desenvolvimento...que desenvolvimento? ou a burocracia e a bunda sentada nos projetos
O desenvolvimento econômico do Rio Grande do Norte (?) depende também da
estrutura do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do
RN (Idema).
A relação pode parecer improvável à primeira vista, mas a
realização de projetos importantes nas mais variadas áreas, como a de
energia e construção civil, depende da celeridade do trâmite de
licenciamento ambiental. Hoje, esse é um dos calos do Estado.
Com uma
estrutura de técnicos deficiente, o Idema tem problemas para encaminhar a
análise de projetos mais complexos. Alguns esperam anos na fila.
Segundo o diretor-geral do Idema, Gustavo Szilagyi, há projetos - de
alta complexidade - cujo trâmite demora entre "três e quatro" anos no
órgão ambiental, causando insatisfação por parte dos empresários.
"Os
processos mais complexos, que necessitam de EIA/RIMA, precisam de uma
equipe multidisciplinar. Não é somente um arquiteto e um engenheiro, mas
também um geólogo, um geógrafo, um biólogo, etc. Há processos parados
há quatro ou cinco anos. O mercado empresarial fica, com toda a razão,
insatisfeito com o Idema", explica Gustavo, acrescentando que os
processos de baixa e média complexidade são analisados em tempo hábil. O
prazo para os processos simplificados é de 60 dias, enquanto que os de
EIA/RIMA "pelo menos 180 dias".
Aldair DantasFalta de estrutura no órgão trava análise de projetos no estado e acende sinal de alerta às vésperas da Copa do Mundo
O
Idema tem hoje 126 servidores de carreira, além de cerca de 90 técnicos
contratados por convênio. A necessidade de concurso público - "inédito"
na história do órgão - é iminente. "Nós temos a perspectiva de
conseguir realizar um concurso público, a esperança de realizar ainda
esse ano. Se não fizer, mas deixar tudo pronto para fazer o concurso
público no início do ano que vem na pior das hipóteses. Visto a alta
demanda do órgão e principalmente o fato da gente estar aí às beiras de
um dos maiores eventos do mundo, que é a Copa do Mundo", complementa.
Órgão sofre com demanda alta e equipe reduzida
Algumas
áreas enfrentam mais "congestionamento" do que outras no Instituto de
Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN (Idema). Para a
construção civil, há dois servidores de carreira, um engenheiro e um
arquiteto, e uma pauta de cinco mil processos.
[126 efetivos + 90 contratados = 216 servidores e apenas dois para a área de construção civil?]
O presidente do
Sindicato da Construção Civil, Arnaldo Gaspar, confirma as dificuldades
para o setor produtivo. "Tanto o poder público quanto a iniciativa
privada enfrentam problemas com a demora no licenciamento", diz Arnaldo,
acrescentando que não há como gerar riqueza e empregos sem
investimentos. "A demora, a falta de estrutura dos órgãos ambientais,
trava o investimento. Isso precisa ser resolvido", aponta.
Outra
área de grande demanda, potencializada recentemente, é o de energias
renováveis, principalmente energia eólica. Há um grupo destacado somente
para atender a demanda de energia eólica. Apesar das deficiências de
pessoal, a maioria dos projetos são analisados. "O prazo, que é de 60
dias, nós temos cumprido na maioria dos projetos", aponta o diretor do
Idema.
Ex-secretário estadual de Energia e atual presidente do
Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (CERNE), Jean Paul
Prates diz que no setor de energia eólica não há muitos problemas. "Há
casos isolados, mas esse setor tem características próprias, pela
exploração ser recente e de áreas que até pouco tempo não tinham
atividade. Tanto os órgãos ambientais quanto as empresas ainda estão se
adaptando", avalia.
Conveniados dão suporte em vistorias
A
solução para conviver com a falta de servidores de carreira no Idema
foi a contratação de técnicos de fora através de convênio. Embora o
expediente se assemelhe a uma terceirização, o diretor do Idema afasta a
possibilidade. "Fiscalizar e licenciar são atividades que o poder
público não pode transferir para ninguém. Não há terceirização, mas uma
parceria com instituições científicas", diz Gustavo Szilagyi.
São
cerca de 90 os técnicos conveniados com o Idema, em sua maioria
bolsistas de cursos de pós-graduação. Eles vão a campo e vistoriam os
empreendimentos, mas a assinatura final é feita em parceria com um
técnico de carreira. "Os técnicos conveniados auxiliam na coleta de
dados e na análise e são coordenados por servidores de carreira. Esses
servidores assinam os pareceres em parceria com o pessoal conveniado",
explica Gustavo. Mesmo com a contratação, o número é insuficiente.
"Precisamos de 300 servidores de carreira no Idema para dar conta da
atual demanda", calcula.
[seria importante o órgão apresentar o dimensionamento dos servidores...o que fazem? setores que atendem/atuam?]
Segundo o procurador geral do Estado,
Miguel Josino, a "terceirização" operada pelo Idema não é ilegal. "Já
existe um entendimento do Tribunal de Contas do Estado dizendo que não
ilegalidade nessa contratação. Até porque o convênio sempre é feito com
fundações públicas. É uma parceria entre instituições públicas e não com
um parceiro privado", esclarece Miguel Josino.
Para o
procurador, a necessidade de concurso no Idema é iminente. "Não dá para
esconder que o Idema tem um problema de falta de pessoal. Os convênios
para contratar técnicos são resultado disso. É preciso fazer concurso
para ter servidores de carreira analisando os processos da área
ambiental", encerra.
RECURSOS
Os
recursos do Idema têm como fonte principal as taxas de licenciamento,
principalmente para licenciamento de poços de petróleo da Petrobras, que
são a principal fonte de dinheiro do órgão. "As licenças têm a duração
de dois anos. Então, o Idema vive essa balança. Ano passado foram
renovadas, então foi um ano bom. Já esse ano o Idema está com o pires na
mão. Há cada dois anos há um boom de arrecadação", analisa Gustavo
Szilagyi. Mesmo com o aporte vindo do licenciamento dos parques eólicos,
a situação não mudou. Para esse setor, o custo com o licenciamento -
para o empreendedor - varia de R$ 416 e a R$ 15 mil.
Bate-papo
Gustavo Szilagyi, Diretor-geral do Idema
Como está estruturado hoje o Setor de Licenciamento do Idema?
O
Idema hoje tem um grande problema de falta de pessoal. Nós temos, e
isso a gente já vem colocando desde que assumimos o órgão em 11 de
novembro do ano passado, que nós temos a perspectiva de conseguir
realizar um concurso público, nós temos a esperança de realizar ainda
esse ano. Se não fizer, mas deixar tudo pronto para fazer o concurso
público no início do ano que vem na pior das hipóteses. Visto a alta
demanda do órgão e principalmente o fato da gente estar aí às beiras de
um dos maiores eventos do mundo, que é a Copa do Mundo.
Quando foi o último concurso?
O
Idema nunca fez concurso. Desde a Constituição de 88, não há seleção
para servidores de carreira. Por isso, o concurso é necessário. Por
conta da Copa do Mundo, há vários empreendimentos querendo se instalar
no Estado e falta gente para analisar todos os pedidos de licenciamento.
São empreendimentos tanto no ramo imobiliário quanto da construção
civil. Esses empreendimentos precisam passar pelo licenciamento
ambiental. E o Idema precisa se aparelhar para dar uma pronta resposta a
esses pedidos.
Como o Idema tenta suprir essa falta?
Realizando
convênios. Temos convênios com instituições científicas, de ensino, que
permite a contratação de bolsistas de pós-graduação para analisar esses
processos e dar mais celeridade ao órgão ambiental. Temos conseguido
dar uma resposta aos processos de pequena e média complexidade, mas
ainda há problemas com os processos de alta complexidade, que carecem de
técnicos em nível suficiente.
Que dificuldades são essas?
Os
processos mais complexos, que necessitam de EIA/RIMA, precisam de uma
equipe multidisciplinar. Não é somente um arquiteto e um engenheiro, mas
também um geólogo, um geógrafo, um biólogo, etc. Há processos parados
há quatro ou cinco anos. O mercado empresarial fica, com toda a razão,
insatisfeito com o Idema.
Os projetos do poder público têm prioridade?
Veja
bem. São obras feitas com recursos públicos, para resolver problemas
que interessam à sociedade inteira, então com certeza esses projetos são
tratados com uma certa prioridade. Há um forte interesse público, então
não há como fugir disso.
Tribuna do norte
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