Resumo:
Este artigo originou-se das discussões oriundas da disciplina Geografia Humana, oferecida ao curso
de História. O espaço não é o conceito chave em todas as correntes do pensamento geográfico.
A corrente da
Geografia Tradicional, influenciada pelo positivismo, historicismo e neokantismo, tem o território, a paisagem
e a região como principais conceitos.
A corrente da Geografia Humanista, com base no existencialismo, foca o
conceito de lugar, entendido como espaço vivido.
As correntes que colocam o espaço como palavra-chave são
a Geografia Quantitativa, com influências do neopositivismo, e a Geografia Crítica, alicerçada no materialismo
histórico.
Na primeira corrente, o espaço é compreendido de forma ideal, enquanto, na segunda, o espaço é entendido
em sua materialidade, com objetivações e subjetivações. A corrente Crítica teve uma importante contribuição
do geógrafo brasileiro Milton Santos, influenciado pelo materialismo histórico, pelo estruturalismo e
pelo existencialismo.
Nessa perspectiva, este artigo tem como objetivo mostrar a contribuição do pensamento
e da obra do geógrafo Milton Santos para a Geografia Crítica e para a teoria social crítica, focando os conceitos
de espaço geográfico, território usado e lugar, que são as três escalas conceituais para compreender a totalidade
socioespacial.
Para tal fim, fizemos uma revisão bibliográfica do autor, e sobre o autor, perpassando suas
principais obras. Para o autor, “espaço” é uma instância social, assim como a política, a economia e a cultura. O
espaço, no atual período histórico, caracteriza-se pela materialização do meio técnico-científico-informacional,
expressão geográfica da globalização. Assim, esse conceito deve ser analisado a partir de três escalas da totalidade:
o mundo, a formação socioespacial e o cotidiano.
A totalidade mundo é o espaço geográfico formado por
sistemas de objetos (fixos e configurações espaciais) e sistemas de ações (fluxos e dinâmicas sociais). O espaço
geográfico é, portanto, constituído por formas (espaços de produção, de distribuição, de troca, de consumo, de
circulação) e por conteúdos (estruturas, processos e funções).
A totalidade da formação socioespacial é o território
usado, composto pela configuração territorial (as infraestruturas e o meio ecológico) e a dinâmica territorial
(uso do território pelos agentes – firmas, instituições e pessoas). É no uso do território pelos diferentes
agentes que ocorre a dialética entre o externo e o interno, o novo e o velho, o Estado e o mercado.
Por fim, o
autor destaca a totalidade do lugar, a dimensão geográfica do cotidiano, onde ocorre a dialética entre circuito
superior e circuito inferior, verticalidades e horizontalidades, racionalidades e contrarracionalidades, solidariedade
organizacional e solidariedade orgânica. O lugar é, nesse sentido, a força para enfrentar a globalização
como fábula e como perversidade, produzida pelas redes; e construir uma globalização como possibilidade.
Palavras-chave: espaço geográfico, território usado, lugar, totalidade, Milton Santos.
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