sexta-feira, 1 de abril de 2016

CÍRCULO VICIOSO: CRISE E DESEMPREGO

Durante as crises econômicas, é comum observar o aumento do desemprego junto da queda do PIB. A relação crise-desemprego pode ser vista como um círculo vicioso. Maiores taxas de desemprego levam a uma diminuição da renda do consumidor, e menos renda leva a um menor consumo.

Essa queda reforça a diminuição de investimento dos empresários, repetindo o ciclo de demissões. Além disso, gera-se também uma crise de consumo psicológica, isto é, as pessoas passam a consumir menos por temer a perda do emprego. Ao longo do ano de 2015, o chamado Índice de Medo do Desemprego dos brasileiros cresceu 36,8%, de acordo com pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Na última semana, a Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio) do IBGE, revelou preocupantes  níveis de emprego no Brasil. A taxa de desemprego elevou-se para 9,5% no trimestre encerrado em janeiro de 2016. É o maior valor da série histórica, que começou no primeiro trimestre de 2012. Em 2015, no mesmo período do ano, o índice estava em 6,8%.

O desemprego pode ser entendido de duas formas: estrutural e friccional. O primeiro ocorre quando há disparidade entre a quantidade de vagas ofertadas e a quantidade de trabalhadores disponíveis. Mesmo com todas as oportunidades de investimento sendo realizadas, parte da mão de obra não conseguirá encontrar uma ocupação. Um desemprego estrutural alto pode estar relacionado à dificuldade da mão de obra de se especializar em outros tipos de trabalho com demanda maior. Já o desemprego friccional é caracterizado pelo período de transição entre dois empregos. O tempo que este tipo de desemprego dura depende da especialização do trabalhador ou da atividade econômica de sua área.

Hoje, os dois tipos de desemprego crescem. É fácil justificar e entender o efeito que a crise pode ter nos níveis de desemprego. A crise costuma diminuir o retorno de investimentos no país e aumentar os riscos dos mesmos. O resultado é uma queda no volume total de investimentos. Em consequência, o nível de crescimento cai, bem como a geração de empregos. Além disso, as empresas tentam se proteger da crise aumentando as demissões para reduzir custos.

O desemprego já chegou a níveis alarmantes nos últimos meses e, infelizmente, a tendência não é de mudanças positivas. Considerando ainda a demora do mercado em se adaptar à atividade econômica – estimativas para a economia apontam um atraso de cerca de 3 meses -, a situação do mercado de trabalho não irá melhorar em um futuro próximo. A recuperação do emprego poderá ser auxiliada por cursos técnicos que melhorem a capacitação dos desempregados. Ainda assim, por enquanto, os dados não dão margem ao otimismo e nem mesmo o alívio da inflação que o desemprego gera serve de consolo.

* Samy Dana - Post em parceria com Luiz Henrique Souza, graduando em Economia pela Fundação Getúlio Vargas e consultor pela Consultoria Júnior de Economia.

G1

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