PIB DERRETENDO

Nos três primeiros meses deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) foi 5,4% menor do que o porcentual registrado no mesmo período de 2015. O resultado negativo é mostrado em pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta quarta-feira, 1.º de junho. Em relação ao quarto trimestre do ano passado, a soma de todos os bens e serviços produzidos no Brasil, em valores monetários, teve retração de 0,3%. Segundo o Instituto, esse é o oitavo resultado negativo, em comparação com o primeiro trimestre do ano anterior, e o quinto consecutivo em relação aos meses finais de 2015. 

Em valores correntes, o PIB atingiu R$ 1,47 trilhão no primeiro trimestre de 2016. Já no acumulado nos quatro trimestres encerrados em março de 2016, totalizou R$ 5.943,3 bilhões, sendo R$ 5.088,3 bilhões referentes ao Valor Adicionado (VA) a preços básicos e R$ 855,1 bilhões aos impostos sobre produtos líquidos de subsídios. 

Ao considerar a retração, em relação ao 1.º trimestre de 2015, a pesquisa mostra redução de caiu 4,6% do VA a preços básicos e impacto negativa de 10,4% nos impostos sobre produtos líquidos de subsídios. Nesse período, a agropecuária teve queda de 3,7% em relação a igual período do ano anterior, resultado pode ser explicado, principalmente, pelo desempenho de alguns produtos com safra relevante, como por exemplo: fumo em folha, arroz em casca e milho em grão, com menos -20,9%, -7,6% e -5,0% de produtividade. 

Setores

Outro setor com preocupante registro de redução de produção, neste primeiro trimestre em comparação com o mesmo trimestre do ano passado, foi a indústria, com recou de 7,3%. Ainda segundo o IBGE, a indústria de transformação diminuiu 10,5%, influenciada pelo recuo da produção de máquinas e equipamentos; da indústria automotiva e outros equipamentos de transporte; produtos metalúrgicos; produtos de metal; produtos de borracha e material plástico; eletroeletrônicos e equipamentos de informática; e móveis. 

A construção também apresentou menos 6,2% no volume do Valor Adicionado, e a extrativa mineral reduziu 9,6%, em relação ao primeiro trimestre de 2015, puxada pela queda da extração de minérios ferrosos e de petróleo e gás. Já, o VA de serviços reduziu em 3,7%, com destaque para a contração de 10,7% do comércio e de 7,4% de transporte, armazenagem e correio, puxado pela queda do transporte e armazenamento de carga. Das demanda interna, o Instituto aponta resultados negativos consecutivos, em todos os componentes. De janeiro a março, a despesa de consumo das famílias foi 6,3% menor, resultado explicado pela deterioração dos indicadores de inflação, juros, crédito, emprego e renda ao longo do período. Por fim, a formação bruta de capital fixo reduziu 17,5%, a oitava queda consecutiva. Recuo justificado, principalmente, pela queda das importações e da produção interna de bens de capital. 

OCDE 

Por mencionar o cenário internacional, novo relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) diz que a economia brasileira deve encolher 4,3% este ano, a maior baixa entre as maiores economias, e a profunda recessão vai continuar também em 2017. O documento das perspectivas econômicas globais, também divulgado nesta quarta, em Paris, indica a influências da incerteza política e das revelações em curso de corrupção no Brasil. Fatores que estão minando a confiança dos consumidores e empresários e provocando a persistente contração da demanda doméstica. 

Cenário 

Para a Confederação Nacional de Municípios (CNM) o cenário é bastante preocupante. Porém, os números confirmam a gravidade dos problemas enfrentados pelos governos municipais, uma vez que o fraco desempenho do PIB impacta diretamente em suas finanças. Como a maioria dos Municípios brasileiros são altamente dependentes das transferências constitucionais, e com o fraco desempenho da economia, esses repasses são bem menores. Além de a grande maioria ter economia baseada na agropecuária, outro fator importante, segundo sinaliza a Confederação, é que os dados do PIB demostram fraco desempenho do setor de serviço, e isso também promove impacto negativo na receita de imposto recolhida pelas Prefeituras.

CNM