Por:
Fernando Dias
Os
primeiros resultados da Amostra do Censo 2010 começaram a ser publicados e com
base neles será possível avaliar diversos aspectos da evolução dos indicadores
sócio-econômicos para o Brasil e, particularmente, paras as Regiões Norte e
Nordeste nos últimos 10 anos. O particular interesse nestas Regiões se dá pelo
período coincidir com a consolidação de amplas políticas sociais que se
focalizaram nas mesmas, bem como pelos grandes investimentos públicos
realizados que já devem começar a efeito multiplicador.
Observando
apenas algumas das tabulações liberadas, sem aprofundar a análise, alguns
resultados chamam a atenção. O principal deles é que, em linhas gerais, não
houve mudança relativa em termos dos indicadores sócio-econômicos. Ou seja, o
Sudeste continua a Região mais rica e de melhores indicadores sociais, e o
Norte e Nordeste disputam os últimos lugares em praticamente todos eles. Entre
as Unidades da Federação o Distrito Federal ainda apresenta indicadores fora da
curva, seguido por São Paulo, enquanto o Maranhão e Alagoas disputam
ferrenhamente os últimos lugares. Em termos relativos, porém, os indicadores melhoraram
no Norte e Nordeste que nas demais Regiões, mas ainda não o bastante.
O
rendimento médio domiciliar, que é um dos indicadores básicos, no ano de 2010
registrou para o Nordeste um valor de 64% da média nacional enquanto para o
Norte ele foi de 80%. No estado de melhor resultado para esta variável no
Nordeste (RN, com 73%) o resultado é pouco superior ao de pior resultado no
Norte (PA, com 71%). O Distrito Federal e São Paulo lideram o ranking com,
respectivamente, 231% e 131%.
Diretamente
relacionada com o nível de renda está à questão da escolaridade, e o Nordeste é
de novo destaque negativo com 59% da população sem instrução ou apenas
fundamental incompleto. Em todo o país apenas o estado do Pará tem índice similar.
Novamente Alagoas lidera este ranking negativo, com 64% de analfabetos ou
pessoas sem fundamental completo, seguido pelo Maranhão, com 63% nesta situação.
Nenhum estado do Nordeste teve resultado melhor que média nacional, o mesmo
quando se analisa o número de pessoas com nível superior.
Outro
resultado que enseja preocupação é a taxa de ocupação, que em 2010 atingiu no
Nordeste os níveis do Brasil em 2000. A título de comparação, em 2010 a taxa de
ocupação no Nordeste era de 47% enquanto no Brasil já era de 53% e no Norte de
49%. Em nenhum estado do Nordeste a taxa de ocupação é próxima da média
nacional, enquanto em todos do Sul, Sudeste e Centro-Oeste ela é maior (exceto
no Rio de Janeiro, 51%). Ao que parece, existe ainda um contingente
considerável de desocupados no Nordeste.
Por
fim, outro resultado que chama atenção é grande necessidade de mobilidade para
o trabalho revelada em Pernambuco, tomando por base o número de pessoas que
trabalham fora do município de residência. Neste estado esta variável indicou
16,4%, o segundo maior valor para o Brasil, menor apenas que no Rio de Janeiro,
17,1%, e superando São Paulo, 15,1%. Esta variável deve fornecer uma informação
mais acurada quando tomada para regiões metropolitanas, mas já sugere quão
grave deve ser a situação do transporte urbano em Pernambuco já que neste
estado mal existe metrô e o uso de sistemas integrados é ainda rudimentar.
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