segunda-feira, 4 de junho de 2012

A instabilidade econômica mundial a partir de 1970.


por PAULO ROGÉRIO DE OLIVEIRA FERNANDES - trecho da monografia: "INFORMALIDADE VERSUS OPORTUNIDADE DE TRABALHO: ANÁLISE DO PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS MOTOTAXISTAS DA CIDADE DE PAU DOS FERROS/RN"

A partir da década de 1960 e início da década de 1970 o capitalismo começa a mostrar sinais de enfraquecimento. O fenômeno da estagnação econômica com altas dos preços se tornava uma realidade indesejada e a crise do petróleo intensificou o aumento das taxas de juros dos mercados financeiros e uma crescente instabilidade financeira, tudo isso revelava que a antiga ordem econômica mundial não tinha capacidade de resolver os graves problemas que surgiam para as principais economias do mundo, como: queda do PIB, do nível de emprego e do investimento, principalmente nos países com maior nível de industrialização. (FARAH JÚNIOR, 2000, p. 47).

            No início dos anos 70, após um período de mais de 25 anos de crescimento conforme nos mostra Filgueiras (1997, p. 903):

 

Iniciou-se uma profunda crise nas economias dos países capitalistas centrais, que se expressou, sobretudo, na aceleração das taxas de inflação, na redução da produtividade e dos níveis de crescimento, na elevação dos déficits públicos e no aumento do desemprego. Era o esgotamento de um padrão de desenvolvimento capitalista, que surgiu na indústria automobilística nos EUA e se expandiu, no pós-guerra, para a Europa, qual seja: o fordismo.

 

             Tal crise embora de dimensão planetária tendo impactado as principais economias do mundo já era sinalizada nos anos de 1960 com a perda de dinamismo e endividamento da economia norte-americana, vindo a culminar nos anos de 1970 com o choque do petróleo. (BORGES, 1996). A partir de então estava instaurada uma nova crise do capitalismo mundial, uma vez que o modo de produção capitalista vigente na época se baseava no modelo fordista1 e o mesmo já não conseguia manter a produtividade em níveis semelhantes aos do início do seu surgimento. (PERES, 2004, p. 3 apud ALEXANDRE, 2007, p. 20).

            Na visão de Farah Júnior (2000, p. 48) “os sintomas da crise do capitalismo na década de 1970 representavam uma ruptura com o modelo econômico anterior”, ele acrescenta que:

 

As empresas das economias ocidentais, na década de 70, passam a ter o quadro econômico agravado pela queda na demanda por produtos industrializados, aumentando o excesso de capacidade ociosa e o custo fixo. Como opção a esses fenômenos, buscam maior racionalização dos investimentos, diminuem o número de funcionários, resultando no aumento do nível de desemprego, que já não era baixo, quando comparado com os períodos anteriores em que ocorreu maior crescimento econômico. (2000, p. 48).

 

             Desta forma, durante a década de 1970 e início dos anos de 1980, as principais economias industrializadas do mundo revelam-se incapazes de superar a crise econômica, de ordem estrutural, ao afetar negativamente o ritmo de produção, com queda do PIB e da renda dos trabalhadores. Por outro lado, a crise manifesta-se na queda de produtividade e de rentabilidade e na ausência de um pacote de inovações tecnológicas nos setores considerados mais dinâmicos da economia industrial ocidental, a saber: complexo metalmecânico, material de transporte, automotiva e eletroeletrônico, que pudessem liderar um novo processo de crescimento. (FARAH JÚNIOR, 2000, p. 48). Assim a crise instaurada demonstrou que o Fordismo era um sistema rígido que não conseguia dar respostas rápidas para superar os obstáculos que se apresentavam naquele novo contexto.

 

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1 Desenvolvido pelo norte-americano Henry Ford, baseava-se na produção em massa das mercadorias para atender a um potencial consumo de massas. Buscava reduzir os custos de produção e o preço de venda dos produtos. O mecanismo utilizado para o funcionamento do processo de produção era a linha de montagem automática que permitia aos operários, colocados um ao lado do outro e em frente a uma esteira rolante, realizar o trabalho que lhes cabia, ligando as tarefas individuais sucessivas. (ARRUDA, 1997, p. 108 apud ALEXANDRE, 2007, p.19). Para Antunes (2001, p. 37 apud Alexandre, 2007, p. 19) o fordismo utilizava mecanismo que proporcionava aos capitalistas o poder sobre a força do trabalho, suprimindo a dimensão intelectual do trabalho operário onde este se reduzia a uma ação simplesmente mecânica.

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