quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Projeto de irrigação no sertão do Ceará

 A água do açude chega com fartura ao canal, construído na década de 70 para levar irrigação aos pequenos produtores rurais. No perímetro irrigado, a terra poderia produzir o ano todo, mesmo durante o período de seca.

Um projeto de irrigação construído com dinheiro público está abandonado no sertão do Ceará há mais de uma década. Sem água, muitos agricultores desistiram das lavouras.

A água do açude chega com fartura ao canal, construído na década de 70 para levar irrigação aos pequenos produtores rurais do sertão cearense. Na área chamada de perímetro irrigado, a terra poderia produzir o ano todo, mesmo durante o período de seca. Mas, não é o que acontece.

A água que passa pelo canal precisa de bombeamento para percorrer a maior parte do perímetro, mas as bombas de uma estação estão quebradas há 12 anos. Por isso, dali em diante, o canal está completamente desativado.

Depois de tanto tempo de abandono, 75% dos 300 quilômetros de extensão do canal estão sem condições de distribuir água, segundo o Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Município de Icó.

"O canal só tem lixo, água de esgoto. A água não chega aos trabalhadores que estão todos endividados nas agências financeiras", diz Alexsandro de Oliveira, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais.

É o caso de Seu Venceslau, que precisou de um empréstimo para fazer um poço e tentar produzir como no passado. “Era suficiente a água para plantar. A gente produziu muito. Toda população vizinha tinha renda, tinha emprego, tinha tudo", lembra o agricultor.

Hoje, muitos desistiram da agricultura por lá. "Eu remendo uns pneuzinhos, vendo uns remédios naturais", conta um morador.

As cooperativas de agricultores foram desativadas junto com o canal. Com o abandono do perímetro e a falta de fiscalização, as terras, que deveriam ser destinadas ao assentamento de produtores, são ocupadas por grandes propriedades particulares.

O Dnocs, Departamento Nacional de Obras Contra Seca, reconhece o problema da ocupação das áreas de assentamento e diz que só com uma nova demarcação da área será possível reativar os canais de irrigação.

"Uma vez constatado o que é que vai ser perímetro, o Dnocs vai diligenciar no sentido de recuperar a infraestrutura para que ele possa voltar a realmente funcionar em seu pleno vapor", avalia Renis Frota, diretor do Desenvolvimento, Tecnologia e Produção do Dnocs.

Fonte: G1 – Jornal Nacional - Edição do dia 22/10/2011

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