sábado, 25 de agosto de 2012

Onde está o capital?

Publicado por Renato Perim

A alta elite econômica (alçada a essa condição por qualquer meio, inclusive por rent seeking via atividade política) é notória historicamente por sua habilidade de se reproduzir em meio à alta desigualdade – ou melhor, ela é um dos principais determinantes da elevada desigualdade. E atualmente uma de suas qualificações principais é a de contornar as restrições fiscais, cambiais e legais que eventualmente existam em seus países origem, transferindo parte substancial de sua riqueza para safe havens (o verdadeiro céu ou paraíso para poucos) que garantem segredo e proteção contra tributos ou investigações sobre sua origem ilícita. 

Como tais ativos e seus rendimentos não são, em sua maioria, registrados em seus países de origem e seus detentores formam uma pequena elite de super-ricos, a riqueza acumulada nos paraísos fiscais não é computada e subestima as estimativas de desigualdade nacionais – estimativas essas, aliás, que na maior parte se referem à renda do trabalho, não à distribuição funcional da renda entre lucros, juros, salários e outras categorias.

Um novo relatório do Tax Justice Network, divulgado preliminarmente pelo jornal The Observer, mostra a dimensão do estoque de capital transferido dos países em desenvolvimento desde a década de 1970: algo em torno de US$21 trilhões. Não surpreendentemente, o Brasil está entre os maiores perdedores na transferência maciça de riqueza para os paraísos fiscais (US$520 bilhões, aproximadamente 21% do PIB brasileiro). Uma figura descritiva dos maiores perdedores encontra-se aqui, com os dados sintéticos por país aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário