Sequeiro potiguar tem uma das piores safras do país
O RN registra uma produção agrícola considerada uma grande catástrofe. Foto: Eduardo Maia/DN/D.A Press
A
perda foi quase total. Consolidando os péssimos resultados de abril, a
produção nas lavouras do Rio Grande do Norte desabou em comparação com o
ano passado. A seca que assola todo o Nordeste gerou quedas superiores
a 90% no feijão, milho e sorgo do estado, que em percentual teve os
piores índices do Brasil nos três produtos. O algodão também acumulou
uma baixa forte de 85%. A realidade está exposta tanto no Levantamento
Sistemático da Produção Agrícola, do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), quanto no 9º Levantamento da safra brasileira de
grãos da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), ambos divulgados
ontem.
Os maus resultados para as lavouras de curta duração, na
qual estão inseridas as culturas de sequeiro, devem se manter até o fim
do ano de acordo com a expectativa do IBGE. "Foi praticamente uma
catástrofe", mensura o supervisor de Estatística Agropecuária do
instituto, Élder Oliveira Costa. O produto mais afetado, segundo o
levantamente do IBGE, foi o milho. A produção de 47.925 toneladas de
maio de 2011 caiu para 3.386 toneladas, uma queda de 92,93%. Foram
plantados e colhidos apenas 7.202 hectares do grão, contra mais de 72
mil hectares no mesmo período do ano passado. "O milho do RN tem a pior
estimativa de perda do país", acrescenta o chefe do instituto no estado,
Aldemir Freire.
Na primeira safra do feijão, que costuma ser a
mais produtiva do ano no estado, a produção desabou de 32.423 toneladas
para 3.098 toneladas, com 90,45% de baixa. Foram plantados e colhidos
7.256 hectares, enquanto em 2011 esse número chegou a mais de 66 mil
hectares tanto no plantio quanto na colheita. O sorgo teve produção de
1.697 toneladas e queda de 91,8% em relação ao ano passado. Outras
culturas com perdas produtivas foram o algodão herbáceo (-85,6%), o
arroz (-38,24%), a segunda safra de feijão (-23,72) e o tomate (-19,4%),
Panorama geral
Quando
analisada toda a produção de grãos, a Conab constatou no levantamento
um aumento da produção em 24% quando comparada ao mês de abril. "Isso,
devido à identificação e a respectiva inclusão das áreas irrigadas de
algodão (110 hectares cultivados pela empresa Finobrasa Agroindustrial
S/A, no município de Ipanguaçu), feijão e milho (plantados na região
Litoral Leste) que projetam produtividades acima da média das demais
culturas de sequeiros", diz a análise enviada ao Diário de Natal.
Devido
às condições climáticas desfavoráveis, a Conab informa que foram
plantadas de 15% a 25% das tradicionais áreas das regiões Oeste, Central
e parte do Agreste Potiguar. "Mesmo assim, em virtude do prolongamento
das estiagens, essas áreas tiveram perdas na produtividade em mais de
70%", esclarece a companhia. A região Litoral Leste e parte do Agreste,
que englobam 36 municípios, as chuvas caíram com mais intensidade, porém
ficaram abaixo dos índices normais de chuvas que caem nas cidades
produtoras.
A área plantada contemplada no levantamento está
estimada em 19.775 hectares, 87,4% inferior ao plantio da safra de 2011.
A respectiva produção está avaliada em 11.056 toneladas, significando
uma queda 89,8% na comparação com a produção do ano passado. A Conab
prevê poucas alterações no resultado, o que deve ocorrer nos municípios
da região Litoral Leste, cujo período de chuvas se estende até junho. A
previsão é para toda a safra de grãos (algodão em caroço, arroz, feijão,
girassol, mamona, milho e sorgo).
Diário de natal
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