domingo, 5 de novembro de 2017

Subdesenvolvimento e dependência : uma análise comparada de Celso Furtado e Fernando Henrique Cardoso

O objetivo desta tese é fazer uma análise comparativa das idéias de Celso Furtado e de Fernando Henrique Cardoso, expressas entre 1950 e 1990, na perspectiva de demonstrar alguns pontos de convergência entre esses autores. Dentre esses pontos, destaca-se a empatia existente entre eles com respeito às expectativas de que a industrialização levada a cabo nos anos 1950 pudesse lançar as bases para um processo de transformações estruturais qualitativas na economia brasileira e a afirmação de um modelo de desenvolvimento nacional apoiado no mercado interno. 

Comparam-se as posições dos autores concernentes à negação dessas expectativas e às mudanças operadas na economia a partir de meado da década de 1960. Confrontam-se os pontos de vistas sobre o malogro do projeto nacionalista e o novo padrão de desenvolvimento dependente. Faz-se um paralelo sobre as opiniões relativas à necessidade de intervenção do Estado e de participação do capital estrangeiro para dinamizar a acumulação de capital nas economias subdesenvolvidas, notadamente na brasileira. 

Constata-se que, inicialmente, eles consideravam o processo substitutivo de importações um elemento essencial para superar o subdesenvolvimento e desencadear um projeto de desenvolvimento em bases nacionais. Nos anos 1960, quando se evidencia o fracasso desse projeto, observam-se os mesmos pontos de identificação entre eles, sobretudo em referência à inviabilidade do ideário nacionalista e à constatação de uma situação de dependência da economia brasileira engendrada pelas relações estabelecidas com o sistema mundial. 

Comprova-se, também, que os autores têm posições semelhantes com respeito à necessidade de uma intensa intervenção do Estado e da indispensabilidade de cooperação do capital externo, em razão de alguns condicionamentos decorrentes da falta de uma burguesia nacional capaz de assumir a liderança do processo, da escassez de poupança interna e da dificuldade de acesso à tecnologia moderna. 

Verifica-se, ademais, que nos anos 1970 e 1980, os autores mudaram de idéia e passaram a criticar a forma de atuação do aparelho estatal, cuja intervenção concorreu para acentuar a concentração da renda em favor das classes mais abastadas e aumentar as distorções sociais, as quais foram impulsionadas para participação crescente das empresas transnacionais.

TESE DO PROF. ELESBÃO DE ALMEIDA: AQUI

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