terça-feira, 13 de outubro de 2015

BRASIL tem 80 aparelhos de radioterapia comprados por R$ 120 milhões encaixotados por falta de salas

O Bom Dia Brasil foi atrás dos 80 aparelhos de radioterapia prometidos há mais de três anos pelo governo federal. Os aparelhos foram comprados, mas nenhum hospital recebeu nada até agora. Os motivos são falta de planejamento e excesso de burocracia. As máquinas foram pagas, mas os hospitais não têm estrutura para recebê-las.
É como a dona de casa comprar arroz e feijão no mercado, mas não ter fogão e gás para cozinhar a comida em casa. Em 2012 comprou aparelhos modernos de radioterapia que custaram quase R$ 120  milhões. Mas graças à burocracia e à falta de gestão, nenhum começou a funcionar até hoje
O Bom Dia Brasil foi procurar onde estão os 80 aparelhos de radioterapia que o governo comprou. Nenhum chegou ao Brasil. Todos são de um modelo de uma fabricante americana. Seriam para hospitais de 62 cidades e 41 não têm nenhum desses. E tem tempo que o governo anunciou que chegariam.
Em maio de 2012 foi assinada um portaria prevendo a melhoria no atendimento dos que precisam de radioterapia. Em janeiro de 2014, quase dois anos depois, é que a licitação foi concluída. De lá para cá, continua a espera.
O Ministério da Saúde explicou, por meio de nota, que a instalação dos aparelhos precisa de espaços específicos para garantir a segurança dos pacientes e profissionais porque funcionam com energia nuclear e quer uma licitação local para contratação da empresa responsável pela construção. Disse ainda que os aparelhos serão entregues a partir do momento que as obras estiverem quase prontas.
Só quatro dos 80 hospitais começaram as obras para receber os equipamentos. Isso mais de 3 anos depois do anúncio para melhorar a oferta de radioterapia no país.
A obra do Hospital da Fundação Assistencial da Paraíba em Campina Grande é a única em fase adiantada. Setenta pessoas por dia aguardam na fila. Mas atendimento mesmo não será esse ano.

“A nossa previsão, o nosso cronograma, é de que ela entre em funcionamento a partir de março de 2016”, estuna Elder Macedo, presidente da FAP.  .
As outras obras em andamento são na Santa Casa de Misericórdia de Maceió, em Alagoas, no Hospital da Fundação Hospitalar Estadual do Acre, em Rio Branco, e no Hospital Dom Pedro de Alcântara, em Feira de Santana, na Bahia, onde a diretora, Sandra Peggy, admite que os seis meses previstos podem não ser suficientes.
“Claro que obra é obra e podem acontecer percalços no caminho e precisar aditivar contrato e período”, justifica.
Resumindo,  95% dos hospitais ainda nem começaram a arrumação para ter os equipamentos, ou seja, não tem nem data pra instalação. Entre eles, cinco na cidade de São Paulo, um no Rio de Janeiro e dois em Brasília, capitais que têm filas gigantes de pacientes à espera de atendimento.
Quem analisa a gestão pública diz que dinheiro tem, tanto que o valor da compra é de quase R$ 120 milhões. A lei para as compras é complicada, mas o principal problema é a gestão.
“A nossa administração pública tende a fazer os processos de forma independente e não coordenados, depois que o equipamento é comprado, aí é que vão trabalhar as salas, os profissionais, enquanto isso deveria ser uma sequência racional em que, simultaneamente, os processos ocorrem, até mesmo porque as compras são feitas já sabendo a destinação desses equipamentos”, afirma a professora de Gestão Pública do Ibmec Alessandra Serrazes
Enquanto isso, pacientes, que precisam de radioterapia, continuam lutando contra o câncer. Em Aracaju, Sergipe, a estudante Iva Taciane, espera há quatro meses pelas sessões de radioterapia. Ela aguarda na fila, assim:
“Eu tenho 22 anos, eu quero lutar pela minha vida, estou correndo risco de perder minha perna e vou lutar até o fim, eu não vou desistir”, afirma.
A empresa americana que produz os aparelhos disse que está pronta para instalar os equipamentos assim que os locais estiverem preparados O Ministério da Saúde disse que até o momento já foram apresentados  19 projetos executivos.
BOM DIA BRASIL

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