A ciência econômica é uma ciência social. E como tal, não possui regras e leis fixas como nas ciências naturais. Isso permite que diversas correntes de pensamento permeiem a academia econômica, e essas estão em constante transformação.
Existem diversas escolas econômicas, entre elas podemos citar: clássicos, neoclássicos, novos-clássicos, keynesianos, novos-keynesianos, pós-keynesianos, monetaristas entre outros.
Mas assim como existem correntes que divergem radicalmente entre si, existem aquelas que convergem em inúmeros conceitos, diferenciando-se em um ou outro aspecto. De maneira geral, é comum observarmos uma separação ideológica simples, ortodoxos e heterodoxos.
No dicionário, ortodoxia são as doutrinas primeiras, as ditas verdadeiras. Compreende todos os pensadores clássicos e neoclássicos da escola econômica. Defendem, entre outras coisas, a neutralidade da moeda e a tendência natural ao equilíbrio econômico em pleno emprego. Existe uma força que ajusta o mercado de forma livre, sem a necessidade de pressões externas. A Teoria do Equilíbrio Geral é um dos pilares da ideologia, segundo a qual o livre funcionamento do mercado, com a flexibilidade de preços e de fatores de produção leva ao ponto de eficiência máxima.
A Lei de Say é um elemento importante da teoria ortodoxa, segundo esta, toda oferta adicional gera uma demanda adicional. Isso salienta o papel do investimento no mercado, em voga, elementos como custos de produção e utilização eficiente dos fatores.
Na política, entra em cena o neoliberalismo, que entre outras coisas defendem um mercado livre e com a presença mínima do Estado, além da livre concorrência em esfera nacional e internacional.
As características ortodoxas ficam bem evidentes quando se trata de mecanismo de política econômica. Acreditam que para uma nação crescer é necessário acabar com a inflação e assim possibilitar o crescimento econômico. A inflação deve ser controlada através de políticas fiscais e monetárias contracionistas, o governo deve reduzir os gastos para controlar a demanda global. Tais políticas, todavia, podem trazer conseqüências recessivas, e nem sempre controlar de fato a inflação.
Em uma nova pesquisa ao dicionário, heterodoxia são as doutrinas seguintes, aquelas que estão em desacordo com a ortodoxia. Esse pensamento heterodoxo construiu-se desde os debates e críticas internas do pensamento neoclássico,com Sraffa, por exemplo. Dali em diante, surgiram pensadores como Joan Robinson, Kalecki e atingindo o seu auge com J.M.Keynes.
A idéia é que o sistema não tende ao equilíbrio de maneira espontânea, quando ocorre é temporário e às vezes imperceptível. Alguns autores negam os pressupostos neoclássicos, outros ainda tentam encontrar soluções usando os ceteris paribus ortodoxo. Exaltam o papel das instituições, o Estado, como agente regulador e capaz de promover o crescimento econômico.
O Estado deve se preocupar em fazer crescer a economia, e por conseqüência, a inflação será controlada. As medidas relacionadas ao controle da inflação, estão presentes na regulação de preços, salários, contratos e câmbio. O governo pode estimular o crescimento através do aumento dos gastos públicos, que não sejam financiados pelo aumento dos impostos. Uma política que costuma trazer um agravamento dos índices de inflação.
Nas ultimas décadas, entrou em cena um grupo denominado Estruturalistas. Esse grupo acredita que o Estado tem papel importante na economia, além do social. No entanto, o objetivo deixa de ser apenas o crescimento econômico, mas também o desenvolvimento. As idéias são voltadas para os países considerados subdesenvolvidos – principalmente América Latina.
Utilizando um parágrafo de Gustavo dos Santos:
Para um economista ortodoxo: “A Ciência Econômica é o estudo da administração dos recursos escassos”. Para um economista Keynesiano: “A ciência econômica é o estudo da administração da política do Estado do ponto de vista de seus condicionantes, objetivos e implicações”.
O fato é que ao tentar diferenciar autores ortodoxos e heterodoxos no que tange ao pensamento teórico, encontramos certa facilidade. No entanto, essas idéias não ficam bem diferenciáveis quando passamos para a esfera política – vide a historia do Brasil na década de 80.
Academia econômica
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