por PAULO ROGÉRIO DE OLIVEIRA FERNANDES - trecho da monografia: "INFORMALIDADE VERSUS OPORTUNIDADE DE TRABALHO: ANÁLISE DO PERFIL SOCIOECONÔMICO
DOS MOTOTAXISTAS DA CIDADE DE PAU DOS FERROS/RN"
A partir da
década de 1960 e início da década de 1970 o capitalismo começa a mostrar sinais
de enfraquecimento. O fenômeno da estagnação econômica com altas dos preços se
tornava uma realidade indesejada e a crise do petróleo intensificou o aumento
das taxas de juros dos mercados financeiros e uma crescente instabilidade financeira,
tudo isso revelava que a antiga ordem econômica mundial não tinha capacidade de
resolver os graves problemas que surgiam para as principais economias do mundo,
como: queda do PIB, do nível de emprego e do investimento, principalmente nos
países com maior nível de industrialização. (FARAH JÚNIOR, 2000, p. 47).
No início dos anos 70, após um
período de mais de 25 anos de crescimento conforme nos mostra Filgueiras (1997,
p. 903):
Iniciou-se uma profunda crise nas economias dos países
capitalistas centrais, que se expressou, sobretudo, na aceleração das taxas de
inflação, na redução da produtividade e dos níveis de crescimento, na elevação
dos déficits públicos e no aumento do desemprego. Era o esgotamento de um
padrão de desenvolvimento capitalista, que surgiu na indústria automobilística
nos EUA e se expandiu, no pós-guerra, para a Europa, qual seja: o fordismo.
Tal
crise embora de dimensão planetária tendo impactado as principais economias do
mundo já era sinalizada nos anos de 1960 com a perda de dinamismo e
endividamento da economia norte-americana, vindo a culminar nos anos de 1970
com o choque do petróleo. (BORGES, 1996). A partir de então estava instaurada uma
nova crise do capitalismo mundial, uma vez que o modo de produção capitalista
vigente na época se baseava no modelo fordista1 e o mesmo já não conseguia manter a
produtividade em níveis semelhantes aos do início do seu surgimento. (PERES,
2004, p. 3 apud ALEXANDRE, 2007, p.
20).
Na visão de Farah Júnior (2000, p.
48) “os sintomas da crise do capitalismo na década de 1970 representavam uma
ruptura com o modelo econômico anterior”, ele acrescenta que:
As empresas das economias ocidentais, na década de 70,
passam a ter o quadro econômico agravado pela queda na demanda por produtos industrializados,
aumentando o excesso de capacidade ociosa e o custo fixo. Como opção a esses fenômenos,
buscam maior racionalização dos investimentos, diminuem o número de funcionários,
resultando no aumento do nível de desemprego, que já não era baixo, quando comparado
com os períodos anteriores em que ocorreu maior crescimento econômico. (2000,
p. 48).
Desta forma, durante a década de 1970
e início dos anos de 1980, as principais economias industrializadas do mundo revelam-se
incapazes de superar a crise econômica, de ordem estrutural, ao afetar negativamente
o ritmo de produção, com queda do PIB e da renda dos trabalhadores. Por outro lado,
a crise manifesta-se na queda de produtividade e de rentabilidade e na ausência
de um pacote de inovações tecnológicas nos setores considerados mais dinâmicos
da economia industrial ocidental, a saber: complexo metalmecânico, material de
transporte, automotiva e eletroeletrônico, que pudessem liderar um novo processo
de crescimento. (FARAH JÚNIOR, 2000, p. 48). Assim a crise instaurada
demonstrou que o Fordismo era um sistema rígido que não conseguia dar respostas
rápidas para superar os obstáculos que se apresentavam naquele novo contexto.
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1
Desenvolvido pelo norte-americano
Henry Ford, baseava-se na produção em massa das mercadorias para atender a um
potencial consumo de massas. Buscava reduzir os custos de produção e o preço de
venda dos produtos. O mecanismo utilizado para o funcionamento do processo de
produção era a linha de montagem automática que permitia aos operários,
colocados um ao lado do outro e em frente a uma esteira rolante, realizar o
trabalho que lhes cabia, ligando as tarefas individuais sucessivas. (ARRUDA,
1997, p. 108 apud ALEXANDRE, 2007,
p.19). Para Antunes (2001, p. 37 apud
Alexandre, 2007, p. 19) o fordismo utilizava mecanismo que proporcionava aos
capitalistas o poder sobre a força do trabalho, suprimindo a dimensão
intelectual do trabalho operário onde este se reduzia a uma ação simplesmente
mecânica.
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