domingo, 10 de abril de 2016

A "VISÃO" DOS LÍDERES DO SETOR PRODUTIVO POTIGUAR


Quando o governo Robinson se esfalfava para convencer os potiguares, principalmente deputados e empresários, da importância do "pacotaço fiscal" (leia-se aumento das alíquotas dos impostos) ocorreu uma reunião na governadoria entre representantes do setor produtivo potiguar e o governador.

Depois de algumas fotos e convescotes saiu o resultado. Os líderes dos setores produtivos passaram a apoiar o "pacotaço". Admitiram que a medida era a única saída.

Convenceram-se após algumas sinalizações sobre o PROADI e promessas para a turma do CDL.

É interessante acompanhar a análise dos líderes do segmento produtivo potiguar sobre o cenário atual.

A seguir apresento as opiniões de Amaro Sales (presidente da FIERN) e Marcelo Queiroz (presidente da FECOMÉRCIO) publicadas pelo Jornal Tribuna do Norte.

Para o presidente da FIERN a 'crise' é causada pelo ambiente político conturbado. Assim, a superação da crise política é a condição para resolver a crise econômica. De acordo com o industrial o governo federal "não consegue nem se defender", caso consiga sair das cordas o país crescerá, mesmo com a "crise mundial" (?).

Creio que a deterioração do cenário econômico foi a principal causa da conturbação política e não o contrário. Os equívocos na condução da política econômica são ilustrados pela troca de ministros da Fazenda.

O Brasil tem inúmeros problemas, mas não teve o estrangulamento externo. Acabou o ciclo de commodities, mas isso já era apontado desde 2013.

A reportagem questionou sobre qual setor industrial potiguar foi mais afetado pela crise e a resposta apontou o setor de petróleo, mas o presidente fez questão de ressaltar que a "culpa" não é do Brasil, "mas em função de uma política não direcionada no passado [...]" e por causa da "crise mundial" e do preço do "barril de petróleo abaixo de US$ 30".

Culpar o Brasil ou culpar uma minhoca dá no mesmo. Não faz diferença, nem sentido. O preço do barril ultrapassou US$ 46.

A reorientação estratégica da Petrobras tem como causa fundamental a dívida astronômica da petroleira. Também merece consideração a gestão irresponsável desnudada pela Operação Lava Jato.

A "visão" do presidente da FIERN sobre a atuação da Petrobras no RN pode ser denominada de muitas coisas, menos empresarial. O empresário defende que a petroleira continue atuando no RN, mesmo que as operações não sejam tão rentáveis. Extrapolando tal "visão", tem-se que a petroleira deverá "prospectar" petróleo no RN mesmo quando não tiver mais petróleo, pois terá que cumprir sua missão social.

A Petrobras tem que operar campos pouco rentáveis em detrimento de outros mais rentáveis (pré-sal)? Essa mesma "receita" é seguida pelos empresários ligados a FIERN? Porque o setor industrial tem demitido tanto? Porque o setor empresarial continua "enxugando" a folha?

Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço...

O que faria a economia voltar a crescer? De acordo com o presidente a solução é aumentar o investimento público para incentivar o setor privado.

No curto prazo, a solução sugerida é inviável, pois o governo faz um "ajuste fiscal" exatamente por que não dispõe de recursos para bancar mais gastos e investimentos. De onde o governo tiraria recursos para aumentar investimentos?

Quando a conta não fecha só há dois caminhos: reduzir despesas, o que no curto prazo significa corte de investimento público, ou aumentar receitas, sobretudo com mais impostos. Ou os dois juntos, como está sendo feito.

Topa pagar mais impostos? Parece que não. A FIERN ingressou na justiça questionando o aumento da alíquota de ICMS (energia e telecomunicações) praticado pelo governo estadual, logo...

O presidente da FECOMÉRCIO em evento recente pediu "mais atenção" para o setor que representa. Que tipo de atenção? "... uma política de apoio e estímulo". Quer mais dinheiro? De onde virá?

Após o IBGE anunciar que as vendas do varejo potiguar tombou 12,3% em janeiro de 2016, o presidente declarou: “Esta nova queda, no início de 2016, só reforça os alertas que vimos fazendo com relação aos impactos que a recessão econômica que o país – e o estado, por consequência – atravessam tem sobre este que é setor que mais emprega, gera renda e tributos para o Rio Grande do Norte que é o comércio”. (AQUI)


De Dilma para o PIB:
"Já que é pra tombar, tombei" 
"Já que é pra tombar, tombei"
...

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