domingo, 23 de outubro de 2011

'ARENGA' ENTRE ROSALBA E ROBINSON FARIA


No texto a seguir, Roberto Guedes, expõe os bastidores da ‘arenga’ entre Rosalba e Robinson.

Ao texto:

Pelo menos dois episódios protagonizados em 2.009 e 2.010 pelo atual vice-governador Robinson Faria, presidente regional do PSD, desmentem a informação que ele divulgou na última sexta-feira, 22, anteontem,de que no ano passado a governadora Rosalba Ciarlini lhe tivesse garantido apoio para sua candidatura a Senador em 2.014.

O segundo fato na ordem cronológica foi uma entrevista que Robinson concedeu à mídia natalense poucas horas depois de o Tribunal Regional Eleitoral concluir a apuração dos votos que elegeram Rosalba como governadora, em outubro do ano passado. Ele se lançou então candidato a governador, e não a senador, em 2.014. No dia seguinte, ao saber que a entrevista havia sido muito mal recebida pela governadora eleita, Robinson tentou emendar o soneto dizendo que somente seria candidato ao Governo se Rosalba não pudesse tentar a reeleição, o que estava absolutamente fora de qualquer cogitação. Nem ao consertar esse erro, atribuído à sua ansiedade, Robinson mencionou uma possibilidade de se candidatar ao Senado, pois seu projeto político era a sucessão de Rosalba na Governadoria.

O primeiro episódio teve muitas testemunhas. Pelo depoimento, Robinson e o deputado federal Fábio Faria, fundadores do PSD no Rio Grande do Norte, pactuaram seu apoio à candidatura de Rosalba em setembro de 2.009, embora durante os meses imediatamente subseqüentes não declarassem de público este comprometimento. O acerto teria sido feito numa cidade da "Tromba do Elefante", presentes Rosalba e o marido e principal conselheiro dela, o agropecuarista e ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado, a quem agora Robinson atribui influência nociva à atuação dela à frente do executivo norte-rio-grandense.

Testemunha do ingresso de Robinson na chapa majoritária com que Rosalba conquistou a chefia do executivo potiguar em 2.010 garante que nunca houve a oferta de apoio dela e de Carlos Augusto à candidatura ao Senado. Naquela temporada, enfatiza o informante, Rosalba não se comprometia sequer com candidaturas a prefeituras municipais a serem disputadas em 2.012.

Presentes o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB), atual ministro da Previdência Social, deputados federais e estaduais, entre os quais cita Getúlio Rego (Dem), atual líder do governo na Assembléia Legislativa, e Raimundo Fernandes, então filiado ao PMN, o partido que Robinson comandava na época, o acordo só não foi celebrado presencialmente pelo senador José Agripino Maia, presidente nacional do partido de Rosalba, o Dem, porque este se encontrava então em Brasília, mobilizado em face de crise que fraturava a agremiação.

Ainda hoje grande amigo pessoal de Rosalba e de Robinson, o depoente, que preserva sua identidade para não agravar a relação entre os dois, assegura que em nenhum momentoas negociações de 2.009 avançaram até compromissos a serem honrados em 2.014.

Lembra, a propósito, que a cúpula da aliança partidária que projetava a candidatura de Rosalba cercou-se de reservas em relação ao apoio de Robinson, porque receava que ele estivesse utilizando a oposição para melhorar seu cacife junto à então governadora Wilma de Faria, que já mostrava a tendência a preteri-lo, como candidato à sua sucessão, em, favor do então vice-governador Iberê Ferreira de Souza. Tanto é assim que o primeiro compromisso celebrado na ocasião foi acessório, no sentido de somente dali a cinco meses os novos aliados divulgarem a migração de Robinson para a oposição e principalmente sua candidatura a vice-governador ao lado de Rosalba.

A dúvida dos então oposicionistas se baseava numa experiência com que Robinson os desapontou em 2.006. Presidente da Assembléia Legislativa e ligado ao mesmo tempo ao governo de Wilma, que se reelegeria nesse ano, e aos opositores desta, Robinson lançou sua candidatura a vice-governador na chapa que seria encabeçada por Garibaldi Filho, mas espalhou entre aliados a informação de que estava sendo vetado por José Agripino. Um amigo comum aos dois abordou o senador, conferindo a inexistência do veto, e garantiu a Robinson que toda a cúpula da oposição o nomearia caso topasse a candidatura a vice-governador. Num sábado, ele passou procuração para que o interlocutor apresentasse seu pleito durante reunião que Rosalba, então candidata ao Senado, Garibaldi Filho e José Agripino moldariam a chapa a ser apresentada pela oposição, e de fato os três aceitaram na hora o nome de Robinson.

Ainda na manhã do domingo o interlocutor transmitiu a Robinson a aprovação de sua candidatura a vice-governador pelos líderes da oposição, mas ele não mais se agarrou a este projeto, pedindo 48 horas para se pronunciar definitivamente. Evitou contatos com integrantes da oposição durante os dias subseqüentes e na quinta-feira anunciou seu apoio à chapa com que Wilma tentaria com êxito a reeleição, tendo Iberê como coadjuvante. O preço do apoio seria a garantia de que os cabeças da chapa fariam do jovem Fábio Faria o Deputado Federal mais votado do grupo governista.

O uso da oposição para obter este acordo abriu em 2.006 um grande fosso de desconfiança entre José Agripino, Garibaldi Filho e Rosalba, de um lado, e Robinson e Fábio de outro. Por isto, em agosto e setembro de 2.009 eles exigiram aos dois silêncio absoluto quanto à sua passagem para a oposição e o alojamento de Robinson na candidatura desta a vice-governador. Para surpresa geral, diz o depoente, pai e filho cumpriram este acordo.

Fonte: Roberto Guedes

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