" se converterá em obra entregue? Nada. 

Sobre a adutora do Alto Oeste foi dito que a obra será concluída em seis meses, pois falta o repasse financeiro (R$ 9 milhões) e o repasse não foi realizado por que o Ministério espera o repasse de uma informação técnica por parte da Secretaria e, quando a informação técnica for repassada, o MIN "sinaliza" com o repasse de R$ 3,5 milhões para (re)iniciar a obra...

Para o Seridó, por enquanto, caso nenhuma novidade aconteça, confirma-se a solução do carro pipa. Já uma adutora depende de R$ 200 milhões que só existem na imaginação de alguns.

Para além da imaginação, tem-se também muita embromação e, verdadeiramente, a visita do ministro não rendeu nem um risco n'água, pois água não existe.

O ministro veio ao estado "fazer média" e anunciar que não será no governo de Dilma que o RN receberá água da transposição do rio São Francisco.

Os gastos com as viagens do ministro e assessores para o RN devem ter custado mais aos cofres públicos do que os recursos liberados.

Muita "sinalização", muito "aceno"... Nada de concreto!

A íntegra AQUI

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