Decisão dos diretores do BC foi unânime; próxima reunião será nos dias 29 e 30 de novembro.
São Paulo – Ao contrário da reunião no fim de agosto, quando o mercado foi surpreendido, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) seguiu as previsões dos analistas e cortou a taxa básica de juros em meio ponto percentual nesta quarta-feira. A decisão dos sete diretores foi unânime – no mês retrasado, dois integrantes tinham discordado da opinião da maioria.
Com a redução, a Selic passou de 12% para 11,50% ao ano. Foi o sétimo encontro do BC sob o comando de Alexandre Tombini (veja infográfico com a evolução dos juros no governo Dilma).
A ata do Copom, que traz detalhes sobre os motivos que levaram os diretores a optar pela queda da Selic, será divulgada na quinta-feira da semana que vem. O documento é analisado com lupa pelos economistas, que buscam pistas sobre os rumos da política monetária. A próxima reunião – a última do ano – será realizada nos dias 29 e 30 de novembro.
Após o término do encontro, em Brasília, o Banco Central emitiu o seguinte comunicado: "Dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 11,50% a.a., sem viés. O Copom entende que, ao tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012."
BC vai reduzir os juros pelo menos mais uma vez, dizem economistas
O cenário internacional e seus respectivos reflexos no Brasil definirão o limite do afrouxamento monetário
Especialistas ouvidos por EXAME.com acreditam que haverá pelo menos mais uma rodada.
“Tem espaço para mais um corte de meio ponto. Maiores ajustes vão depender de a inflação começar a dar sinais de que está de fato cedendo”, diz Rafael Bistafa, economista da consultoria Rosenberg & Associados.
O presidente do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-SP), Keyler Carvalho Rocha, vê sinais de enfraquecimento da inflação.
“Já sentimos algumas reduções na área de alimentação, o que torna correta a decisão do Banco Central de reduzir os juros.”
A consultoria Rosenberg & Associados projeta inflação de 6% para o ano que vem. É um índice elevado, embora abaixo do teto da meta de 6,5%. “Uma ruptura internacional pode derrubar a inflação e permitir novas rodadas de queda de juros”, diz Bistafa. “A nova diretoria do Banco Central está dando bastante peso para o cenário internacional.”
Rocha, do Ibef-SP, ressalta que a atividade econômica já está diminuindo, o que pode permitir novos cortes nos juros em 2012. “É preciso avaliar mais para frente os impactos dessas reduções porque há um efeito retardado na economia.”
Rafael Bistafa está preocupado com o reajuste de 14% no salário mínimo em janeiro. “É um ingrediente a mais – bem forte – tanto pelo lado da inflação quanto pelo lado fiscal.” Os dois especialistas concordam que o cenário internacional e seus respectivos reflexos no Brasil definirão o limite do afrouxamento monetário.
Fonte: EXAME.com
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