quarta-feira, 12 de outubro de 2011

ENSAIO SOBRE A PSICOPATIA... parte 2


(antes de iniciar a leitura deste texto é conveniente fazer a leitura do post abaixo: “ensaio sobre a psicopatia”)

Esses indivíduos, dependendo do grau da psicopatia, deixam marcas por onde passam, desde marcas sentimentais a marcas financeiras. Eles são literalmente antissociais, parecem odiar tudo e todos, são hostis à sociedade, demonstrando uma conduta que lhe traz conflitos frequentes com o meio em que vive.

Podem ser contrários às regras, rebeldes, agressivos e apresentam um comportamento em que suas ações são destinadas a irritar às pessoas em sua volta, por isso são frequentemente irritantes e pouco toleráveis. Psicopatas não são capazes de manterem um vínculo afetivo por muito tempo e muito menos se apegar emocionalmente a alguém. São pessoas egoístas, insensíveis, frias e que buscam apenas prazeres imediatos, embora possam fingir o contrário quando acham necessário.

Eles podem sentir frustração, rancor, ódio, inveja e outra qualquer emoção negativa, entretanto, não têm sentimentos considerados positivos (ternura, carinho, consideração, altruísmo etc.), não ao menos com as outras pessoas. Não amam da mesma forma que as outras pessoas; na realidade, o que predomina no sociopata é um grande sentimento de posse - este frequentemente exibido.

Psicopatas são indivíduos inteligentes, facilmente se disfarçam de ingênuos, santos ou inocentes para conseguirem o que querem. Essas pessoas têm uma grande habilidade em adquirir simpatia e carisma das pessoas por quais se interessam e, por isso, induzem com rapidez os outros a fazerem coisas que na realidade "não" tinham intenção.

São árduos manipuladores. São chantagistas, por vezes, mudam totalmente de um mau comportamento para uma boa conduta, a fim de conseguirem o que querem. Eles podem usar da mentira, mas não admitem que esta mesma seja usada para com eles. O lema é "eu posso, você não".

Além disso, uma característica típica que os diferencia de mentirosos que mentem para receber atenção ou admiração, é que a mentira do psicopata é dificilmente descoberta. São tão calculistas que conseguem mentir olhando nos olhos, sem remorso ou arrependimento, e suas mentiras raramente são descobertas porque são muito bem planejadas.

 

Emoções superficiais e teatralidade

Sociopatas em geral têm emoções rasas, podendo demonstrar amizade e consideração facilmente para conseguirem conquistar determinadas pessoas, contudo, tais emoções são superficiais e breves porque não são verdadeiras.

O psicopata não tem sentimentos para com outras pessoas; entretanto, parece que desde criança - apesar desse vazio sentimental - eles conseguem "imitar" as emoções das outras pessoas (embora não as sinta de verdade) a fim de conseguirem um ideal.

Por exemplo, eles podem não sentir altruísmo, entretanto, aprendem a imitar esse altruísmo, usando-o para algum benefício. Por isso, suas emoções podem ser passageiras, porque apenas copiam as emoções, mas não as têm.

Por exemplo, um psicopata pode mostrar-se excessivamente triste porque magoou um colega, entretanto, rapidamente tal emoção parece subitamente desaparecer, como se nada tivesse acontecido. Assim são suas emoções, geralmente aparecem e desaparecem de forma súbita.

Sua vida inteira é vivida de forma teatral e dramática, onde o psicopata é sempre a "vítima" ou "coitadinho" e os outros são os vilões maldosos que merecem punição. Eles tentam sempre a convencer suas vítimas de que eles próprios estão tendo algum tipo de sofrimento, assim, acarretam na outra pessoa um sentimento de dó ou pena - uma das principais armas do psicopata.

São também irresponsáveis: tendem a fugir de suas responsabilidades e jogando a culpa para outras pessoas, por isso fazem de tudo para convencer as pessoas acreditarem de que toda a culpa do universo é do outro e não do psicopata. Eles têm imensas habilidades em inverter os papéis das situações, onde a outra pessoa é o vilão e eles as vítimas.

 

Frieza e ausência de sentimentos

Psicopatas são pessoas insensíveis, frias e com ausência de sentimentos genuínos para com outras pessoas. Eles parecem não sentir emoções calorosas entre os humanos, tais como o amor, compaixão e altruísmo. São vistos como indivíduos frios, que não demonstram amor, carinho e ternura, até mesmo com pessoas próximas, tais como familiares.

Por mais que algumas pessoas acreditem inocentemente que um dia o psicopata poderá sentir algum tipo de sentimento altruísta, lamentavelmente ainda não se pode afirmar hipóteses do gênero. São pessoas sem nenhum tipo de sentimento bom para com os outros, apenas para si mesmo. Não amam, não sentem dó, não são humildes, nem generosos, muito menos carinhosos e afáveis.

Esses indivíduos não sentem afeto algum por outros seres humanos; portanto, jamais sentirão do mesmo modo que pessoas "normais" sentem. Talvez nunca tenham sentido, contudo, aprenderam a imitá-las. Aprenderam a imitar a forma como duas pessoas se amam, se compreendem. Aprenderam a imitar o altruísmo, o carinho e a generosidade ao observarem e copiarem tais demonstrações vindas de outras pessoas, mas nunca advindas de si próprio. Por isso, demonstram superficialmente seus sentimentos e emoções, pois na realidade não passam de cópias e imitações de sentimentos.

Quando demonstram sentimentos bons é mais uma forma de manipular para conseguir algo com isso. Raramente dizem "eu te amo", ou então, mais frequentemente, quando dizem, demonstram o oposto. Dizem que amam, mas suas ações e comportamentos demonstram o contrário. Na realidade, eles frequentemente tratam as pessoas como "coisas" ou "objetos". Exatamente por isso, o sociopata oscila entre períodos em que causa sofrimento às pessoas, e períodos em que demonstra afeto e consideração.

Psicopatas são pessoas, acima de tudo, frias e insensíveis. Frias emocionalmente de tal forma que nada as faz se comoverem por algum tipo de dor ou sofrimento alheio. Via de regra, não demonstram qualquer tipo de afeto, amor ou carinho por outra pessoa, inclusive seus próprios familiares. Só o demonstram para conseguir algo.

Não vão se importar se feriram ou não alguém, muito menos vão se chocar por algum acontecimento doloroso a outrem. Pelo contrário. Podem ver, ouvir e até mesmo cometer inúmeras crueldades sem ter a capacidade de sentir algum tipo de emoção com isso; qualquer tipo de sofrimento para outra pessoa, para eles, é simplesmente "normal".

O indivíduo antissocial também não teme porque não tem as emoções normais de um ser humano. Diante, por exemplo, questões ilegais em que estão envolvidos, eles assistem tais processos de forma indiferente, como se não estivessem envolvidos. Em geral, a impulsividade em busca de novos estímulos somada à ausência do medo e do remorso, os levam ao exibicionismo e a cometerem atitudes antissociais.

São pessoas que não sentem culpa ou sentem muito pouco, o que não faz com que impeçam-nos a evitar atitudes que causem sofrimento. Após cometer sofrimento a outras pessoas, eles podem se mostrar indiferentes, poucos preocupados com o ocorrido, ou então até rirem ou se orgulharem disto. Em alguns casos, teatralizam o arrependimento e o sentimento de remorso, chorando e alegando culpa, entretanto, isso não passa de mero drama que subitamente desaparece após algum tempo.

 

Muito mais razão que emoção

Sociopatas, via de regra, são pessoas muito frias e racionais. Como são pessoas que fazem o possível e o impossível para realizar seus desejos, nem que para isso tenha que mentir, manipular, furtar, matar etc., quando questionados sob tais comportamentos, eles tendem a falar racionalmente, não emocionalmente, uma vez que são indivíduos que não conseguem sentir emoções verdadeiras.

Por exemplo, os psicopatas têm muito pouca pena ou culpa, duas emoções essenciais para a cooperação social. Por outro lado, seus cérebros ativam mais intensamente os circuitos cerebrais relacionados ao desprezo e desejo de vingança. Essas alterações nas áreas das emoções fazem com que sejam irritadiços, agressivos, estabeleçam relações conturbadas, mintam e manipulem com facilidade, não sintam empatia, e muito menos se arrependam por tudo isso.

É comum, entre psicopatas, uma explicação racional a respeito do que é certo ou errado, entretanto, por mais que saibam isso, eles não conseguem sentir tais sentimentos de certo e errado. E é exatamente isto que faria com que muitos evitassem cometer crueldades; pois eles pensam e sabem do errado, mas não consegue senti-lo. É esse sentir que faria com que o meio emocional (ex.: pena) interviesse em suas maldades.

É também por isso que possuem uma personalidade naturalmente dissimulada. Eles nunca vão demonstrar à sociedade, descaradamente, como ele é, de fato. Eles sabem que seu comportamento e sua personalidade é inadmissível e vista como macabra aos olhos de todos. Sabem perfeitamente que possuem ideias, atitudes e comportamentos errados. Por isso, mostram às pessoas uma outra personalidade: uma superficial que é mostrada a todos de forma "certa", mostrada de um jeito pelo qual todos aceitam, enquanto escondem sua verdadeira índole macabra, porque sabem que serão intolerados se exibirem sua real face. Sabem do errado, porém, não sentem o errado.

 

Encanto superficial e sedução

Indivíduos psicopatas são árduos manipuladores; facilmente conseguem influenciar as outras pessoas porque possuem ótima lábia, estupendo conhecimento a respeito daquilo que o outro gostará de ouvir ou ver. Interessante notar também que, apesar de serem persuasivos, são pessoas céticas e desconfiadas que dificilmente são influenciadas. Eles são sempre os influenciadores, mas raramente são os influenciados.

Indivíduos com personalidade antissocial não se importam em passar por cima de tudo e todos para alcançar seus objetivos. Eles manipulam facilmente as pessoas, mentem e enganam e não se importam com isso.

Ao mesmo tempo, frequentemente exibem aparência nada sugestionáveis de psicopatia: podem ser simpáticos, educados e comportados, entretanto, diante a menor contrariedade ou ameaça, se tornam irritáveis. Esta característica muitas vezes é disfarçada socialmente, entretanto, é comumente percebida no ambiente intrafamiliar.

 

Irritabilidade e intolerância às frustrações

Eles têm baixa tolerância para frustrações, portanto, contrariedades mínimas já podem ser motivos para agressividade. Por terem um baixo limiar de descarga de agressão, eles facilmente perdem a calma por qualquer coisa, se estressam rapidamente por qualquer contrariedade ou confronto, agindo de forma pueril ou extrema quando não conseguem o que querem.

Essa intolerância às frustrações os faz pessoas rancorosas, vingativas e incapazes de aceitar obstáculos comuns do cotidiano. Frequentemente acumulam ódio por algo ou alguém, não suportam perderem, detestam não conseguir o que querem e podem cometer atitudes extremas por conta disso. As frustrações inadmissíveis é que são as únicas fontes capazes de um indivíduo psicopata chorar de verdade. Fora as suas próprias frustrações, choram apenas por mera falsidade ou teatro.

 

Mentiras e comportamento fantasioso

Psicopatas usam a mentira como mais uma ferramenta para seus objetivos. Exatamente por isso, eles não usam a mentira da mesma forma que as outras pessoas usam e sim usam-na como ferramenta de trabalho.

São tão racionais que planejam muito bem suas mentiras, a ponto de que conseguem mentir olhando nos olhos e demonstrando atitudes calmas e típicas de quem está falando a mais brilhante verdade, quando na realidade, não passam de grandes mentiras.

Tais mentiras muitas vezes são caracterizadas por histórias muito bem detalhadas e minuciosas, a ponto que as outras pessoas nem se quer desconfiam de que tudo não passa de um teatro, por isso, raramente suas mentiras são descobertas.

Entretanto, quando isto acontece, eles podem negar até a morte que tudo não passa de uma farsa, mesmo que tudo e todos provem o contrário. Também podem mostrar-se totalmente indiferentes à descoberta, ou admitirem, mas inventam alguma desculpa encobrindo a outra mentira.

Eles também apresentam um comportamento fantasioso que frequentemente muda. Eles são tidos como camaleões sociais, porque estão em constante mudanças socialmente.

Eles geralmente mudam de comportamento conforme pessoa, mais especificamente, conforme o que a pessoa quer. Então, é comum terem diversos comportamentos diferentes com diferentes pessoas. Isso também ocorre porque são indivíduos que levam uma vida dupla: socialmente são vistos como os ingênuos inocentes, quando na verdade escondem um lado negro e obscuro.

Em geral, todas as pessoas têm por si uma característica de camaleão social, afinal, ninguém consegue ser totalmente constante e igual com todos ao mesmo tempo. Todos são diferentes, por exemplo, com seus amigos e com seus familiares. Contudo, o psicopata apresenta uma característica muito forte: uma forma de "dissociação" de personalidade, isto é, como se tivessem uma fina camada de verniz.

Isto ocorre porque o antissocial desenvolve uma personalidade para convívio social, para conseguirem se infiltrarem e misturar-se com os outros seres. Ou seja, na realidade, eles demonstram para a sociedade uma personalidade fantasiosa, pois na realidade, escondem um temperamento totalmente oposto ao que demonstram socialmente.

 

Vazio existencial e tendência ao tédio

Psicopatas são pessoas excessivamente sensíveis ao tédio, monotonia e tudo o que for relativo à "constância". Necessitam constantemente de estímulos, pois são ausentes de emoções reais. Pessoas assim ficam entediadas muito facilmente, não suportam monotonia e rotina, e estão em busca constante por estímulos e excitações que lhe ofereçam perigo para se livrarem do tédio.

Por isso, eles enjoam facilmente de tudo e todos. Psicopatas geralmente podem começar um determinado projeto de forma empolgada e excitante, contudo, não conseguem terminá-lo porque de repente parecem ter enjoado. Também pode acontecer que anseiam em excesso por algo, todavia, quando conseguem, não querem mais. Portanto, para eles, a empolgação para as coisas da vida têm uma duração muito curta. Logo, se são pessoas que não toleram tédio e rotina, consequentemente também são intoleráveis às regras e normas.

 

Egoísmo e egocentrismo

Na realidade, nos psicopatas o que predomina é um grande sentimento de posse. Apesar do ciúme e possessividade andarem lado a lado, o ciúme geralmente é normal e - até certo ponto - necessário numa relação, mas o ciúme doentio é fruto de uma baixa auto estima e insegurança.

Do outro lado, a possessividade - diferente do ciúme doentio visto como sinal de insegurança - é um sentimento egoísta e que geralmente não está relacionado a uma insegurança e sim a uma personalidade egoísta que não sabe diferenciar objeto de pessoa, tratando, assim, pessoas como meros objetos, pois enquanto o ciúme pode ser visto como um sentimento para com pessoas; a possessividade está muito mais relacionada a objetos, "ter apenas para si tal objeto" por puro egoísmo. É por isso que no psicopata o que predomina é a possessividade.

Como eles são exímios egocêntricos e não sentem nada, eles não têm a insegurança típica de quem ama, mas sim um sentimento de posse, na qual a outra pessoa é vista como um objeto que é apenas dele e não deve ser dividido de forma alguma.

Às vezes, quando eles demonstram afeto por alguém, ou é pura dissimulação ou um grande sentimento de possessividade por tal pessoa, o que faz frequentemente, a princípio, acreditarem que estão apaixonados, quando na verdade, não sentem nada mais que posse por tal pessoa. Além disso, tendem sempre a inventar desculpas de sua possessividade (por ex, "é porque eu te amo", "tenho medo de perdê-la (o)" ou ainda "é porque tenho ciúme de você").

O egoísmo desses indivíduos é tanto que por mais possessivos que sejam, não aceitam esta regra aplicada para o outro. Por exemplo, eles podem ser possessivos com os outros, mas os outros não podem ser com eles.

Como o antissocial é egoísta e ausente de sentimentos bons para com outros, eles frequentemente também exibem possessividade não somente num relacionamento íntimo, mas também em todos aspectos de sua vida. Eles tratam como meros objetos seus familiares, seu cônjuge, seus amigos, seus pertences.

Não toleram serem ignorados e, se todos são tratados como objetos, portanto, a possessividade também estará presente. "Dividir" e "generosidade" são vocábulos inexistentes na personalidade dos psicopatas. Não suportam "dividir" nada nem ninguém. Seu parceiro sexual não pode ser de mais ninguém, a não ser dele; seus amigos não podem ser amigos de mais ninguém, a não ser dele; seus pertences não são de ninguém, só deles; o dinheiro é apenas dele e não será dividido com mais ninguém; a atenção e admiração não será de ninguém, apenas deles.

De forma geral é dessa forma que a vida de um psicopata é baseada, porém, quando demonstram o contrário: generosidade, não passa de mera falsidade. Eles geralmente demonstram comportamento contrário ao egoísmo (por ex, o psicopata que resolve emprestar dinheiro para um familiar necessitado) para disfarçarem socialmente ou conseguirem algo com isto.

Essa possessividade geralmente gera no psicopata um outro sentimento: a inveja. Por isso, são frequentes invejosos embora possam não demonstrar isso claramente. Pelo contrário, são eles que se fazem de genuínos, que não invejam nada nem ninguém, ou que apenas sentem uma "inveja boa".

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