segunda-feira, 6 de julho de 2015

RN: a seca e a solução versão 2.15

Já escrevi várias vezes e continuarei escrevendo sobre "a seca nossa de cada ano".

Chamei atenção de diversos aspectos:
O descaso das autoridades com a qualidade da água distribuída para a população. Utilizaram (quem sabe ainda utilizem) velhos tanques de combustíveis na adaptação de carros pipas. Não se tem notícia de punição de nenhum.

Também escrevi sobre a necessidade da realização de campanhas educativas para a população não reutilizar tambores de produtos químicos (tintas, agrotóxicos, etc.) para armazenagem de água. Em vão. Ninguém liga.

A qualidade da água distribuída também não merecia muita atenção. Era comum captá-la em barreiros, açudecos, poços e outras fontes duvidosas. O risco de contaminação era completamente ignorado. Importava apenas captar o mais perto possível do local de distribuição para viabilizar maiores ganhos. Espero que isso tenha diminuído.

A perfuração de poços se intensificou, mas não se sabe as providências adotadas para análise da qualidade da água de tais fontes. A contaminação dos lençóis freáticos é, sobretudo em áreas urbanas, mais do que provável.

A irresponsabilidade das autoridades não é só com a provável baixa qualidade da água distribuída. A péssima condução das obras e a negligência com os recursos públicos são, infelizmente, muito comuns.

São inúmeros os exemplos de ineficiência, descaso, negligência e/ou irregularidades cometidas com o dinheiro público com repercussão direta na vida de milhões de nordestinos.

Comecemos pelo mais evidente. A Transposição das águas do Rio São Francisco deveria ter sido concluída em 2012. Fala-se que alguns trechos só estarão em funcionamento em 2018. Seis anos é muito tempo para se tentar justificar. Isso é sinal de descaso e outras coisas mais.

Ainda sobre a Transposição. O RN não será beneficiado com o projeto. Para a água chegar a Coremas e, consequentemente, beneficiar a Barragem de Assú ainda é preciso licitar um trecho. Nem projeto existe e tal obra, caso seja licitada, ficará para um governo pós-Dilma (2020, no mínimo). Já para atender o Alto Oeste Potiguar através do Rio Apodi nem expectativa existe.

O que fez a bancada federal do RN? Nada de concreto. O que fizeram os governos de Wilma para cá? Nada de concreto. Todos são responsáveis, em especial, os que se autoproclamam como aliados do governo federal.

O que fizeram os potiguares que comandaram o DNOCS? Nada de concreto.

Incompetentes e negligentes no atacado e um descalabro no varejo. 

Adutora do Alto Oeste? A obra se arrasta desde 2009. Já foi objeto de investigação do TCU e serviu para muito blá-blá-blá de político. Por exemplo, em fevereiro de 2013, anunciou-se em tudo quanto foi canto que Dilma viria ao estado para inaugurar a Adutora. Semana passada, o atual governador do RN, autorizou a retomada da obra. Com nova previsão de conclusão para dezembro de 2015.

Barragem de Umari? Barragem Poço de Varas? Adutora para Currais Novos? Perímetro Irrigado de Santa Cruz? Quando se diz alguma coisa sobre as obras estruturantes que o estado necessita, tem-se somente enrolação e/ou mentiras deslavadas.

O que o povo potiguar tem merecido é carro pipa. É a versão 2.15 da indústria da seca que tem carreado vultosas cifras de recursos públicos, em boa parte dos casos, para as mãos dos políticos e seus asseclas.

Como diz a música de Zé Ramalho:

Eh, ôô, vida de gado 
Povo marcado, ê 
Povo feliz 
Eh, ôô, vida de gado 
Povo marcado, ê 
Povo feliz

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