Cartilhas dão dicas de como votar
Paulo Victor Chagas
Do Contas Abertas
As
eleições municipais deste ano ocorrerão no dia 7 de outubro. Restam,
portanto, apenas um mês e sete dias para que os eleitores das mais de
5,5 mil cidades brasileiras elejam prefeitos e vereadores. Na semana
passada começaram as propagandas eleitorais gratuitas no rádio e na TV, e
é nesse momento que as pessoas começam a se perguntar: “E aí, você já
sabe em quem vai votar?”.
O diretor-geral do
Movimento Voto Consciente, Danilo Barboza, afirma que estudar bem o
candidato antes de votar evita más consequências para a sociedade. “O
voto consciente possibilita que tenhamos melhores legisladores e
executivos, e, por consequência, leis mais relevantes e a melhor
administração institucional, proporcionando ganhos para todos”.
Segundo Barboza, apesar
de a lei da Ficha Limpa considerar inelegíveis os candidatos condenados
em órgãos colegiados, seria importante que os eleitores analisassem a
situação dos políticos. “Como são muitos candidatos, a nossa opinião é
que se algum possuir problemas na Justiça, o eleitor deve escolher um
dos outros que não tenha”, aconselha.
De acordo com a cartilha
Campanha Eleições Limpas, para que o eleitor vote consciente, ele deve
conhecer a história dos candidatos. A publicação propõe um roteiro de
perguntas que o cidadão pode se fazer para observar a conduta de quem
pretende entrar na carreira política: “Que participação teve na vida
social e política da comunidade, na vida municipal, estadual ou
nacional? Que tipo de compromissos assumiu como cidadão e político? Quem
nada fez até hoje pelos leitores, com toda probabilidade, vai continuar
a não fazer, mesmo sendo eleito”.
Uma das recomendações
para que os cidadãos acompanhem as propostas de quem almeja cargos
públicos é verificar o que é divulgado sobre eles nos meios de
comunicação e folhetos distribuídos. “Convém ficar atento, ler e ouvir
as informações, discutir o assunto com amigos e conhecidos, comparar os
discursos dos candidatos, pensar no que eles dizem e no que dizem
deles”, sugere a cartilha.
Segundo as dicas, também é
importante conhecer os programas de governo que pretendem executar
durante os mandatos. “Procure conhecer o programa do seu candidato antes
de definir o seu voto. Ele deve responder às necessidades da
sociedade.”
Danilo Barboza explica
que as eleições para vereadores são proporcionais, e que por isso os
votos para um candidato acabam sendo contabilizados na sua coligação e
podem beneficiar outras pessoas. “A votação flui do que recebeu mais
votos para o que recebeu menos. Então você com certeza vai eleger alguém
em quem você não votou”. Para evitar isso, Barboza sugere que os
eleitores examinem a situação dos outros candidatos da coligação.
A cartilha adverte para
essa possibilidade da democracia ser exercida mesmo que o candidato não
tenha condições estatísticas de vencer. “As eleições não são um jogo em
que só vale vencer. Não adianta nada votar num candidato favorito se
você não for capaz de confiar verdadeiramente em suas intenções. É
melhor dar o voto a quem a consciência indique ser o melhor candidato,
mesmo que as suas chances de vitória pareçam limitadas”.
Quanto à possibilidade de
haver poucas opções, tendo em vista os maus exemplos de políticos, e os
eleitores serem obrigados a escolher a “menos pior”, a publicação
recomenda que “ser cidadão implica participar ativamente, repensando
atitudes e, se necessário, alternando pessoas e partidos no poder”.
Para a diretora do
Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, Jovita José Rosa, o
financiamento da campanha pode ser um bom caminho para analisar o perfil
do candidato. “Se o político já teve outra candidatura, o eleitor pode
pesquisar quem foram os doadores, se ele prestou contas e se essa
prestação foi aprovada. Isso demonstra que ele tem zelo”.
Jovita Rosa também
acredita que os eleitores que vendem votos também são responsáveis. “O
eleitor que vende voto também é corrupto. Além disso, se o candidato
comprou e pagou, não deve mais nada. Ou seja, uma vez que a gente vende o
voto, perde até o direito de reclamar”, avalia.
Votos nulos e brancos
Outra cartilha que busca
dar dicas aos eleitores sobre como proceder durante as eleições é a
“Voto Responsável – Eleições no Brasil”. Produzida pelo Instituto Ágora
em Defesa do Eleitor e da Democracia, o documento procura desestimular a
prática dos votos brancos e nulos.
“Votar em branco não faz
diferença nas eleições. Esses votos não são considerados válidos na
contagem final. São simplesmente descartados. É o mesmo destino dos
votos anulados”. De acordo com os autores da cartilha, tomar essa
decisão significa o mesmo que não votar, e a escolha dos candidatos
acaba ficando nas mãos dos que preferiram votar.
“Vale ressaltar também
que, para o primeiro turno das eleições, quem decide votar em branco ou
nulo pode acabar contribuindo, mesmo que indiretamente, com o candidato
melhor colocado na disputa”, aconselha a cartilha.
A cartilha também apresenta um roteiro para que o eleitor avalie o seu candidato. O bom político, normalmente, é aquele que:
- Tem uma história de luta pelos direitos daqueles que o elegeram;
- Cumpriu até o fim os mandatos para os quais foi eleito;
- Apresentou ou aprovou projetos que atendam aos interesses do eleitor;
- Que não muda de partido ou de opinião;
- Não falta a atividades em que sua presença é importante;
- Manteve contato com seus eleitores, mesmo depois de eleito. (Se não exerceu um cargo eletivo)
- Já exerceu alguma atividade política (associações de bairro, grêmios estudantis, conselho municipais etc.)
- Tem experiências relacionadas ao cargo que irá exercer;
- Possui conhecimento das leis sobre os temas que irá tratar;
- Tem sua candidatura apoiada por pessoas honestas e de confiança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário