Onde está o capital?
Publicado por Renato Perim
A alta elite econômica (alçada a essa condição por qualquer meio, inclusive por rent seeking via
atividade política) é notória historicamente por sua habilidade de se
reproduzir em meio à alta desigualdade – ou melhor, ela é um dos
principais determinantes da elevada desigualdade. E atualmente uma de
suas qualificações principais é a de contornar as restrições fiscais,
cambiais e legais que eventualmente existam em seus países origem,
transferindo parte substancial de sua riqueza para safe havens (o
verdadeiro céu ou paraíso para poucos) que garantem segredo e proteção
contra tributos ou investigações sobre sua origem ilícita.
Como tais
ativos e seus rendimentos não são, em sua maioria, registrados em seus
países de origem e seus detentores formam uma pequena elite de
super-ricos, a riqueza acumulada nos paraísos fiscais não é computada e
subestima as estimativas de desigualdade nacionais – estimativas essas,
aliás, que na maior parte se referem à renda do trabalho, não à
distribuição funcional da renda entre lucros, juros, salários e outras
categorias.
Um novo relatório do Tax Justice Network, divulgado preliminarmente pelo jornal The Observer,
mostra a dimensão do estoque de capital transferido dos países em
desenvolvimento desde a década de 1970: algo em torno de US$21 trilhões.
Não surpreendentemente, o Brasil está entre os maiores perdedores na
transferência maciça de riqueza para os paraísos fiscais (US$520
bilhões, aproximadamente 21% do PIB brasileiro). Uma figura descritiva
dos maiores perdedores encontra-se aqui, com os dados sintéticos por país aqui.
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