sexta-feira, 10 de agosto de 2012

democracia desrespeitada

As eleições deveriam ser uma festa da democracia com a disputa para a definição da participação da sociedade nas decisões futuras da comunidade, município, estado ou país. É o período em que as forças políticas mostram para a sociedade (os eleitores) as propostas, as personalidades e os programas para que no dia do pleito as pessoas possam escolher o que será melhor. Notadamente nas eleições que ocorrerão no próximo 07 de outubro, nas quais serão escolhidos os vereadores e os prefeitos para os próximos quatro anos, os eleitores terão oportunidade de analisar de forma muito mais detida, apurada e com mais precisão porque tratam-se de indivíduos que são conhecidos na cidade e que teoricamente as pessoas as conhecem, muitas vezes, pessoalmente.
Mas, na grande maioria das vezes até mesmo em uma eleição municipal existe a grande possibilidade do eleitor ser ludibriado com promessas que não poderão ser cumpridas, com passados não revelados de políticos que estão em disputas eleitorais, com manipulação de dados e informações por parte do poder público, inclusive com a dominação ou a conivência de grande parte da imprensa, entre muitas outras formas sutis do poder vigente dominar a população. Em muitos casos, informações relevantes não são repassadas para o povo, destinação de gastos não é revelada e quem deveria fiscalizar é conivente ou é beneficiário de desvios e de má gestão.
Nas eleições, muitos candidatos se vestem de máscara e apresenta algo que não existe, o eleitor vota em um candidato, pensando nas ideais de um candidato, mas quando este é eleito ele se transforma, tira a máscara  e passa a exercer o seu mandato com a sua verdadeira cara, muitas vezes desprovida de ética, respeito e caráter. O eleitor não questiona e nem interpela candidatos, principalmente os majoritários em disputa de reeleição quanto a algo concreto que contradiz ao que os órgãos públicos dizem a respeito da administração. A contestação dos eleitos é ainda mais difícil de ocorrer. Assim, os políticos aparecem no período eleitoral fantasiados de bons mocinhos e que serão a salvação de todos caso vote neles, mas os resultados quase sempre são diferentes do que se promete.
É verdade que existem aquelas pessoas que, de fato, desejam fazer o melhor para a sociedade, mas na maioria das vezes essas pessoas são desprovidas de recursos suficientes para ganhar uma eleição. Uma eleição custa muito caro e somente com estratégia bastante forte e bem organizada se consegue obter êxito, mas ter recursos financeiros é fundamental. Infelizmente, pessoas que poderiam ser importantes para o povo exercendo um mandato eletivo público são aleijadas nos processos eleitorais por pessoas que muitas vezes não possuem os mesmos propósitos, mas possuem dinheiro, próprio ou de terceiro, para gastar e, assim, ganhar a eleição.
A democracia tem que ser plena, não uma meia democracia. O povo tem que efetivamente participar com suas críticas efetivas e desassombrado de qualquer fantasma de poder que muitas vezes deixa as pessoas sem ação quando observam algum tipo de algo errado. As pessoas não podem ser manipuladas, devem ser agentes transformadores. Ninguém é dono de ninguém, todos devem ter autonomia para decidir como lhe convier, desde que essa decisão não prejudique ninguém. Esse princípio deveria ser seguido em todas as partes e em todos os lugares de nosso país, seja no período eleitoral ou não.
 
por Francisco Castro

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