terça-feira, 1 de maio de 2012

Algumas notas sobre o Censo 2010

Por: Fernando Dias
Os primeiros resultados da Amostra do Censo 2010 começaram a ser publicados e com base neles será possível avaliar diversos aspectos da evolução dos indicadores sócio-econômicos para o Brasil e, particularmente, paras as Regiões Norte e Nordeste nos últimos 10 anos. O particular interesse nestas Regiões se dá pelo período coincidir com a consolidação de amplas políticas sociais que se focalizaram nas mesmas, bem como pelos grandes investimentos públicos realizados que já devem começar a efeito multiplicador.

Observando apenas algumas das tabulações liberadas, sem aprofundar a análise, alguns resultados chamam a atenção. O principal deles é que, em linhas gerais, não houve mudança relativa em termos dos indicadores sócio-econômicos. Ou seja, o Sudeste continua a Região mais rica e de melhores indicadores sociais, e o Norte e Nordeste disputam os últimos lugares em praticamente todos eles. Entre as Unidades da Federação o Distrito Federal ainda apresenta indicadores fora da curva, seguido por São Paulo, enquanto o Maranhão e Alagoas disputam ferrenhamente os últimos lugares. Em termos relativos, porém, os indicadores melhoraram no Norte e Nordeste que nas demais Regiões, mas ainda não o bastante.

O rendimento médio domiciliar, que é um dos indicadores básicos, no ano de 2010 registrou para o Nordeste um valor de 64% da média nacional enquanto para o Norte ele foi de 80%. No estado de melhor resultado para esta variável no Nordeste (RN, com 73%) o resultado é pouco superior ao de pior resultado no Norte (PA, com 71%). O Distrito Federal e São Paulo lideram o ranking com, respectivamente, 231% e 131%.

Diretamente relacionada com o nível de renda está à questão da escolaridade, e o Nordeste é de novo destaque negativo com 59% da população sem instrução ou apenas fundamental incompleto. Em todo o país apenas o estado do Pará tem índice similar. Novamente Alagoas lidera este ranking negativo, com 64% de analfabetos ou pessoas sem fundamental completo, seguido pelo Maranhão, com 63% nesta situação. Nenhum estado do Nordeste teve resultado melhor que média nacional, o mesmo quando se analisa o número de pessoas com nível superior.

Outro resultado que enseja preocupação é a taxa de ocupação, que em 2010 atingiu no Nordeste os níveis do Brasil em 2000. A título de comparação, em 2010 a taxa de ocupação no Nordeste era de 47% enquanto no Brasil já era de 53% e no Norte de 49%. Em nenhum estado do Nordeste a taxa de ocupação é próxima da média nacional, enquanto em todos do Sul, Sudeste e Centro-Oeste ela é maior (exceto no Rio de Janeiro, 51%). Ao que parece, existe ainda um contingente considerável de desocupados no Nordeste.

Por fim, outro resultado que chama atenção é grande necessidade de mobilidade para o trabalho revelada em Pernambuco, tomando por base o número de pessoas que trabalham fora do município de residência. Neste estado esta variável indicou 16,4%, o segundo maior valor para o Brasil, menor apenas que no Rio de Janeiro, 17,1%, e superando São Paulo, 15,1%. Esta variável deve fornecer uma informação mais acurada quando tomada para regiões metropolitanas, mas já sugere quão grave deve ser a situação do transporte urbano em Pernambuco já que neste estado mal existe metrô e o uso de sistemas integrados é ainda rudimentar.

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