sábado, 15 de agosto de 2015

a Odebrecht e a Arena Corinthians

A AJUDA AO CORINTHIANS
Um episódio menos portentoso, mas talvez o mais simbólico da intimidade entre a Odebrecht e o governo petista, está na construção da Arena Corinthians
Na sua festa de 101 anos de aniversário, o clube do coração do ex-presidente Lula ganhou um presente bilionário. 
Era setembro de 2011. 
O então presidente do Corinthians e hoje deputado federal pelo PT, Andrés Sanchez, recebeu no canteiro de obras do embrionário Itaquerão dirigentes da Odebrecht para finalmente assinar o contrato para erguer o estádio tão sonhado pelos torcedores. 
Para dar a bênção ao negócio, lá estavam o ex-presidente Lula e sua mulher, dona Mariza Letícia – ela inclusive vestia uma camisa do Timão. “É um dia histórico, tão histórico quanto o gol do Basílio contra a Ponte Preta em 1977”, discursou o corintianíssimo Lula, lembrando o gol na final do Paulista que tirou o time da fila de 23 anos sem título. 
Era um dia histórico também porque começava ali a saga para financiar a obra, inicialmente orçada em R$ 820 milhões – três anos mais tarde, esse valor cresceria em mais R$ 250 milhões. A Odebrecht desembolsou generosamente R$ 100 milhões para o início das obras, antes mesmo de ter um contrato assinado, tamanha a confiança no padrinho.
Lula foi o grande articulador dessa parceria entre a Odebrecht e o Corinthians. Foi o ex-presidente quem marcou a reunião entre Emílio e Marcelo Odebrecht com Andrés Sanchez, em 2011, em Comandatuba, na Bahia. Foi ele quem pediu que pai e filho tocassem o projeto a um preço aceitável – havia resistências ao número acima dos R$ 800 milhões. Sanchez voltou a São Paulo num avião da Odebrecht, e o negócio decolou. 
Quatro anos depois, o estádio está erguido, é um dos melhores do país, foi palco da abertura da Copa do Mundo – mas a matemática enrolada em que empreiteira e clube se meteram está longe de se resolver. A Caixa Econômica Federal passou a financiar o clube. 
A prefeitura de São Paulo também deu uma força, quando o então prefeito e hoje ministro de Dilma, Gilberto Kassab, concedeu um benefício fiscal de R$ 420 milhões ao clube. Mas a conta não fecha, e o clube hoje deve salários e direitos de imagem a jogadores, além de cerca de R$ 400 milhões à Odebrecht. Evidentemente, a Odebrecht será paga, ninguém entra num negócio desses para perder dinheiro. 
Mas aceitar embarcar numa aventura bilionária com tão poucas garantias só mesmo em nome de uma relação muito sólida, como a que a empreiteira cultiva com o ex-presidente Lula. 

Revista Época

O ex-presidente Andrés Sanchez, no seu livro “O Mais Louco do Bando” dedica um capítulo inteiro para contar um encontro que teve com o então presidente Lula e o diretor de relações institucionais da Odebrecht Alexandrino Alencar

Naquela reunião ‘despretensiosa’, nasceu o Itaquerão, palco do jogo de estréia da Copa do Mundo de 2014. Alexandrino Alencar foi preso ontem pela Polícia Federal, acusado de participar do Petrolão.

Alexandrino pediu que fosse até seu escritório, no Eldorado Business Tower, em São Paulo: tinha algo a dizer que podia ser de interesse para o Corinthians, mas não poderia falar ao telefone. Horas depois eu já estava no bairro de Pinheiros.

O escritório de Alexandrino ficava no 32º andar da torre, com vista para a marginal Pinheiros. Rodeado de cristais transparentes, com a sensação de estar suspenso no ar, tive uma pequena vertigem, mal olhava para fora. Mas a vertigem maior estava por vir. Com seu usual tom ameno, amistoso, Alexandrino contou de uma viagem que tinha feito
a Brasília, acompanhando Emilio Odebrecht, presidente do conselho de administração da empresa. 

Na reunião, a construtora tratava com o presidente Lula de assuntos do setor petroquímico. 

À saída, Lula, despedindo-se de Odebrecht e Alexandrino, mudou de assunto:

– Bem que vocês podiam dar uma mão pra esse garoto, presidente do Corinthians, ajudando a fazer o estádio, hein?

Alexandrino devolveu: era meu amigo pessoal de muitos anos. 

Odebrecht pegou carona:

– Presidente, pode deixar que vamos tratar esse assunto com muito carinho. Se for viável, com certeza vamos ajudar.

Ao terminar sua exposição, Alexandrino me piscou o olho:

– Tá vendo? Até eu, que sou carioca e torcedor do Fluminense, quero ver o Corinthians com um estádio. E aí, como fica? Topa o desafio?

Ainda meio zonzo, eu revelei ao meu amigo que o clube tinha mais de um projeto em estudo. Quem sabe?

Saí dali com mais pressa do que entrei: o “sonho da casa própria” até que não parecia tão irreal assim. (AQUI)

Foi formada a Sociedade de Propósito Específico (SPE) que tomaria dinheiro emprestado ao BNDES. (AQUI)

Hoje
Os mandados de busca em dez endereços da Odebrecht que estão sendo cumpridos nesta sexta-feira, 14, pela Operação Fair Play, da Polícia Federal, tiveram como foco apreender planilhas de custo e contratos envolvendo a construção não apenas da Arena Pernambuco, mas também de outras três obras em estádios construídos ou reformados pela empreiteira: Itaquerão, Maracanã e Fonte Nova.
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A "mãozinha" que o ex-presidente Lula pediu para o "menino" (Andrés Sanchez) que presidia o Corinthians se converteu num negócio de R$ 800 milhões.

O homem da Odebrecht que "piscou" para Sanchez está preso.

Gilberto Kassab, o prefeito bondoso de São Paulo na época, atualmente, é ministro de Dilma.

Sanchez se elegeu deputado federal pelo PT.

O presidente da construtora está preso.

Esse negócio ainda vai render... E muito!

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